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Brasil em forte déficit comercial



Argemiro Luís Brum

Encerrada a terceira semana de março e temos a confirmação de que o saldo da balança comercial brasileira (exportações menos importações) continua se fragilizando. E a tendência não parece ser reversível no transcorrer de 2013 já que o Real voltou a se valorizar perante o dólar e as economias mundiais ainda estão debilitadas. Nesse último caso, a comoção causada pelo pequeno Chipre (representa apenas 0,2% do PIB da União Europeia) junto ao mercado europeu, e mesmo mundial, é um claro retrato de que a crise mundial ainda está longe de ser resolvida. Afinal, depois da Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda e Itália, agora a bola da vez é a ilha de Chipre, no Mediterrâneo. Ao mesmo tempo, um Real mais valorizado significa menos receita para o exportador e estímulo ao importador, que tende a comprar seus produtos mais baratos no exterior. E um superávit comercial menor significa mais aperto na balança de transações correntes do país, a qual já vem registrando déficit há alguns anos. E déficit em tal balança, grosso modo, significa aumentar a dívida externa ou reduzir as reservas existentes para cobri-lo. E os números são alarmantes. Após 51 dias úteis o saldo comercial brasileiro já é de um déficit de US$ 5,53 bilhões, resultado de exportações totais de US$ 41,40 bilhões e importações totais de US$ 46,93 bilhões. A variação apenas nos 11 primeiros dias de março, comparada com o mesmo período de 2012, indica que as exportações recuaram 5,4% na média por dia útil, enquanto as importações cresceram 6,9%. No acumulado anual destes quase três meses, as exportações recuaram 5,7%, enquanto as importações aumentaram em 9,6%. E mais importante a salientar é que, no período considerado, no ano passado a balança comercial brasileira registrava um superávit de US$ 1,13 bilhão. Ora, se nossas vendas ao exterior sofrem tamanha redução, significa dizer que nossas empresas, voltadas às exportações, estão com mais dificuldades neste ano. Como o mercado interno não está mais com o empuxe de consumo de anos passados, salvo em poucos setores onde ainda as políticas públicas os subsidiam, significa dizer que as vendas em geral tendem a diminuir, comprometendo o crescimento econômico. Assim, além da inflação em alta e da tendência de retomada no aumento dos juros, também o comércio exterior se agrega como um fator negativo sobre a expectativa de um PIB melhor em 2013. Por enquanto, o mercado continua na expectativa de um crescimento econômico de 3%, porém, esse número pode ser revisto para baixo futuramente. No caso da balança comercial, a expectativa é de que, com a entrada da safra cheia deste verão, mesmo que os preços médios mundiais tenham recuado, o país consiga aumentar sua receita exportadora graças a maiores volumes vendidos. Isso, no entanto, está esbarrando na falta de logística portuária (sem falar no transporte e armazenagem), a qual vem piorando a cada ano. No porto de Paranaguá (PR), por exemplo, um navio para carregar soja está esperando cerca de 40 dias, quando o normal seria não mais de sete dias.

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