CI

Agronegócio e cooperativas


Edivaldo Del Grande

Quando os imigrantes europeus aportaram no Brasil no século 19, trouxeram sonhos de uma vida nova. Mas muitos carregavam na bagagem também os ideais do cooperativismo. Naquele momento, porém, não podiam imaginar a força que esses empreendimentos alcançariam no campo.

Se a economia brasileira cresceu 5,7% no último trimestre, esse recorde se deve, sem dúvida, ao desempenho da agropecuária. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram um aumento de 9,2% do setor no período. Um resultado, em grande parte, fruto do trabalho das mais de 1,5 mil cooperativas agropecuárias do País e do trabalho, determinação e crença de quase 1 milhão de produtores associados às cooperativas. Afinal 35% do PIB agrícola de 2006 foi movimentado por cooperativas agropecuárias.

São elas que amparam o pequeno agricultor nos momentos de dificuldade. E não foram poucos nas últimas safras. Nos momentos de crise, a cooperativa usa seu capital de giro e faz um “colchão” que protege o associado.

No Brasil há mais de um século, a cooperativa é a principal forma de organização do homem do campo, quando não é a única. O grande diferencial vem da organização de pessoas em torno de um objetivo comum, sem visar à concentração de riquezas. Pelo contrário, a busca constante é pela distribuição mais equilibrada dos ganhos. O cooperativismo tornou-se uma maneira de fazer o socialismo moderno. Isso porque o sistema permite sociabilizar o ganho em contraposição ao capitalismo selvagem.

Não sejamos ingênuos de pensar que as cooperativas não se preocupam em aumentar os ganhos. Como qualquer empresa, elas também têm foco comercial. Mas fazem negócios de forma diferente, mais justa. E é assim que as cooperativas agropecuárias conseguem impactar positivamente a economia do País.

Esse modelo vencedor será objeto de uma palestra que iremos apresentar em Moçambique em fevereiro. A convite da organização americana de cooperativas, vamos até a África falar aos agricultores de um país destruído pela guerra de que forma a organização das pessoas como cooperados pode ajudar nesta difícil reconstrução. Porque, se não tivemos guerra civil no Brasil, nossa luta contra a falta de atenção do governo é diária. Temos experiência e uma crença inabalável de que o cooperativismo é o caminho para o desenvolvimento de qualquer país.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.