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A crise econômica persiste



Argemiro Luís Brum
A expectativa de que 2013 possa ser melhor no cenário econômico internacional começa a se desfazer, a partir do comportamento das diferentes economias. Nos EUA os principais indicadores ainda apontam para uma lenta recuperação, havendo a incógnita quanto ao efeito que uma derrota de Obama nas eleições presidenciais deste início de novembro possa causar sobre o sistema. Na China, o anúncio de um crescimento de “apenas” 7,4% no terceiro trimestre do corrente ano aponta para dificuldades futuras quanto a retomada do consumo na locomotiva emergente. Especialmente porque as pressões inflacionárias estão cada vez mais presentes naquele país. No Japão, apesar da manutenção de taxas anuais de juros próximas a zero por cento, a economia se arrasta, não havendo indicações de melhorias. Para piorar o quadro, os japoneses se envolvem agora em litígios fronteiriços (disputas por ilhas no Mar da China) com seus vizinhos chineses. Mas é na Europa, e mais precisamente na União Europeia, que as coisas continuam muito complicadas. Apesar de um intenso debate sobre se o remédio da austeridade nos gastos públicos não estaria matando o paciente, assunto que até o FMI já está preocupado, os países continuam adotando duras medidas de rigor orçamentário. O último em data foi anunciado pelo novo governo socialista francês, agora em outubro. A ideia é reduzir tal déficit de 4,5% em 2012 para 3% em 2013. Para tanto, 30 bilhões de euros de economia deverão ser gerados via alta de impostos e redução de despesas.
A crise econômica persiste (II)
Afinal, o déficit orçamentário do Estado francês, que era de 34,5 bilhões de euros em 2007, saltou para 148,8 bilhões em 2010, recuando para 83,6 bilhões de euros em 2012 (estimativa). Para reduzir tal déficit a 61,6 bilhões como deseja o governo em 2013, naturalmente haverá uma freada na economia local. Isso já vem sendo feito há alguns anos pela Grécia, Espanha, Irlanda, Portugal, Itália e outros países do bloco. No caso francês, mesmo que tal esforço seja empreendido, a dívida pública, em 2013, ainda será de 91,3% do PIB anual. Não é preciso dizer que o efeito sobre a geração de empregos é imenso. A taxa média de desemprego oficial era de 9,6% no primeiro trimestre de 2012. Uma das mais altas desde 1975! No entanto, em cidades com menos de 20.000 habitantes, o desemprego chega a bater em 50%. Na Itália, onde a dívida pública deve atingir a 125% do PIB neste ano, um início de reformas estruturais na área trabalhista pode melhorar a geração de empregos e a própria economia. Porém, o processo é muito lento. Como no Brasil, pequenas e médias empresas são responsáveis por boa parte dos empregos, porém, na Itália as mesmas não contratam por estarem bloqueadas por leis que impedem a redução de pessoal para ajustes de custos. Nesse contexto, o Brasil poderá enfrentar dificuldades para crescer um mínimo de 3% em 2013. Afinal, o mercado externo continuará puxando pouco, os juros internos tendem a voltar a subir pela pressão inflacionária, logo mais aumentada pelo reajuste nos preços dos combustíveis, e o consumo interno se esgota.

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