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Banco do Brasil: desvio de dinheiro


Amado de Olveira Filho

 

            Uma boa safra agrícola depende de um bom projeto agronômico, financiamento, aquisição de insumos, plantio, colheita e transporte da produção,  envolvem diversos agentes, dentre estes as instituições financeiras. No Brasil, sem dúvidas o Banco do Brasil é de longe, desde a sua criação, a instituição com maior tradição no financiamento agrícola.

            Transcorridas duas safras agrícolas com problemas de renda, o relacionamento dos produtores rurais com suas instituições financeiras têm sofrido alguns percalços, seguramente, por ser o maior agente financeiro atuante na atividade de financiamento agrícola, o Banco do Brasil é o que registra um grande número de problemas.

            Destarte, alguns gerentes extrapolam na gestão dos conflitos que surgem a exemplo do gerente regional de varejo da instituição, Gladston do Rêgo Lages Neto, com base em SINOP no Estado e Mato Grosso. É de sua responsabilidade a afirmação a seguir publicada em um Jornal de Cuiabá quando o Sindicato Rural questionou a forma de liberação dos recursos ao agricultor, condenando a prática do repasse direto às revendas de insumo agrícola. O Gerente afirma que a prática é legal e só visa beneficiar o produtor rural, pois eles deixam de pagar imposto com esse procedimento. "Não sei o motivo de eles reclamarem, a não ser que queiram desviar esse dinheiro, pois o volume destinado à compra dos insumos agrícolas, como consta em cada projeto, será repassado às empresas".

            Com gerentes que pensam desta forma os produtores rurais não precisam de maiores problemas para o insucesso de mais uma safra agrícola. Porém, esta forma de repasse direto aos fornecedores faz parte de um convênio denominado BB Agro, que nada mais é que uma parceria entre o Banco do Brasil e as empresas fabricantes de máquinas e equipamentos agropecuários, fornecedores de insumos e agroindústrias.

            Na verdade este convênio é um grande negócio para o Banco, pois é cobrada uma taxa do fornecedor de 1% do financiamento, que provavelmente é repassada ao comprador via preços, assim, diferentemente do que afirma a ilustre autoridade financeira de SINOP-MT, os benefícios não são nada atrativos, ao contrário, significam custos adicionais ao produtor. Esta prática vem sendo denunciada na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.

            Acredito que os superiores do Gerente Regional não concordam com suas convicções, afinal, se ocorre desvio de finalidade de recursos, deve o ilustre cidadão denunciar este tipo de crime e mais ainda, desclassificar a operação do crédito rural revendo seus custos financeiros. Por outro lado, os impostos citados que não seriam pagos, deve-se tratar da famigerada CPMF, infinitamente menor que a taxa do BB Agro, a não ser que existam outros mecanismos tributários especiais para àquela regional.

            Por certo que a atitude do Gerente em nada contribui para a solução dos graves problemas que permeiam a agricultura brasileira e mato-grossense, no entanto, revela o respeitoso tratamento dispensado aos produtores rurais no interior do Estado de Mato Grosso por alguns daqueles que deveriam incentivar a atividade agrícola.

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