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Sistemas Agropastoris: Integração Lavoura – Pecuária (ILP)

Conceitos


Foto: Canva

Atualmente, a exploração racional dos recursos naturais são temas cada vez mais discutidos no crescimento do agronegócio, que tem experimentado um grande desenvolvimento tecnológico e produtivo. 

Quando se discute a sustentabilidade da produção agropecuária brasileira, chama à atenção a questão da degradação das pastagens, em virtude de seu manejo indevido. Este fator é considerado o fator que mais compromete a sustentabilidade da produção animal e é extremamente relevante na queda relativa da produtividade pecuária. Além disto, os sistemas agrícolas tradicionais, compostos de lavouras anuais com excessivo preparo do solo e/ou cultivos contínuos sem rotação de culturas, têm prejudicado a qualidade física e química do solo, assim como aprofundado os problemas de pragas, doenças e de plantas invasoras.

O uso da associação de lavouras de grãos e pastagens anuais tem sido considerada como uma prática cultural eficiente visando a recuperação ou renovação de pastagens degradadas e a qualidade de áreas agrícolas intensamente cultivadas. 

Os Sistemas Agropastoris (ILP) consistem em sistemas de produção agropecuários realizados numa mesma área, em plantio simultâneo, sequencial ou rotativo, de forma temporal e/ou espacial, em que se objetiva a maximização do uso dos componentes vegetais e animais, bem como seus respectivos resíduos e aumento da eficiência no uso de máquinas, equipamentos e mão-de-obra, além de reduzir impactos ambientais e garantir a sustentabilidade do sistema. Porém, como toda atividade econômica, o planejamento prévio e criterioso na implantação do sistema ILP é o que define o seu sucesso ou fracasso. 

Uma das vantagens da ILP é sua grande variedade de culturas passíveis de utilização. As culturas mais utilizadas são a soja, o milho, o sorgo, o arroz, o feijão caupi, o girassol e o milheto, como culturas para a produção de grãos, e a crotalaria, o guandu-anão, o estilosantes e nabo forrageiro como fabáceas (leguminosas) de cobertura e/ou pastejo, além de poáceas (gramíneas) de clima tropical perenes como as dos gêneros Brachiaria e Panicum, consorciadas ou não com a cultura para grãos ou fabáceas.

A implantação de um Sistema Agropastoril permite a diversificação e maximização na utilização de áreas agropastoris já que permite a utilização de áreas em que os agricultores, anteriormente, mantinham apenas como cobertura para o solo na entressafra. Isto permite o incremento da receita do produtor rural com a produção animal nesta mesma área, variando o tempo de permanência com pecuária. O sistema pode contemplar a utilização apenas na entressafra, ou por mais de uma safra, com o objetivo de quebra de ciclo de pragas e doenças da cultura agrícola.

É válido salientar que a maior complexidade de um Sistema Agropastoril resulta em alguns desafios e entraves na sua implantação, muito em função da necessidade de uma maior qualificação e dedicação dos produtores rurais, técnicos e colaboradores. Além disto, cabe ressaltar a necessidade de maior investimento financeiro na implantação, seja com capital próprio ou por acesso ao crédito, disponível hoje como investimento de longo prazo, visto o alto custo em infraestrutura, máquinas, implementos e animais. O retorno do investimento se dá a médio e longo prazo, porém existe a compensação na melhora da qualidade da unidade produtiva, bem como a diversificação e intensificação da atividade agropecuária. 

A grande vantagem da utilização dos Sistemas Agropastoris seja o sinergismo existente entre as culturas e os animais. Deste modo, os animais se beneficiam da forrageira de melhor qualidade e quantidade, advinda da nutrição mineral residual da lavoura produzida em solo corrigido e fertilizado que a antecedeu. E, de modo análogo, a lavoura também se beneficia da melhoria na qualidade física do solo proporcionado pelas raízes das pastagens e pela grande produção de matéria orgânica adicionada ao sistema. Estudos feitos com Sistemas Agropastoris têm mostrado melhoria na produção agrícola e animal, com sistemas mais eficientes, que apresentam aumento nas taxas de lotação, ganho em peso e no rendimento de grãos. 

Ao cabo de uma análise mais profunda das vantagens e desvantagens de uma mudança de paradigma produtivo, os resultados até agora avaliados apontam para uma nova direção nas condições de produção e de conservação dos recursos naturais, indicando a direção da sustentabilidade ambiental da unidade produtiva e econômica do produtor rural.

 

José Luis da Silva Nunes
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Fitotecnia

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