CI

A Agropecuária e seus reflexos no desemprego


Mario Hamilton Villela

A ocorrência de desprovidos de emprego no País é realmente muito grave e atinge índices alarmantes. Nosso Estado e especialmente a Região da Metade Sul não fogem a regra. As nossa estatísticas mostram que os setores que mais desempregaram especificamente na Metade Sul do Estado foram os bancos, o comércio e a construção civil. É fácil entender essa ocorrência, nessa Região, independente até da conjuntura recessiva vivenciada pelo País.

A economia básica da Região é a agropecuária, quando está vai mal, as cidades que vivem de sua dependência também entram em crise. E os segmentos mais atingidos obviamente são, principalmente, a construção civil e o comércio. Nesses, a flutuação ou a "gangorra" do emprego está diretamente ligada ao sucesso ou insucesso do que ocorre no campo.

O primeiro ( a construção civil ) por empregar, via de regra, uma grande massa de mão - de - obra desqualificada que em sua maioria maciça advém do campo, de uma forma cíclica, isto é, após as safras da lavoura orizícola ou da própria pecuária. Afora essas duas atividades agropastoris - a pecuária ( entenda-se bovino e ovinocultura ) e a lavoura de arroz - o resto quase não tem representatividade econômica no meio rural da Região. As duas, hoje, empregam pouca gente, mesmo nas safras. A orizicultura por se encontrar num estágio altamente tecnificado e totalmente mecanizada, e a pecuária por estar se modernizando acentuadamente. Ambas, reprimem, assim, mão-de-obra sem qualificação.

O comércio por sua vez , emprega um contingente com nível de escolaridade melhor, mas que também, em sua maioria, provém do campo e são filhos de egressos do meio rural que migraram para a cidade em busca de melhores patamares culturais e empregos para suas famílias. Em suma, os dois maiores contingentes de desempregados advém do campo. Esses, mesmo fugindo de suas origens, na busca de novas perspectivas na área urbana, nela sucumbem economicamente pelo fracasso do campo. Se o meio rural dessa Região mudasse um pouco sua fisionomia, colocando à disposição do homem do campo mais escolas especialmente agrotécnicas de segundo grau e diversificasse mais o seu processo produtivo, inclusive, implantando agroindústrias, certamente não haveria tanta fuga do campo e haveria menos "inchaços" nas cidades e muito mais emprego no setor primário. Esse novo cenário reduziria em muito esse quadro desolador do "safrista" do homem da construção civil ou do próprio comerciário.

Eis aí o grande desafio que temos que vencer, mesmo num contexto sócio econômico totalmente anômalo.

A saída para fortalecer o descapitalizado homem do campo, fortificar os dois suportes básicos do segmento agropastoril da Região ( pecuária e orizicultura ) que se encontram em prolongadas crises, provocadas pela falta de política agrícola, falta das urgentes e necessárias reformas constitucionais e sobretudo sem maiores estímulos governamentais, só tem um caminho: a diversificação acoplada com agroindústrias. Assim procedendo, estaremos racionalizando o uso de nosso solo agrícola, utilizando mais e melhor nossas máquinas e implementos agrícolas, usando melhor nossos mananciais de águas superficiais, aumentando nossos ingressos financeiros ao longo do ano agrícola e como coroamento natural de todas essas mudanças, estaremos provocando a geração de mais empregos no campo. Se tivermos a coragem e a competência necessária, para o desencadeamento desses processos de desenvolvimento, estaremos por cento minimizando o caótico quadro do desemprego, inibindo os alarmantes índices de criminalidade, freando o clima de insegurança e proporcionando melhores condições de cidadania a nossa gente.

Para se atingir esse novo padrão tecnológico, devemos ultrapassar os limites do conceito tradicional de produtividade e procurarmos com insistência a busca do conceito moderno de competitividade.

É através das crises que encontraremos soluções para a nossa arrancada rumo a um desenvolvimento mais harmonioso, mais justo, mais próspero, mais solidário e, sobretudo, muito mais humano.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.