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A gestão pública em questão



Argemiro Luís Brum
Em época de eleições municipais no Brasil não custa lembrar que um dos lados mais deficientes em nosso país é justamente a gestão pública. Os dados existentes a respeito de como a chamada “coisa” pública é administrada causa calafrios. O uso do coletivo em benefício próprio continua sendo a regra. O julgamento do chamado “mensalão” a cada dia nos confirma o tamanho da conta que os cidadãos brasileiros estão pagando pelos roubos na esfera pública, em um passado recente. Enquanto isso, o Presidente da República da época, que “vendeu” a ideia de que nada sabia do caso, embora realizasse constantes reuniões com os hoje acusados, continua fazendo campanha para eleger um candidato em São Paulo que foi péssimo na gestão do Ministério da Educação, onde proliferaram escândalos (quem não lembra das provas do Enade?). Paralelamente, a União continua sendo a maior concentradora de renda deste país, aumentando a carga média de impostos constantemente e ficando com algo em torno de 72% da mesma sem, entretanto, destinar reais serviços ao conjunto da sociedade, mas usando-o para manter o inchaço estatal. O que aparece são ações imediatistas visando muito mais solucionar o problema do curto prazo, tendo na mira as próximas eleições presidenciais, do que realmente a busca por um país realmente melhor. Enquanto isso, os escândalos continuam. Agora mesmo o Senado nos brinda com mais um de natureza ética e moral, na medida em que os senadores silenciaram quanto ao pagamento do imposto de renda incidente sobre seus 14º e 15º salários. 
A gestão pública em questão (II)
Ao assim agirem, os mesmos, com honrosas exceções, deram mostras de superação na malversação do dinheiro público mais uma vez. E o pior é que o presidente da casa, José Sarney, várias vezes envolvido em escândalos nesse país, decidiu que o povo brasileiro irá pagar essa conta ao encaminhar para o Senado a dívida. Ou seja, os senadores não pagam o erário e os cidadãos brasileiros é que pagarão a conta. No total serão R$ 10,3 milhões, sem contar juros e correções. Já no front econômico, o Banco Central informa que, até agosto, cumpriu apenas 55,1% da meta para o superávit primário neste ano (economia a ser realizada pelo Tesouro, Previdência Social e Banco Central para pagar os juros da dívida do governo central). Para cumpri-la será preciso economizar R$ 43,5 bilhões em quatro meses, ou seja, algo impossível na atual lógica de gestão. No caso específico da Previdência Social, o déficit em agosto chegou a R$ 4,94 bilhões, superando em 90,4% o déficit de julho/12 e em 19,3% em relação a agosto de 2011. Enfim, aqui no Rio Grande do Sul, o atual governo propõe um orçamento para 2013 que já traz oculto um déficit potencial de R$ 3,2 bilhões, lançando mão de receitas fictícias de R$ 1,2 bilhão para fechar as contas futuras. Além disso, parte-se do princípio que todas as receitas serão cumpridas, a partir de um PIB de ficção de 5,5% de crescimento para o próximo ano. Por muito menos, na iniciativa privada, gerentes desta estirpe seriam demitidos. No setor público, numa democracia, é o voto que permite a limpeza da incompetência gerencial. O resto é caso de polícia!

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