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“2007/2008: uma safra para ser comemorada e observada”


Jeferson Luís Rezende

Os produtores do Paraná entraram no terço final da colheita de verão sem motivos para se queixar. Isso porque os preços do milho, da soja, e do feijão (este então!), ainda estão positivos, mesmo em plena safra, e no seu final.

As produtividades também se mantiveram num patamar bastante razoável, um pouco abaixo do ano passado em função do clima, e de algumas pragas em determinados pontos do estado: a média da soja deverá fechar um pouco abaixo dos 3.000 Kg por hectare – algo em torno de 2.800 Kg/ha; e a do milho, próximo a 8.000 Kg/hectare (nesta safra: 9.500 Kg na região de Entre Rios/Guarapuava, abaixo dos 10.300 Kg na safra passada).

No caso do milho é importante fazer um parêntese e lembrar que em algumas regiões ele sofreu com a falta de chuvas, e, em outras, com o severo ataque de lagartas do cartucho – como há muito anos não se via; algo realmente impressionante.

Uma outra “novidade” ainda na cultura do milho, foi o início das aplicações fúngicas; algo que ainda desperta dúvidas, e desconfianças. Mas, ao que parece, será um manejo que provavelmente deverá ser incorporado ao trato desta cultura nos próximos anos.

A soja de ciclo convencional deverá fechar (em boa parte das áreas), com três aplicações de fungicidas, contra duas da precoce; como estava previsto. Na região oeste do Paraná, os gastos adicionais ficaram por conta da lagarta falsa-medideira, que nesta safra deu muito trabalho para ser controlada. Foram várias aplicações terrestres, e algumas aéreas também.

Enfim, estamos chegando ao final de uma safra bastante positiva, que deverá restabelecer a rentabilidade para o produtor rural, recompondo ganhos importantes perdidos em safras passadas.

E a AVIAÇÃO AGRÍCOLA, como foi? Conseguiu aproveitar esse momento positivo, ocupando o seu espaço?

Infelizmente mais uma vez, vemos o Setor Aeroagrícola passar a margem de todas estas movimentações econômicas. E, ao contrário do que poderia ter havido: mais aviões voando nos campos do Paraná, acabamos por ver novos Autopropelidos saindo das lojas. Foram pelo menos 09 (NOVE) máquinas novas, apenas em Guarapuava, nos últimos sessenta dias!

Máquinas estas que certamente irão tomar o lugar dos Aviões nos locais aonde estiverem operando. Sem nenhuma dúvida, cada Autopropelido no campo, é um cliente a menos para a Aviação.

No “DIA DE CAMPO” da Coopercampos, em Campos Novos (SC), realizado no início deste ano, pudemos observar o quanto a Aviação Agrícola está distante dos seus clientes (ou dos seus potenciais clientes).

Trata-se de uma região altamente tecnificada, referência em produtividade não só para aquele estado, mas também para o Paraná, e o Rio Grande do Sul.

E, naqueles magníficos campos: nada de Avião Agrícola! Nada de Aviação, no maior Evento de difusão tecnológica agrícola do estado. Nem ao menos um Empresa Aeroagrícola se fez presente para difundir um pouco da tecnologia aérea. Uma pena!

Ao longo desta safra tivemos reiterados alguns dos prováveis motivos que inibem o avanço da Aviação Agrícola, como: falta de marketing; de pós-venda; e de administração profissionalizada do negócio (da empresa). Isso está cada vez mais patente em praticamente todas as regiões por onde se anda, no Paraná, e em Santa Catarina, a conversa (reclamação) entre agricultores e agrônomos é sempre a mesma:

Falta de informações técnicas: qual a tecnologia agrícola está sendo usada pela empresa?;

Desconfiança em relação a qualidade do serviço. Falta de pós-venda!;

Dificuldade de acesso à Empresa: telefone, endereço, ...;

Falta de transparência na execução do trabalho: volume de vazão, tamanho de gotas utilizado, dentre outras informações relevantes;

Empresas, pilotos e pessoal de apoio que não se relacionam com os clientes de maneira regular: visitas em campo; nas lojas, e nas cooperativas.

Embora não tenha sido feita uma enquete, ou uma pesquisa científica a respeito, estas foram as principais, e comuns, reclamações ao longo da safra.

Recentemente, por exemplo, ocorreu um fato ligado a um dos pontos listados acima. Recebi a ligação de um agrônomo (gerente de uma grande loja de defensivos), pedindo o telefone de uma aviação para atender um dos seus clientes - que precisava aplicar fungicida na soja, e não desejava entrar com o trator, a fim de evitar amassar a cultura.

Por incrível que possa parecer, não conseguimos fazer contato com a Empresa indicada: que não possuí telefone na lista, e não tem um Escritório na cidade. O produtor apreensivo com a situação, acabou determinando aos seus funcionários que entrassem com as máquinas terrestres. E mais. Disse ao agrônomo que: “o fato comprovava a sua tese que que não é possível contar com a aviação, uma vez que não conseguiu ao menos contato por telefone - que não atendia (dava na caixa postal!); e tão pouco havia um endereço fixo – um escritório, para prestar atendimento aos clientes”.

Isso tudo nos mostra que é preciso se repensar métodos administrativos e operacionais, em uso por boa parte das Empresas Aeroagrícolas; e principalmente: observar o que está acontecendo no mundo do agronegócio.

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