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Cada presidente um plano, cada plano... (final)


Amado de Olveira Filho
Após o Plano Cruzado, seguiram-se os planos Bresser, Verão, Collor I e II e Real. Hoje, concluiremos nossa viagem proposta de 22 anos ao passado e nossa chegada se dá num momento em que os produtores rurais aguardam uma resposta para solução do endividamento rural. Uma dívida gerada por todos esses planos.

O Plano Bresser pode ser considerado um arremedo de Plano Econômico, já que, de efetivo mesmo, continuou o congelamento de preços e salários iniciados no Plano Cruzado que assim ficaram por três meses. As outras medidas não passaram de tentativas de ajuste fiscal e redução da dívida externa.
No entanto, os resultados práticos do Plano Bresser resumiram-se no fracasso no ajuste fiscal, na negociação da dívida externa, política monetária descontrolada, recessão e, de acerto, apenas o superávit na balança comercial. Ou seja, a agropecuária comparece num cenário difícil, porém, com sua contribuição fez com que a situação não fosse ainda mais grave. No final do ano de 1987, a inflação chegou a 366%. Em janeiro de 1988, sai o ministro Bresser e em seu lugar entra Maílson da Nóbrega.
Com Maílson da Nóbrega veio o Plano Verão. Esse não passou de outra tentativa onde se verificou, de novo, o corte de três zeros em nossa moeda, surgindo o Cruzado Novo. Impôs outro congelamento de preços; acabou com a correção monetária; propôs a privatização de diversas estatais e anunciou vários cortes nos gastos públicos, como a exoneração dos funcionários contratados nos últimos cinco anos. Como os cortes não foram feitos, o plano fracassou e a inflação disparou, sendo que de fevereiro de 1989 a fevereiro de 1990, a inflação ultrapassou a casa dos 2.750%.
O Plano Verão foi um verdadeiro desastre para todo o setor produtivo. Neste período não se conseguia planejar para o mês seguinte, quiçá para médio e longo prazos. A agropecuária sentiu os graves efeitos desse plano e o pagamento das dívidas já era impossível.
Em março de 1990, justamente com o presidente Collor e a ministra Zélia Cardoso de Melo, vimos a estréia do Plano Collor. Li algumas frases da ministra Zélia, uma delas caracteriza o Plano Collor: "No final tudo acaba bem, se as coisas não estão bem, é porque ainda não chegou o final".

O Plano do presidente que só tinha uma bala na garrucha confiscou as contas bancárias, voltou a controlar preços e salários, retorna como nossa moeda, o Cruzeiro, suspende o pagamento da dívida externa e, num segundo momento reduz as alíquotas de importação.
O final do Plano Collor, para desalento da ministra Zélia e para tristeza do povo brasileiro e infelicidade dos produtores rurais, se deu com um rigoroso processo recessivo, além de um brutal confisco rural, onde os contratos de operações de crédito foram corrigidos em 84,32%, enquanto os preços agrícolas tiveram reajustes de tão somente 33%. Ou seja, lançaram valores estratosféricos às contas dos produtores. Como pagar?
Somente em 1994 o Brasil conseguiu a sonhada estabilidade econômica com a implantação do Plano Real, isso já no governo Itamar Franco. Como conseqüência do fim da inflação e do fim do imposto inflacionário, houve uma melhora da renda das classes mais baixas. Outro resultado concreto foi que o ministro da Fazenda, Fernando Henrique, se elege presidente da República. Em sua gestão foi estabelecida a securitização das dívidas rurais; no entanto, seus mandatos foram caracterizados por resultados ambíguos nos processos de modernização e de obras estruturantes para uma economia crescente.
Com o presidente Lula chega o ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Sem planos, continuaram as diretrizes do governo FHC, mantendo a inflação sob controle no primeiro mandato e correndo risco de recrudescimento inflacionário. Não sinaliza para nenhuma renegociação definitiva das dívidas rurais, porém, se verificam sucessivos escândalos e denúncias de corrupção e introduz um verdadeiro terrorismo ambiental na Amazônia, especialmente no Estado de Mato Grosso. Isso vamos discutir na próxima semana.

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