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Alta em Nova York aquece o mercado de café


Ganhos obtidos no mercado internacional nos últimos 15 dias incentivaram produtores a desovarem os seus estoques. A comercialização da safra brasileira de café se acelerou nos últimos quinze dias. O aumento das cotações no mercado internacional estimulou os cafeicultores brasileiros, que se mantinham retraídos, a desovarem seus estoques. "O mercado, que vinha se arrastando desde meados de agosto, deu uma boa reagida na última semana", diz Gil Barabach, analista da empresa de consultoria Safras & Mercado.

Os preços praticados na última semana no mercado interno oscilaram entre R$ 185 e R$ 190 por saca de 60 quilos, alta de 13% em relação aos R$ 165 da semana anterior. Segundo Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, apesar da valorização do real frente ao dólar que limitou um pouco os ganhos dos produtores, a cotação, no mercado físico brasileiro, de café arábica com as características exigidas nos contratos de opção, atingiu R$ 190 por saca esta semana.

Já na bolsa de Nova York, os contratos para dezembro encerraram negociados a 70,15 centavos de dólar por libra-peso, em queda de 2,6% no dia, mas acumulando ganhos de 5,7% em sete dias, e de 10,64% em trinta dias.

Com a colheita na reta final nas principais regiões produtoras do Brasil, as indicações de que a safra será em patamares inferiores aos projetados no início do ciclo estão se confirmando. O mercado, que no início do ano cogitava uma safra entre 32 milhões e 35 milhões de sacas, já trabalha com números próximos das 30 milhões de sacas.

Além disso, a ausência de chuvas nas últimas semanas pode comprometer a floração da próxima safra, que, já se sabe, será significativamente inferior à produção recorde de 48 milhões obtida na safra passada. "Todos os fundamentos exerceram pressão positiva sobre os preços do café", diz Barabach.

Na última semana também se encerrou o prazo para que os produtores interessados nos contratos de opção se manifestassem ao governo federal. Com a alta das cotações, alguns cafeicultores optaram por vender no mercado físico.

Outros, entretanto, demonstraram interesse em entregar sua produção à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mas vão monitorar o mercado até o próximo dia 30, data em que a entrega deve ser efetuada. O governo está oferecendo R$ 190 por saca de café. "Ainda não dá para saber se o volume de entrega será alto. Tudo vai depender do comportamento dos preços nos próximos quinze dias", afirma.

Tendência de alta

Aos preços atuais a tendência seria vender no mercado físico, uma vez que os contratos de opção requerem do produtor gastos com o transporte e com a classificação do produto nas normas especificadas pelo governo. "Para que a entrega seja efetuada, os preços têm de subir pelo menos R$ 10 por saca até o fim do mês", afirma Otto Vilas Boas, superintendente da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé).

Segundo Vilas Boas, a lentidão na comercialização da safra se justifica pela liberação dos recursos por parte do governo federal, para estocar a produção. "Os recursos, liberados em agosto, estão sendo bastante utilizados. Com isso, a participação do produtor no mercado vinha sendo restrita", diz.

Pelos cálculos de Villas Boas, cerca de 20% da safra das regiões da Baixa Mogiana e Sul de Minas, estimada em 12 milhões de sacas, já foi comercializada.

Diferença persiste

"Os negócios se intensificaram nos últimos 15 dias." Na sexta-feira os preços praticados pela Cooxupé eram de R$ 185, "valores R$ 20 superiores aos preços de agosto", diz Vilas Boas. A diferença de preço entre os cafés da safra nova e a da velha, porém, persiste. "A diferença oscila entre R$ 5 e R$ 8 por saca", diz Fernando Neto Pereira, gerente de comercialização da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaíso).

Segundo ele, as altas verificadas nos mercados internacionais nas última semana incentivou o registro de um bom volume de negócios, em especial, na terça e quinta-feira da semana passada, quando a cooperativa negociou, respectivamente 25 mil e 15 mil sacas.

"A tendência é de que os preços se mantenham firmes, uma vez que houve um grande volume de realizações na última sexta-feira", avalia Pereira. Levantamento realizado pela Safras & Mercado, indica que até o final de agosto 36% da safra brasileira havia sido comercializada, em comparação com os 44% de igual período do ano passado.

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