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A credibilidade é deles


Amado de Olveira Filho

       No artigo anterior, tratamos nesta coluna sobre o Memorando assinado entre o Brasil e os Estados Unidos para a produção de biocombustíveis. Recebi uma grande quantidade de email´s com variadas opiniões, no entanto, do Prof. Dr. Adriano Figueiredo da UFMT, da Estudante de economia Evelyne Campos da UFMT, do Consultor Alexander Estermann, do Jornalista Glauco Menegatti e do Dep. Federal Homero Pereira as contribuições trataram da necessidade de credibilidade diante dos grandes mercados.

            Concluí àquele artigo assegurando que não via vantagens efetivas para o Brasil, considerando que temos larga experiência na produção de álcool. Voltando a ler sobre o assunto, vi que o Prof. David Zylbersztajn,  ex-diretor geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), professor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, também pensa assim, garante que Brasil está na vanguarda do setor e poderia conquistar mercados importantes na Europa e Ásia.

            Por outro lado, sabemos que o Memorando tem o objetivo do desenvolvimento de cooperação na área científica, visando buscar padrões técnicos mundiais que permitam transformar o etanol em uma commodity (ou seja, em um produto com as mesmas características em qualquer parte do mundo). Exatamente aí é que está o problema! Para ser reconhecido como commodity, além da qualidade precisa de credibilidade diante do mundo.

            De fato, jamais conseguiremos vender um produto ao mundo, se o mundo não acreditar em quem o produz. Isto é uma realidade que precisa de maturidade para o seu enfrentamento. Mas a questão natural que surge é por que não temos a necessária credibilidade diante dos mercados internacionais? Não são poucas as causas e não são fáceis as soluções.

            Se avaliarmos sobre a ótica da comercialização, verificaremos que os três postulados do comércio são preços, qualidade e continuidade da oferta, condições mínimas para a garantia de sustentabilidade no mercado. Teremos com segurança os melhores preços, alcançaremos a qualidade ideal, mas o que garante ao mundo a continuidade de oferta? Precisamos resolver esta parte da equação!

            A agricultura brasileira não pode mais conviver com ciclos cada vez menores de crises agudas, onde plantar e colher não é a garantia de renda para o setor. Não poderá continuar com um contínuo processo de rolagem de dívidas rurais, isto é um verdadeiro pesadelo para os produtores e ainda, não pode continuar com a confusão ambiental vigente, gerada até mesmo por interesses de mercados internacionais.

            Nossa credibilidade virá com vultosos investimentos na infra-estrutura econômica, onde fique assegurado o transporte e a transformação da produção que o mundo sabe que a agricultura brasileira tem capacidade de oferecer. A garantia desses investimentos não passa apenas por lançamentos de programas, mas por ações concretas de políticas públicas que coloque um basta no crescimento do Estado brasileiro, o governo não pode continuar triplicando seus gastos a cada 20 anos.

            Em recente estudo o Economista Alexandre Marinis com o curioso relatório: Estado grande, crescimento pequeno, democracia fraca, retrata o Brasil que temos. Se a sociedade organizada não se manifestar, se mantermos em nossas cômodas posições de vamos deixar assim para ver o que acontece, vamos continuar a reboque de quem pode vender a credibilidade que não temos.

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