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A fraqueza do PIB e as eleições



Argemiro Luís Brum
E o Brasil, agora, se depara com outro problema. A aproximação das eleições presidenciais de outubro de 2014. Uma realidade conhecida, porém, nem sempre compreendida no que diz respeito às relações com a economia. È sabido agora que o PIB de 2012 será efetivamente anunciado em forte baixa. A prévia do Banco Central indicou um número, ainda otimista, de 1,64%. Como também aqui os cálculos do Banco Central se descolaram (veja a inflação) dos realizados pelo IBGE, que é o órgão que fornece o índice oficial, a indicação é de que nosso crescimento real tenha ficado mesmo ao redor de apenas 1% no ano passado (no terceiro trimestre de 2012, por exemplo, o índice prévio do Bacen havia sido de 1,1% enquanto o IBGE confirmou apenas 0,6%). Por outro lado, segundo os dados mais otimistas do Banco Central, o crescimento do PIB em dezembro, mês naturalmente de maior consumo, foi de tão somente 0,26%, contra 0,56% em novembro. Ora, tal comportamento indica (vamos esperar o número oficial do IBGE, previsto para 1º de março) que o primeiro trimestre de 2013, como o alertado, venha a ser decepcionante, comprometendo de saída a expectativa de termos pelo menos 3% de PIB no acumulado do corrente ano. Além disso, qualquer que seja o PIB de 2012, o mesmo será o segundo mais baixo em muitos anos, ficando acima apenas do péssimo resultado (-0,3%) ocorrido em 2009, no auge dos reflexos da grande crise econômico-financeira que assola o mundo desde 2007/08. Vale ainda destacar que, pelos números do Banco Central, o PIB do último trimestre de 2012 recuou para 0,62% após ter alcançado 1,11% no trimestre anterior. Assim, efetivamente a economia está praticamente parada nestes últimos dois anos, após ter atingido a 7,5% de crescimento em 2010, na esteira dos pacotes consumistas adotados pelo governo de então. O problema é que a inflação continuou alta e subindo nestes últimos tempos, ameaçando nos lançar em uma estagflação. O que fazer?
A fraqueza do PIB e as eleições (II)
As medidas estruturais para, de fato, enfrentar tal problema todos já conhecem e cansamos de destacar neste espaço. O problema é que as mesmas levam tempo para maturar, sem falar que, nos últimos 12 anos os governos pouco se preocuparam em avançar nesse sentido, especialmente nos últimos tempos. Resta então agir no curto prazo, mesmo que isso seja insuficiente. Primeiro, pela própria necessidade social do país, que vem perdendo rapidamente os ganhos que obteve com a estabilidade econômica, embora a população se autoengane constantemente ao se julgar com mais riqueza do que realmente possui, gastando mais do que pode e se endividando de forma assustadora (69% das famílias gaúchas, por exemplo, estão endividadas, sendo que em primeiro lugar aparece o cartão de crédito, instrumento que cobra um juro anual ao redor de 200%). Segundo, e esse é o problema maior, porque as eleições presidenciais, para o Congresso e governadores estão a um ano e meio de distância e o atual governo busca a reeleição a qualquer custo. Ora, isso significa tendermos a continuar com a política desenvolvimentista de manter os juros baixos (7,25% na Selic), visando estimular uma recuperação econômica que insiste em não vir, mesmo que isso nos custe um aumento da inflação a ponto de ameaçar romper o teto da meta (6,5% anual). É óbvio que o governo tentará outras medidas para contornar o problema, como tem sido o caso da taxa de câmbio, porém, sabe-se que as mesmas não têm surtido efeito suficiente. Assim, estamos nas mãos, novamente, do imediatismo eleitoreiro, que deixará em nosso colo, logo adiante, um problema econômico ainda maior do que o atual para ser resolvido. E o custo de tais ações tem sido cada vez maior aos cidadãos brasileiros.

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