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CENÁRIO PREOCUPANTE


Mario Hamilton Villela
Vive o agronegócio brasileiro e espacialmente o gaúcho um cenário bastante apreensivo. Diversos fatores nos conduzem a essa afirmação. É só meditar um pouco sobre tudo que está acontecendo ao nosso derredor. Vejamos alguns pontos dessas preocupações: a recente grande seca que assolou o Rio Grande e parte de alguns outros Estados (Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, etc), cujos reflexos negativos até agora estão se vivenciando; política cambial muito desfavorável (inflacionando os preços dos produtos agrícolas), refletindo e muito no desempenho da balança comercial, prejudicando diretamente o sistema cooperativo agropecuário, o produtor rural, o nível de emprego no campo e reduzindo nosso superávit; as intempestivas e contínuas importações de arroz uruguaio ou argentino (estimadas ao redor de 700 mil toneladas); as taxas de juros mais altas do mundo, além da terrível carga tributária incidente (culpadas da saída crescente do campo de um expressivo contingente de médios, pequenos e microempresários rurais); o alto endividamento; as constantes ameaças de invasões inconseqüentes do MST; os novos e inoportunos índices de produtividade propostos num momento de muitas dificuldades do setor (frustração de safras), e, por último, notadamente, no Estado, paradoxalmente, depois da estiagem, em muitas regiões produtoras, os recentes vendavais e enormes enxurradas, desalentando ainda mais o quadro de intranqüilidade do sofrido agropecuarista.

Tudo isso tem reflexos altamente negativos diretamente na economia nacional, no bolso do depauperado homem rural, na segurança do campo e, o que é mais entristecedor, no aspecto social (queda assustadora de empregos).
Todos os pontos acima somados levam, sem dúvida, a um quadro de grandes e profundas meditações em relação à atual conjuntura nacional. Cada um deles deveria ser analisado em separado e demonstrado os seus reflexos negativos para a economia nacional em seu conjunto.
Vejamos, agora, ligeiramente, alguns aspectos pontuais dessas preocupações, especialmente, no Rio Grande do Sul.  No tocante à soja, comparando-se a safra de 2003 (a maior nos últimos dez anos em produção e produtividade) com a atual de 2005, cuja perda, neste ano agrícola, oscila de 72 a 75%, a produção caiu de 9.579 milhões de toneladas (2003) para 2.311 milhões no corrente ano. Os índices de produtividade, em quilos por hectare, no mesmo período, caíram de 2.667 (2003) para 559 (2005). Pelas estimativas previstas, o Estado terá que importar (do Paraná ou até mesmo do Paraguai), agora, pelo menos 3 milhões de toneladas para abastecer o nosso mercado e garantir a necessária exportação industrial. Quanto deverá custar isso?

No caso do milho, cuja perda foi de mais de 55% do total da lavoura, quem e como se recuperarão os danos irreparáveis causados a esses pequenos agricultores? Como saldarão seus compromissos?
Os preços da carne bovina chegaram a um dos mais baixos da história, caíram quase ao redor de 10%, neste ano, como foi o caso do Estado do Mato Grosso do Sul. O preço da carne alcançou ao seu limite de competitividade, face ao nível que atingiu  o câmbio. Como fica essa situação?
No caso do arroz, não existe, em curto e talvez em médio prazo, em função das importações, perspectivas de alta nos preços. Quem vai reparar esse terrível dano causado ao orizicultor?
 Com toda essa crise vivenciada pelo segmento do agronegócio, que cultivo da economia rural terá condições de suportar esses novos índices de produtividade propostos?
 Mais uma crucial indagação e talvez a mais triste de todas, como se recuperará os alarmantes índices de desemprego que já estão assustando o setor que alavanca a economia brasileira?
  Por fim se adicionarmos a tudo isso, os demais complexos problemas sociais e políticos existentes e que se agravam no dia-a-dia da realidade brasileira, o cenário fica mais intricado e muito mais preocupante.

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