Sementes tratadas com biológicos: Por que toleram mais a seca?
Estudo elucida a influência de bioinsumos em condições de seca
![Segundo estudo, os bioinsumos são uma ferramenta eficaz para condições de seca](https://www.agrolink.com.br/upload/imagens-resizes/0663c1e08a854fa0ab8b0bb144386030_858x483.jpg)
Desenvolver estratégias que mitiguem os efeitos cada vez mais evidentes de mudanças climáticas na agricultura tem sido um desafio enfrentado globalmente. Condições estressantes como a seca, podem causar um grande impacto na produção de alimentos e podem gerar grandes prejuízos aos produtores, independente da cultura.
Apesar do grande esforço de melhoristas para o desenvolvimento de cultivares mais resistentes a seca, inevitavelmente, as grandes culturas são mais afetadas. Em soja, a falta de água prejudica o desenvolvimento, a eficiência produtiva e os processos fisiológico-químicos das plantas, influenciando suas características. Conforme a intensidade do estresse hídrico aumenta, observa-se uma redução evidente nas características fisiológicas, bioquímicas e agronômicas das plantas.
Já é consenso na comunidade científica que os biológicos podem mitigar efeitos estressantes em plantas, como salinidade, doenças, temperaturas extremas, falta ou excesso hídrico. No Brasil, o uso de bioinsumos está cada vez mais presente nas lavouras, trazendo saúde para as plantas e ao solo, a partir das suas múltiplas funções.
Um estudo publicado recentemente no periódico Rhizosphere, elucidou o efeito da inoculação de bactérias no desenvolvimento inicial de soja sob condições de seca. O estudo investigou como a inoculação em sementes de soja com bactérias adaptadas ao estresse hídrico, pode contribuir para um melhor desenvolvimento inicial das plantas por conferir uma maior tolerância à planta a essa condição.
Para uma maior efetividade, os pesquisadores isolaram e selecionaram bactérias resistentes à seca, diretamente no ambiente de cultivo ao qual se aplica. Também caracterizaram esses organismos quanto aos mecanismos promotores de crescimento de plantas de interesse, como produção de hormônios, solubilização de Fósforo, e produção de substâncias agentes de controle biológico, e realizaram a identificação (Bacillus spp. E Pantoea sp.).
As sementes foram inoculadas e as plantas cultivadas em condições controladas, onde parte delas tiveram a irrigação interrompida ainda durante o estágio vegetativo, até que as plantas murchassem, simulando o estresse hídrico.
Os resultados do estudo comprovaram o efeito positivo das bactérias. As plantas que receberam a inoculação bacteriana, apresentaram maior conteúdo de água foliar, uma melhor integridade do tecido foliar, maior teor de clorofila e maior capacidade de realizar fotossíntese em comparação com as plantas que não receberam inoculação. As plantas inoculadas apresentaram um melhor desenvolvimento de parte aérea e também de raízes, além de uma maior nodulação. A inoculação também reduziu a presença de substâncias indicadoras de estresse oxidativo (substâncias produzidas pela planta em resposta a condições de estresse), indicando uma maior tolerância à exposição ao estresse.
Os investigadores confirmaram que essas bactérias influenciam na morfologia, na fisiologia e na bioquímica da planta, favorecendo o desenvolvimento da soja em condições de seca. Estudos como esse são realizados ao redor de todo mundo e são publicados em jornais acadêmicos de alto impacto, que recebem revisão por pares dos pesquisadores mais atualizados nas suas áreas de pesquisa. Esses estudos, são a base para o desenvolvimento de tecnologias de baixo custo e ambientalmente amigáveis, que são cada vez mais necessárias para a manutenção da segurança alimentar mundial.
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Franquiéle Bonilha
Dra. em Ciência do Solo
Consutora Agronômica em PDI