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2012 melancólico



Argemiro Luís Brum
Infelizmente os prognósticos econômicos se confirmaram e 2012 está terminando de forma melancólica. Estamos diante de um dos piores anos dos últimos tempos. Em termos mundiais, a crise continua, e não dá sinais de reversão no curto prazo. No front nacional, o Brasil amarga um PIB entre 0,8% e 1,2%, com o governo insistindo em medidas pontuais de socorro à economia, as quais já não têm o mesmo fôlego de antanho. A falta de infraestrutura se evidencia em todos os pontos, a começar pela educação, passando pelas estradas e portos, e terminando perigosamente na energia elétrica, aonde os investimentos não vieram e os apagões são uma constante. A inflação termina o ano em alta, provavelmente atingindo a 5,7% no acumulado de 12 meses, comprometendo o futuro da política de juros baixos. Nesse quadro, se a Selic ficou em 7,25% ao ano, o foi muito mais por necessidade política do governo do que por segurança econômica. Sem dúvida o juro precisa baixar ainda mais no Brasil, porém, as condições estruturais não estão reunidas para tal. E o governo pouco fez para encaminhar a questão. Assim, o processo não se sustenta, já que a dívida pública cresce, se aproximando dos 2 trilhões de reais, rolada através da venda de títulos públicos, muitos dos quais indexados na Selic. Sem reformas estruturais, não diminuiremos tal dívida, causa principal do descompasso econômico nacional. Paralelamente, o Brasil já não é mais uma referência tão positiva para o investidor e aplicador internacional. O mesmo sabe de nossas fragilidades e da incapacidade de o governo atacá-las, fato que leva a uma saída de dólares do país nesse final de ano, desvalorizando em demasia o Real. Isso pressiona a inflação, já que nosso sistema produtivo não dá conta da demanda interna, estimulada ao consumo pelo próprio governo, a ponto de importarmos até mesmo etanol, gasolina e óleo diesel nestes tempos que correm. O governo termina o ano procurando conter o câmbio na faixa entre R$ 2,00 e R$ 2,10, vendendo parte de suas importantes reservas cambiais. Mas ao mesmo tempo, tal comportamento escancara nossa fragilidade competitiva ao vermos o superávit da balança comercial recuar significativamente em 2012, mesmo diante de uma desvalorização do Real, no ano, superior a 20%. Nesse quesito, mais uma vez a incompetência estatal se faz presente, pois a cobrança de tributos continuou crescendo, ultrapassando a 35% do PIB, enquanto a economia paralisa. Por fim, no Rio Grande do Sul e parte do sul do país, a crise ficou ainda maior porque fomos atingidos por intempéries que causaram perdas sensíveis nas safras de verão e inverno, a tal ponto de o PIB gaúcho terminar o ano ao redor de menos 2%. E a sociedade nacional em geral, repentinamente caiu na real, ao descobrir que consumir é bom, porém, o endividamento e a inadimplência que podem vir na sequência é um desastre de longo prazo. O alívio é que 2013 tende a ser melhor. Afinal, pior do que está será muito difícil ficar, embora não impossível se o governo continuar insistindo em políticas apenas pontuais.

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