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A carne brasileira


Amado de Olveira Filho

A carne brasileira é considerada como o nosso samba, quem não gosta bom sujeito não é. Trata-se de uma carne majoritariamente produzida a pasto e, por produtores rurais que entendem do negócio. Mesmo a contragosto de poucos que entende estar a pecuária defasada em termos tecnológicos, nossa carne em paladar é tida como a melhor para os Europeus, Russos e por outros tantos países.

            Nos últimos quinze anos o crescimento da pecuária no Brasil é significativo, saímos de um rebanho de pouco mais de 155 milhões de cabeças em 1993 para um rebanho superior a 207 milhões de cabeças em 2007. A região Centro-Oeste lidera as demais regiões em quantidade de cabeças de gado bovino e o Estado de Mato Grosso lidera todos os demais estados também em quantidade, hoje o rebanho bovino mato-grossense gira entorno de 26 milhões de cabeças.

            Internamente, segundo o Instituto Pró-carne, o consumo per-capita de carne bovina é baixo, girando em torno de 36,3 kg/ano na última década, perdendo espaço para o frango, em especial. O aumento do consumo de frango no Brasil se deu em função de campanha realizada fortemente na década de 90 contra o consumo de proteína vermelha. Outro aspecto foi a profissionalização da avicultura brasileira e ainda, as sucessivas crises, onde o frango foi o herói de alguns planos econômicos.

            Diante deste cenário, chamo à discussão alguns aspectos considerando a possibilidade de aumentarmos o nosso índice de abate e proporcionarmos melhoria na oferta de carne para toda a população brasileira. Está claro que tem muita gente desejando consumir carne bovina, porém, não consegue em função da renda familiar que aufere. Assim, é necessário incluir a carne bovina mais fortemente na merenda escolar e nos programas sociais do Governo Federal.

            No mercado externo, sofremos todo tipo de campanhas visando unicamente mostrar ao mundo que não temos qualidade, especialmente, pelos produtores da União Européia de quem tomamos os mercados da Rússia, Egito e Vietnã. Trocando tudo isto em miúdos (bovinos), nossa carne não sofre barreiras de consumidores europeus, porém, de produtores que não conseguem produzir com a nossa competitividade.

            Sobre este tema conversei longamente (em Cuiabá) com o Médico Veterinário Décio Coutinho, Presidente do INDEA, que conhece com precisão as dificuldades impostas por Parlamentares da União Européia junto a OIE – Organização Internacional de Epizootias, com o claro objetivo de demonstrar aos nossos outros importadores que não temos a necessária qualidade. Coisa Feia!

            Segundo Décio Coutinho, alguns países tem como parâmetros tão somente o fato de um determinado país ser exportador de carne bovina para a União Européia, condição para que continuem a importar nossa carne. Ou seja, exportar para a União Européia é condição sine-qua-non para nosso sucesso no mercado internacional de carnes.

            Assim, nós pecuaristas brasileiros devemos de fato fazer com precisão nosso dever de casa quanto à sanidade da nossa carne bovina. Por outro lado, precisamos de melhores resultados das diversas missões internacionais que viajam o mundo, neste caso, é imperativo que sejam do ramo, afinal, não podemos nos ancorar eternamente apenas na capacidade do Dr. Pratini de Moraes. Este sim, um grande embaixador da pecuária bovina brasileira.

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