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Argumentos para a Governadora Ana Julia


Amado de Olveira Filho
Quanta falta de argumentos demonstrou a Governadora do Estado do Pará, Senhora Ana Júlia Carepa (PT). Indignada por ações do MPF a excelência saiu com uma história de que o Ministério Público Federal não atua em Mato Grosso e outros estados. Tenho convicção de que se trata de uma manifestação de uma “autoridade” com dificuldades em governar um grande Estado como o do Pará e, que desconhece totalmente os reais problemas do setor produtivo rural de seu Estado e do Brasil.
Ao invés de criminalizar outros estados amazônidas, Donana poderia aproveitar o espaço que teve na imprensa brasileira e comentar a política de preservação ambiental na Europa e nos Estados Unidos da América. Lá o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) representam uma parcela extremamente importante da renda dos seus produtores. Eles recebem até por grama plantada para proteger áreas sensíveis.
Além de pagar seus proprietários rurais para conservar, não o fazem de forma obrigatória. Firmam contratos por um período que varia entre 10 a 15 anos e ao final é do produtor rural a decisão de continuar ou não no programa. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em 2007 havia 14,5 milhões de hectares no chamado Programa de Reserva para Conservação (CRP), destes, 800 mil hectares retornaram para a produção de commodities no ano seguinte. Vê Governadora, como é fácil? Percebe quem devemos pressionar?
Já na Europa a prática conservacionista de reduzir com pagamento aos produtores 10% das áreas plantadas nas propriedades rurais foram suspensos em 2007 com o claro objetivo de reduzir a disparada dos preços dos alimentos. Em fevereiro último a Ministra do Meio Ambiente da Inglaterra anunciou o retorno desta prática onde as grandes propriedades serão obrigadas a não plantar entre 3 a 5% de suas terras. O recado veio na seqüência, segundo Peter Kendall, da União Nacional dos Produtores: “Retirar da produção 5% da área de uma propriedade é como fechar uma fábrica por duas semanas e meia no ano. Teremos prejuízos financeiros, vamos exportar menos, processar menos comida e gerar menos trabalho”.
É Donana, quanta diferença! A Senhora pode ajudar a resolvermos definitivamente esta questão, veja o exemplo de um produtor rural inglês. John Cousins declarou que tem um lucro de R$ 1.835,00 por hectare quando participa de um programa conservacionista e de R$ 993,00 quando planta trigo. Vê como é fácil preservar o meio ambiente? Façam isto no Brasil! Caso contrário evitem falar de um setor que está às voltas para se manter em pé. Não basta a severa crise que está degringolando toda a cadeia da carne?
Um outro argumento para Donana é a de que meio ambiente não é só coisa da zona rural. Basta ela observar que em cidades como Santarém e Belém a limpeza pública é feita também por grandes aves de cor negra “Urubus”. Onde estão os serviços de saneamento básico e ambiental? Aliás, quando um turista chega a Santarém pela primeira vez se assusta. Meia hora depois, entendem que se não fossem estas aves, não seria possível a sua permanência naquela importante cidade.
Outros exemplos poderão ser citados como o esgoto de Belém jogado na Baia do Guajará. Já citei este exemplo quando escrevi o artigo com o título o Brasil está fedendo. Mas Donana precisa ter mais argumentos para não cometer equívocos. Sempre vi uma atuação conjunta dos Governadores da Amazônia, por isto, acredito que oportunamente alguns deles deverão chamar a sua atenção.
As informações dos Estados Unidos e da Europa obtive do Boletim Informativo da Federação da Agricultura do Paraná que se valeu de referências de reportagens dos Jornais Daily Telegraph, The Guardian e BBC. Como se vê, por lá os produtores rurais são ouvidos em todos os meios de comunicação. Porque no Brasil isto não acontece?
Episódios como este que envolveu Donana pode explicar.

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