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Alternativas tecnológicas para a pecuária da Amazônia Ocidental. IV. Manejo de pastagens



Newton de Lucena Costa

1. DIFERIMENTO DE PASTAGENS - A conservação do excesso da forragem produzida durante o período chuvoso, sob a forma de feno ou silagem, embora constitua solução tecnicamente viável, é uma prática ainda inexpressiva no Estado. Deste modo, a utilização do diferimento ou reserva de pastos durante a estação chuvosa surge como alternativa para corrigir a defasagem da produção de forragem durante o ano. O diferimento consiste em suspender a utilização da pastagem durante parte do período vegetativo da planta, de modo a favorecer o acúmulo de forragem para utilização durante a época seca. As gramíneas mais promissoras, em termos de produção de MS, foram B. humidicola, A. gayanus cv. Planaltina, P. maximum cv. Tobiatã, P. guenoarum FCAP-43 e B. brizantha cv. Marandu. A utilização das pastagens em junho, mesmo fornecendo os maiores teores de PB, mostrou-se inviável devido aos baixos rendimentos de forragem. Visando conciliar os rendimentos de MS com a obtenção de forragem com razoável teor de PB, as épocas de utilização mais propícias foram julho, agosto e setembro. Para B. brizantha cv. Marandu, cultivada num Latossolo Amarelo, textura argilosa, o diferimento em abril com utilizações em junho e julho proporcionou forragem com maiores teores de PB, contudo os maiores rendimentos de PB foram obtidos com o diferimento em fevereiro e utilizações em agosto e setembro. Os maiores coeficientes de digestibilidade in vitro da matéria seca foram obtidos com o diferimento em março ou abril e utilização em junho. A partir dos resultados obtidos, recomenda-se o seguinte esquema: diferimento em fevereiro para utilização em junho e julho e, diferimento em abril para utilização em agosto e setembro. Já, para A. gayanus cv. Planaltina, quando o diferimento for realizado em março, as pastagens devem ser utilizadas em junho ou julho, enquanto que para o diferimento em abril, as épocas de utilização mais adequadas são agosto e setembro. Em pastagens de P. maximum cv. Tobiatã, com utilizações em junho e julho, o diferimento em fevereiro proporcionou os maiores rendimentos de matéria seca verde (MSV). Já, com utilizações em agosto e setembro, o diferimento em março foi o mais produtivo. Independentemente das épocas de diferimento, observaram-se reduções significativas dos teores de proteína bruta e coeficientes de digestibilidade in vitro da MSV.

2. PRODUTIVIDADE ANIMAL DE BOVINOS DE CORTE EM PASTAGENS DE CAPIM-SETÁRIA - A baixa disponibilidade de forragem durante o período de estiagem é um dos fatores mais limitantes à produção animal. Uma das alternativas para evitar a perda de peso dos animais é a formação e/ou recuperação de pastagens com gramíneas mais tolerantes ao período crítico. Em pastagens de S. sphacelata cv. Kazungula, a utilização do sistema de pastejo rotativo (14 dias de ocupação e 56 dias de descanso) foi mais eficiente que o contínuo, resultando em melhor performance animal e maior disponibilidade de forragem. Recomenda-se a utilização de 1,5 UA/ha no período chuvoso (outubro a maio) e 1,0 UA/ha no período seco (junho a setembro), as quais proporcionaram ganhos de 217 e 113 kg de peso vivo/ha, respectivamente.

3. CARGA ANIMAL DE OVINOS EM PASTAGENS DE GRAMÍNEAS - A ovinocultura é uma opção bastante viável para assegurar dividendos aos pequenos produtores do estado. A carga animal é um dos fatores que mais afeta a eficiente utilização das pastagens. Para ovinos deslanados da raça Morada Nova, a carga animal mais adequada para pastagens de B. humidicola, sob pastejo contínuo, foi de 12 animais/ha. Já, para mestiços Morada Nova x Santa Inês, a utilização de 12 animais/ha em pastagens de A. gayanus cv. Planaltina, proporcionou melhor performance animal durante o ano, além de possibilitar maior produtividade e persistência da pastagem.

4. AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE PASTAGENS CONSORCIADAS - No manejo de pastagens consorciadas o principal objetivo é assegurar a produtividade animal a longo prazo, mantendo-se sua estabilidade, notadamente da leguminosa, tida como componente mais valioso e instável da mistura. Para pastagens de A. gayanus cv. Planaltina consorciada com D. ovalifolium CIAT-350, considerando-se a disponibilidade de forragem, composição química e botânica, recomenda-se a utilização de 1,5 e 1,0 UA/ha, respectivamente para os períodos chuvoso e seco, utilizando-se pastejo rotativo com 7 dias de ocupação por 21 dias de descanso. Para P. purpureum cv. Mineiro consorciado com P. phaseoloides, o manejo mais adequado consiste na utilização de 2 a 3 UA/ha, com 42 dias de descanso, no período chuvoso e, 1 a 2 UA/ha com 28 e 42 dias de descanso, respectivamente, durante o período de estiagem.

5. MANEJO DE PASTAGENS DE PASPALUM ATRATUM CV. POJUCA - A utilização de práticas de manejo adequadas é uma das alternativas para reduzir os efeitos da estacionalidade da produção de forragem, além de assegurar melhor performance animal durante o ano. Em pastagens de P. atratum BRA-009610, avaliou-se o efeito da carga animal (2,0 e 3,0 UA/ha) sobre o crescimento, produção de forragem e sua composição química. O sistema de pastejo foi rotativo com 7 dias de ocupação e 21 dias de descanso. O aumento da carga animal promoveu decréscimos significativos na disponibilidade de forragem, matéria seca residual de folhas, índice de área foliar e taxa de expansão foliar, contudo não afetou os teores de fósforo, cálcio, magnésio e potássio, enquanto que para o nitrogênio observou-se efeito significativo apenas para estação do ano, sendo os maiores valores registrados durante o período chuvoso. O moderado desempenho animal verificado com a gramínea pode ser compensado por sua maior capacidade de suporte. Considerando-se a disponibilidade, distribuição estacional e a qualidade da forragem, recomenda-se a utilização de 3,0 e 2,0 UA/ha, respectivamente para os períodos chuvoso e seco.

6. MÉTODOS DE CONTROLE DE PLANTAS INVASORAS - As plantas invasoras de pastagens constituem um sério problema para a formação e manejo de pastagens, diminuindo a produtividade de forragem, com consequente redução da capacidade de suporte e do ganho de peso dos animais. Com o objetivo de avaliar métodos de controle e gramíneas mais competitivas com as invasoras, visando minimizar os custos de seu controle em sistemas integrados de manejo, conduziu-se um experimento em Porto Velho. As espécies mais agressivas com relação às invasoras foram B. humidicola, A. gayanus cv. Planaltina, Paspalum secans e P. guenoarum, seguindo-se P. coryphaeum. Mesmo sem afetar a disponibilidade de forragem, os métodos de controle (capina manual e aplicação de herbicida - Picloran + 2,4 D 2%) proporcionaram reduções significativas na percentagem de invasoras.

Newton de Lucena Costa - Embrapa Amapá

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