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2008: ano internacional da batata


Reginaldo Minaré

No dia 18 de outubro de 2007, na sede das Nações Unidas em Nova York, foi oficialmente lançado o Ano Internacional da Batata. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o Ano Internacional da Batata, que tem previsto um calendário repleto de atividades para 2008, tem como objetivo conscientizar a população da função primordial da batata para a agricultura, economia e segurança alimentar mundial. Com aproximadamente 315 milhões de toneladas colhidas em 2006, mais da metade em países em desenvolvimento, a batata é o quarto principal cultivo destinado à alimentação.

Originária da região andina, a história da batata (Solanum tuberosum ) remonta aproximadamente 8 mil anos na região do lago Titicaca, mas foi com a chegada dos espanhóis, que a levaram na viagem de retorno à Europa, que a batata ganhou o mundo e se tornou um dos principais alimentos da humanidade. Em 1565 foi plantada nas Ilhas Canárias e em 1573 já era cultivada na Península Ibérica. Atualmente, planta-se batata no mundo todo, do Cáucaso à Península da Coréia, dos Altiplanos Peruanos à Região dos Grandes Lagos, do Delta do Nilo à Ilha de Java. Segundo dados da FAO, a produção mundial de batatas aumentou de 279,32 milhões de toneladas em 1990 para 314,37 milhões de toneladas em 2006. Neste mesmo período, os países em desenvolvimento, que foram responsáveis pela produção de 84,09 milhões de toneladas em 1990, passaram a responder em 2006 pela produção de 159,12 milhões de toneladas. Ultrapassando, portanto, a produção dos países desenvolvidos. Em 2005 e 2006, o Brasil foi responsável pela produção de 2,679 e  3,137 milhões de toneladas respectivamente.

Contudo, embora tenha ocorrido significativo aumento na produção de batata nos países em desenvolvimento, o consumo nestes ainda está longe de atingir a média de consumo de batata nos países desenvolvidos. De acordo com dados da FAO, na África a média anual de consumo de batata por pessoa é de 14,18 kg; na América Latina, 23,65 kg; na América do Norte, 57,94 kg; na Europa, 96,15 kg; no mundo, a média é de 33,68 kg e no Brasil, o consumo por pessoa em 2006 foi de 14,23 kg.

Estima-se que nos próximos 20 anos a população mundial terá um aumento de 100 milhões de habitantes ao ano, sendo que mais de 95% deste aumento ocorrerá em países em desenvolvimento. Será, portanto, um desafio considerável garantir de forma segura e ininterrupta a alimentação das gerações atuais e futuras, e a batata, que é um dos mais importantes alimentos da humanidade, seguramente desempenhará função primordial na busca de superação deste desafio.

Atentos à relevância do tema, governos e cientistas trabalham no sentido de garantir a continuidade do uso da batata como alimento, melhorar a produtividade e facilitar o processo de cultivo. O Centro Internacional da Batata no Peru mantém, à disposição dos melhoristas de todo o mundo, o maior banco mundial de germoplasma do tubérculo, com aproximadamente 1500 amostras de cerca de 100 espécies silvestres recolhidas na região e aproximadamente 3.800 variedades tradicionais de batatas cultivadas nos Andes. Contudo, a criação de variedade de batata melhorada mediante cruzamento tradicional é reconhecidamente um procedimento difícil e moroso. Um exemplo é o desenvolvimento da variedade BRS Ana, lançada recentemente pelo Programa de Melhoramento Genético da Batata da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Variedade que é tolerante a doenças foliares, tem maior tolerância à seca e é adequada à utilização para industrialização de batatas fritas à francesa. O procedimento necessário ao desenvolvimento desse tipo de produto envolve cerca de 60 mil cruzamentos, que resultará em uma nova cultivar ao fim de seis anos de seleção. Entretanto, o avanço científico e tecnológico tem proporcionado um cenário mais favorável, onde técnicas modernas como a engenharia genética tem permitido que variedades com características de interesse para a agricultura sejam desenvolvidas em maior número e com maior precisão. Exemplos são as batatas transgênicas resistentes a vírus e ao besouro da batata, comercializadas nos Estados Unidos e Canadá no início da década de 1990,  e o trabalho da Embrapa Hortaliças que desenvolve pesquisa com batata geneticamente modificada resistente ao potato virus Y (PVY). Segundo argumentos utilizados pela FAO, as variedades transgênicas de batatas permitem aumentar a produtividade, a produção e criar novas oportunidades para o uso pela indústria de alimentos.

A FAO afirma que o Ano Internacional da Batata será uma celebração para todas as pessoas que cultivam, vendem ou simplesmente desfrutam o consumo da batata. Ao longo de 2008, a FAO preparou um arrojado calendário de atividades, onde está previsto que de 14 a 18 de abril será realizado, em Brasília – DF, a 30ª Conferência Regional da FAO para a América Latina e Caribe.

Sem dúvida, acompanhar as atividades do Ano Internacional da Batata  por meio da página - http://www.potato2008.org/es/index.html - é uma excelente oportunidade de conhecer a história desse importante alimento mundial e contribuir com idéias e informações escrevendo para  [email protected] .

 Reginaldo Minaré

            Advogado e Diretor Jurídico da ANBio

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