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Brasil: alimento e energia para o mundo



Manoel Carlos Ortolan

Muito oportuna e importante a realização do Seminário Brasil – Energia e Alimento para o Mundo no último dia 30 de maio, em Ribeirão Preto, idealizado pelo Sindicato Rural e pela Associação Rural de Ribeirão Preto. Além do público qualificado, formado por produtores, lideranças políticas e representantes de entidades ligadas ao agronegócio, e destacada presença da imprensa, o evento permitiu a discussão de temas palpitantes. Foi uma expressiva manifestação do posicionamento do setor produtivo em relação à discussão que tomou força nos últimos tempos e que contrapõe a produção de alimentos à de energia e que coloca o setor rural na berlinda.

A programação do seminário teve a proeza de discutir os pontos mais sensíveis dessa discussão e escalou autoridades no assunto. O presidente do Sindicato, Joaquim Augusto de Azevedo Souza, abriu a programação das palestras abordando a questão da reserva legal, que determina que 20% da área de cada propriedade rural devem ser recobertas por floresta natural, além das áreas de preservação permanente (APPs), que margeiam rios e lagos, mesmo que nesses espaços não haja floresta nativa.

Na prática, os produtores rurais, que em São Paulo são uma maioria de pequenos e médios, perderão 20% de suas áreas em produção. Essa é uma discussão bastante polêmica porque contrapõe ambientalistas e o setor produtivo e foi muito corajoso o posicionamento do presidente do Sindicato, ao abordar o assunto e alertar para os prejuízos que a medida irá causar tanto na produção agropecuária do Estado, como para os produtores e os impactos nos níveis de desemprego em toda a cadeia produtiva.

Em seguida, fizemos uma exposição sobre os desafios e oportunidades para o fornecedor independente de cana nesse processo de expansão do setor sucroalcooleiro. Nessas últimas safras a renda obtida com a cana não cobriu os custos para produzi-la e o produtor só terá condições de continuar na atividade se tiver organizado em cooperativas e associações; se tiver acesso a crédito em condições adequadas aos pequenos e médios; se tiver um bom amparo jurídico para responder às exigências legais, especialmente no que se refere às questões ambientais; se investir em tecnologia e se o Consecana, que serve de parâmetro para o pagamento da matéria-prima, for aperfeiçoado de forma a contemplar melhor às necessidades dos fornecedores.

O professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, Marcos Fava Neves, abordou o tema “Como combater a inflação de alimentos no Mundo”, com dados detalhados que comprovam o aumento da demanda por alimentos especialmente nos países emergentes e, por fim, o ex-ministro Roberto Rodrigues, um dos maiores conhecedores do agronegócio, encerrou o seminário, abordando os desafios e as oportunidades que envolvem a Ecologia, Alimentos e Agroenergia.

Sem dúvida, o seminário atingiu seu objetivo e, mais do que isso, estabeleceu um canal de comunicação com a sociedade por meio da cobertura da imprensa. Muitas vezes as polêmicas são criadas pela falta de informação ou pela interpretação equivocada dos fatos. Eventos como esse são importantes para que a sociedade como um todo tenha oportunidade de conhecer as dificuldades e os argumentos do setor produtivo, muitas vezes colocado como vilão. Só temos de agradecer aos organizadores do evento.

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