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As mulheres tem demonstrado exemplar capacidade de gestão.


Eleri Hamer

Não faz muito tempo que lugar de mulher era dentro de casa, cuidando e vivendo em função dos filhos e do marido. O Brasil como um país patriarcal tratou de perpetuar isso na sociedade e nos negócios. Contudo, alguns setores se adiantaram e incorporaram as mulheres rapidamente ao mercado de trabalho, outros ainda estão relutantes em fazê-lo. De um modo geral esses tempos de dona de casa quase acabaram.

Uma das provas cabais de que a mulher, principalmente a dona de casa, é uma exímia administradora está na própria gestão da casa. É demonstrada na capacidade de conciliar ao mesmo tempo a atenção aos filhos e a demandas sempre eminentes do marido, a limpeza da casa e a eterna gestão alimentar, que inicia no controle de estoque na despensa, passa pelos orçamentos e compra no supermercado ou na feira, preparo e disposição do alimento, e por fim o recolhimento e limpeza da louça, quando outro ciclo já está por começar. Fazer muitas coisas ao mesmo tempo é uma característica do cérebro feminino.

Nos negócios por outro lado, temos vários exemplos da capacidade inconteste da mulher administradora. Nas palestras, quando elas estão presentes, são as que mais perguntam. Nas consultorias é comum que implantem com mais eficiência e concedam mais atenção àquilo que é essencial, ao invés daquilo que é periférico.

No ambiente rural a ampla maioria das propriedades é gerenciada pelos homens, mas grandes e surpreendentes exemplos vêm das mulheres que infelizmente em muitos casos assumiram a gestão por fatalidades ocorridas com os esposos.

A maioria, sem experiência alguma na área, teve a necessidade e a capacidade de rapidamente aprender e a humildade de se assessorar e procurar orientação, usar técnicas de gerenciamento modernas, colocando-as em evidência sob os olhares incrédulos de muitos, para os quais, mulher não serve para tocar uma empresa, imagina uma propriedade rural. O homem é normalmente mais auto-suficiente que a mulher.

Nos quatro cantos do país, tanto nas empresas rurais como nas urbanas, tenho encontrado essa característica. Poderia destacar inúmeras situações em que num determinado momento até duvidava da capacidade de uma mulher gerenciar uma empresa em particular.

Um caso emblemático ocorreu numa ocasião quando assumi uma consultoria num grupo de 17 empresas rurais. Para minha surpresa, duas delas eram conduzidas unicamente pela mulher. Uma era viúva recente e a outra solteira e independente, teve que assumir os negócios por problemas de saúde do pai. Ambas não mantinham qualquer relação anterior com o meio rural e eram totalmente urbanas.

Embora os resultados tenham sido excepcionais na maioria das propriedades, me surpreendia a dedicação e a atenção aos novos processos gerenciais que eram implantados, associados a desenvoltura em trabalhar com o desconhecido. Além da vontade e principalmente humildade de sempre aprender.

Quando uma nova ferramenta era sugerida, normalmente eram as primeiras a implantá-las. Em menos de 6 meses estavam totalmente integradas às atividades e perfeitamente aceitas e respeitadas por suas respectivas equipes de trabalho na fazenda, sem a necessidade de uma única vez levantar a voz ou atuar arrogantemente com os seus colaboradores.

Experiências dessa natureza me induzem a crer que elas administram melhor os conflitos, na tentativa de manter a harmonia do grupo da qual são integrantes, ocupando o cargo de chefe ou não. Outro aspecto que percebo frequentemente é que buscam mais intensamente o desenvolvimento da equipe, procurando compartilhar mais seus conhecimentos do que os homens. Desse modo procuram encorajar a participação dos funcionários e a divisão de responsabilidades.

Como profissional, garanto que as consultorias têm sido mais eficazes quando há mulheres no comando. Talvez seja fruto de um movimento silencioso onde são maioria nas universidades, nos cursos e palestras. Logo, estarão melhor preparadas para assumir os novos desafios que os homens.

Temos muito a aprender com o modo eficaz de muitas mulheres fazer negócios. As mulheres perdem muito menos tempo em reuniões por exemplo, e costumam tomar decisões mais rapidamente do que os homens, embora tenhamos maior capacidade de arriscar em novos empreendimentos.

Por isso, na sucessão da sua empresa, dê oportunidades iguais para o seu filho e sua filha. Agora se nenhum deles se interessar pelo seu negócio ou empresa, experimente dar oportunidade para a nora. Provavelmente você vai ter muitas surpresas. E ao final, talvez até o seu filho se interesse.

Boa semana.
Eleri Hamer é Mestre em Agronegócios, Professor de Graduação e Pós-Graduação do CESUR, desenvolve Palestras, Educação Executiva e Consultorias em Gestão Empresarial e Agronegócio. Home-page: www.elerihamer.com.br E-mail: [email protected]

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