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A inflação assusta



Argemiro Luís Brum
Para o mercado o ponto de referência inflacionário em fevereiro era o índice de 0,43%. Acima disto o governo teria que adotar medidas mais urgentes contra a pressão altista dos preços, provavelmente aceitando a lógica monetarista de retomar o aumento dos juros (Selic) ainda no primeiro semestre (lembramos que no final do ano passado o governo insistia em afirmar que iria manter a Selic em 7,25% durante 2013, enquanto alertávamos que tal postura seria muito difícil diante da pressão inflacionária que se desenvolvia durante grande parte do ano). Abaixo disto, o governo tenderia a correr o risco de não mexer nos juros, apostando numa redução gradual dos preços no transcorrer do ano. Ora, o IPCA, embora em recuo em relação a janeiro, veio em 0,60%, levando o acumulado de 12 meses a 6,31%, contra 6,18% em janeiro e 6,5% que é o teto da meta inflacionária, o qual o governo não deseja ver ultrapassado. E a tendência, pelo menos durante todo o primeiro semestre, é de que tal acumulado continue subindo. Em março, por exemplo, para o mesmo estagnar, haveria a necessidade de o índice IPCA ficar em 0,21%, o que parece ser muito baixo para os atuais padrões nacionais. E o mais grave é que se não fosse o corte nas contas de energia elétrica, antecipado para janeiro, o IPCA de fevereiro teria atingido a 1,08%, acumulando já agora um índice de 6,82% em 12 meses. E falta ainda entrar o efeito do recente aumento dos combustíveis, particularmente a segunda elevação no preço do diesel, que levou o reajuste deste insumo para 10,6% apenas neste ano. Como tem ocorrido nos últimos anos, a reação oficial foi novamente em torno de medidas imediatistas, isentando um maior número de produtos da cesta básica de impostos (na verdade o governo, assim como fez com o corte nos preços da energia elétrica, acabou sendo levado a antecipar tal isenção, premido pelos fatos, a qual estava prevista inicialmente para 01/05). Essa medida, que visa essencialmente reduzir a inflação e não exatamente favorecer ao consumidor, obviamente pode reduzir os preços de tais produtos na ponta final, desde que o comércio realmente repasse a isenção para os preços no varejo. Por outro lado, em isso ocorrendo, pode haver um aumento natural de demanda que arrisca se chocar contra a falta de suficiente oferta interna, obrigando o país a acelerar as importações de alguns destes produtos ou frear suas exportações. Pelo sim ou pelo não, o fato é que o Copom já percebeu a gravidade do problema e deixou em aberto, em sua ata desta reunião de março uma clara alusão a uma retomada no aumento da Selic, já para abril, quando de sua reunião prevista para os dias 16 e 17 do próximo mês.

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