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Sementes tratadas com biológicos: Por que toleram mais a seca?

Estudo elucida a influência de bioinsumos em condições de seca



Segundo estudo, os bioinsumos são uma ferramenta eficaz para condições de seca

Desenvolver estratégias que mitiguem os efeitos cada vez mais evidentes de mudanças climáticas na agricultura tem sido um desafio enfrentado globalmente.  Condições estressantes como a seca, podem causar um grande impacto na produção de alimentos e podem gerar grandes prejuízos aos produtores, independente da cultura.

Apesar do grande esforço de melhoristas para o desenvolvimento de cultivares mais resistentes a seca, inevitavelmente, as grandes culturas são mais afetadas. Em soja, a falta de água prejudica o desenvolvimento, a eficiência produtiva e os processos fisiológico-químicos das plantas, influenciando suas características. Conforme a intensidade do estresse hídrico aumenta, observa-se uma redução evidente nas características fisiológicas, bioquímicas e agronômicas das plantas.

Já é consenso na comunidade científica que os biológicos podem mitigar efeitos estressantes em plantas, como salinidade, doenças, temperaturas extremas, falta ou excesso hídrico. No Brasil, o uso de bioinsumos está cada vez mais presente nas lavouras, trazendo saúde para as plantas e ao solo, a partir das suas múltiplas funções.

Um estudo publicado recentemente no periódico Rhizosphere, elucidou o efeito da inoculação de bactérias no desenvolvimento inicial de soja sob condições de seca. O estudo investigou como a inoculação em sementes de soja com bactérias adaptadas ao estresse hídrico, pode contribuir para um melhor desenvolvimento inicial das plantas por conferir uma maior tolerância à planta a essa condição.

Para uma maior efetividade, os pesquisadores isolaram e selecionaram bactérias resistentes à seca, diretamente no ambiente de cultivo ao qual se aplica. Também caracterizaram esses organismos quanto aos mecanismos promotores de crescimento de plantas de interesse, como produção de hormônios, solubilização de Fósforo, e produção de substâncias agentes de controle biológico, e realizaram a identificação (Bacillus spp. E Pantoea sp.).

As sementes foram inoculadas e as plantas cultivadas em condições controladas, onde parte delas tiveram a irrigação interrompida ainda durante o estágio vegetativo, até que as plantas murchassem, simulando o estresse hídrico.

Os resultados do estudo comprovaram o efeito positivo das bactérias. As plantas que receberam a inoculação bacteriana, apresentaram maior conteúdo de água foliar, uma melhor integridade do tecido foliar, maior teor de clorofila e maior capacidade de realizar fotossíntese em comparação com as plantas que não receberam inoculação. As plantas inoculadas apresentaram um melhor desenvolvimento de parte aérea e também de raízes, além de uma maior nodulação. A inoculação também reduziu a presença de substâncias indicadoras de estresse oxidativo (substâncias produzidas pela planta em resposta a condições de estresse), indicando uma maior tolerância à exposição ao estresse.

Os investigadores confirmaram que essas bactérias influenciam na morfologia, na fisiologia e na bioquímica da planta, favorecendo o desenvolvimento da soja em condições de seca. Estudos como esse são realizados ao redor de todo mundo e são publicados em jornais acadêmicos de alto impacto, que recebem revisão por pares dos pesquisadores mais atualizados nas suas áreas de pesquisa. Esses estudos, são a base para o desenvolvimento de tecnologias de baixo custo e ambientalmente amigáveis, que são cada vez mais necessárias para a manutenção da segurança alimentar mundial. 

Confira outros materiais técnicos nas seções Fertilizantes e Biológicos do Portal Agrolink.

 

Franquiéle Bonilha

Dra. em Ciência do Solo

Consutora Agronômica em PDI

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