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La Niña “escondida”: fenômeno pode estar disfarçado pelo aquecimento global

Efeitos sobre o Brasil devem ser muito brandos



Foto: NOAA

A possibilidade do fenômeno La Niña com intensidade fraca nos próximos meses – apontada pelo Centro de Previsão Climática dos EUA (CPC/NOAA) – tem causado dúvidas entre os meteorologistas. O fenômeno, que costuma alterar a distribuição de chuvas ao redor do globo, traz consigo efeitos diretos sobre o planejamento de safra e decisões no campo. No entanto, os sinais ainda não são claros. 

Se por um lado a atmosfera sugere um padrão compatível com La Niña, por outro, as temperaturas do Pacífico não confirmam plenamente o evento, resultando em um cenário de incerteza quanto à intensidade e duração do fenômeno.

No Brasil, os impactos tradicionais da La Niña não estão se manifestando de modo inequívoco. A distribuição mais uniforme de chuvas na parcela central do país lembra o comportamento típico do fenômeno. Contudo, o Sul do Brasil não apresenta o padrão de seca associado à La Niña, ao contrário do que se esperaria. Além disso, a região Nordeste também não está registrando o incremento de chuvas frequentemente observado em episódios mais intensos do resfriamento do Pacífico. Na prática, essa ausência de efeitos clássicos significa que, até o momento, o setor agrícola nacional enfrenta menor necessidade de ajustes emergenciais no planejamento da safra, contando com uma relativa estabilidade nas condições climáticas.

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Um dos fatores que ajudam a explicar essa possível redução na intensidade da La Niña é o aquecimento global. Os anos de 2023 e 2024 vêm sendo classificados como os mais quentes da história dos registros climáticos, aquecendo os oceanos além do padrão histórico. Essa condição global pode mascarar ou amenizar os sinais de resfriamento na região equatorial do Pacífico. Ao considerar esse aquecimento disseminado, um índice relativo do Ninho-3.4 (que desconta a média de aquecimento tropical) sugere até que a La Niña já poderia estar em andamento. Contudo, essa metodologia não é oficial e há a necessidade de mais pesquisas para entender melhor o comportamento do Pacífico em um mundo mais aquecido. O CPC atribui 59% de chance à La Niña entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, mas prevê que o fenômeno seria fraco e com impactos mais contidos, com uma transição para ENSO neutro muito provavelmente entre Março-Maio de 2025 (61% de probabilidade).

Diante disso, mesmo com a possibilidade de uma La Niña “escondida” no cenário atual de aquecimento global, os efeitos sobre o Brasil devem ser muito brandos. A tendência, reforçada pela maioria das projeções, é a de retorno às condições neutras ao longo do primeiro semestre de 2025, mantendo o clima nacional relativamente estável e sem impactos climáticos intensos associados ao fenômeno.
 

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