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Agricultura na Região Amazônica


Newton de Lucena Costa

A região amazônica, nas últimas décadas, experimentou um acelerado processo de integração com a economia nacional, ampliando-se rapidamente sua fronteira agrícola e seu crescimento demográfico. A existência de amplos recursos naturais como solo, energia radiante, água e clima favorável, permitindo explorar a terra durante quase todo o ano, demonstra o enorme potencial da região amazônica para a produção de alimentos, a qual deve estar direta e positivamente correlacionada com a geração de emprego e renda, além de possibilitar a diminuição dos desequilíbrios sociais. Logo, a adoção de medidas visando sua ocupação racional e a ampliação do conhecimento sistematizado e científico da região, notadamente da pesquisa agropecuária e florestal, tornam-se urgentes e extremamente importantes, de modo a propiciar os subsídios necessários para a implantação do desenvolvimento sustentável da região, tendo como premissa básica a preservação dos recursos naturais, contudo tendo o homem como seu principal beneficiário.

Durante as últimas quatro décadas, uma avaliação dos programas de Pesquisa & Desenvolvimento agrícola revelam tendências e aumentos expressivos na produção e qualidade dos produtos agrícolas. Estas tendências podem ser agrupadas em três modelos ou paradigmas de mudanças tecnológicas:

I. Modernização Agrícola - relacionada com uma expressiva adoção, nas décadas de 40 e 50, de práticas culturais e de tecnologias modernas como mecanismos para promover aumentos importantes na produção agrícola em complementação à disponibilidade de cultivares e raças superiores obtidas como resultado da utilização do melhoramento genético;

II. Revolução Verde - relacionada com o refinamento dos procedimentos genéticos nos processos de melhoramento genético de interesse agrícola, iniciada na década de 60 e que ainda continua, embora atualmente com ganhos de produtividade pouco expressivos; e

III. Revolução Biotecnológica - relacionada com o uso de processos biotecnológicos em nível molecular, isoladamente ou em combinação com os processos de melhoramento genético tradicionais, que começou na década de 80 e é uma das poucas perspectivas técnico-científicas que pode atender as crescentes demandas por alimentos, fármacos e fontes de energia alternativa além de propiciar a conservação e a qualidade do meio ambiente.

Em geral, cada modelo apresenta três fases bem distintas: fase I, onde surgem as perspectivas tecnológicas para promover aumentos em produtividade e qualidade; fase II, que apresenta aumentos expressivos e contínuos de produtividade e qualidade; e fase III, onde a produtividade e/ou qualidade é limitada a patamares mais ou menos estáveis ou com baixos níveis de ganhos. Os modelos não são excludentes, podendo-se observar uma sobreposição da porção final do modelo em prática com a porção inicial do modelo inovador. Atualmente, as dificuldades que tanto os processos tradicionais como os modernos ou biotecnológicos vem mostrando em relação à obtenção de expressivos ganhos em produtividade e/ou qualidade, pode-se deduzir que a Revolução Verde encontra-se na fase III e que a Revolução Biotecnológica esta na fase I. Embora as atividades agrícolas continuem promissoras para os empreendimentos que utilizam procedimentos modernos, a produtividade e qualidade são uma conseqüência da revolução verde, com uma forte tendência para a estabilização tipificada pela fase III.

Apesar dos empreendimentos agrícolas modernos, típicos da revolução verde, apresentarem um forte componente de conservação e qualidade do ambiente, ainda podem ser observados níveis expressivos de degradação ambiental como conseqüência da adaptação do ambiente às necessidades do organismo produtivo. Neste aspecto, a revolução biotecnológica poderá apresentar, entre outras vantagens, a possibilidade de provocar um impacto ambiental muito menor, uma vez que o organismo produtivo é adaptado para as características do ambiente. Diversos indicadores, em nível nacional, regional e global, apontam para a necessidade de um planejamento proativo dos empreendimentos agrícolas no século XXI, de maneira a incluir, entre outros fatores, as perspectivas decorrentes da globalização da economia, entre as quais têm destaque os padrões internacionais de qualidade exigidos para comercialização da produção estabelecidas para estimular a qualidade da produção sem agressão ao meio ambiente; e as perspectivas apresentadas pela revolução biotecnológica como mecanismo para não somente superar os atuais patamares de produtividade e qualidade, como para constituir-se em um fator de estimulo para implementação e diversificação de empreendimentos empresariais.

Newton de Lucena Costa – Embrapa Amapá

 

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