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Produtores do Paraná ainda aguardam recursos para safra de café


(08/08/2003 - Coffee Break) -A colheita na região de Londrina já atinge cerca de 70%, porém, a qualidade dos grãos, como na maioria das zonas cafeeiras do país, vem deixando a desejar. “Estamos colhendo grãos muito pequenos e o café bóia tem saído muito chocho”, explicou o presidente da comissão de café da Federação da Agricultura do Estado do Paraná, Wilson Baggio. Segundo o presidente, a previsão mínima de quebra de safra é de 30% e somando esse fato com a baixa qualidade dos grãos, os produtores se encontram abatidos. “Os produtores estão muito desanimados. Os preços não colaboram em nada também. A situação está tão complicada que os preços dos cafés finos mal atingem 150 reais por saca”, afirmou. Em relação aos planos de ajuda elaborados pelo governo, Wilson Baggio reclama e diz que na região os recursos são bastante escassos. “Na agência do Banco do Brasil de Cornélio Procópio chegou uma quantia aproximada de 40 mil reais. Se comparado com os custos que os produtores têm, esse valor não representa nada”, protestou. Quanto a atual situação de mercado, o presidente da comissão apontou que pode haver melhoras. “Hoje o mercado está tão ruim que é possível ocorrer uma pequena melhora no futuro, além do fato de a próxima colheita, a de 2003/04, não ser tão grande quanto estão dizendo”, explicou. O dirigente paranaense lembrou que a crise cafeeira tem uma extensão muito grande. Ele apontou que não apenas produtores e trabalhadores estão sendo sacrificados com o cenário de preços altamente deprimidos. “Passamos por uma forte crise. Os estabelecimentos comerciais estão parados devido à crise no setor cafeeiro, pois é a cafeicultura um dos principais fatores para fazer o capital da região girar”. Como conseqüência desse mau momento no mercado, os cafeicultores estão buscando outras soluções para diminuir seus prejuízos. “Já houve erradicação de alguns pés de café durante essa safra e haverá mais na próxima, pois as lavouras se encontram prejudicadas devido à falta de tratos, conseqüência do não retorno de capital para os produtores, e darão lugar ao cultivo de soja, milho ou outros grãos. A erradicação será grande”, concluiu Baggio.

Exportações globais —A OIC (Organização Internacional do Café) divulgou que as exportações mundiais para todos os destinos, no mês de junho, somaram 7.507.045 sacas, volume 7,31% maior que o verificado em junho de 2002 (6.995.886 sacas). Se comparado com as exportações de maio, 7.710.982 sacas, observou-se uma queda de 2,64%. Entre julho de 2002 e junho de 2003, os países produtores realizaram o embarque de 88.544.392 sacas, 3,62% a mais que o registrado no mesmo período do ano anterior (85.453.484 sacas). Entre outubro de 2002 e junho de 2003, os embarques somaram 66.301.501 sacas, contra 63.580.778 sacas do mesmo período do ano anterior, alta de 4,28%. O Brasil, de acordo com a OIC, fechou o mês de junho com a exportação de 1.744.571 sacas, 8,94% a menos que no mesmo mês de 2002 (1.915.876 sacas). Entre julho de 2002 e junho de 2003, o Brasil embarcou 29.127.831 sacas, 18,53% a mais que no mesmo período do ano anterior (24.547.489 sacas). A Colômbia foi o segundo maior exportador, com 911.684 sacas, 11,67% a mais que o exportado em junho do ano passado (816.413 sacas). Nos últimos 12 meses, o país remeteu 10.519.373 sacas ao exterior, contra 10.411.569 sacas do mesmo período do ano anterior (alta de 1,03%). O Vietnã teve no mês o embarque de 766.667 sacas, contra 614.101 sacas de junho de 2002 (24,84%). Entre julho de 2002 e junho, o maior produtor mundial de conillon exportou 11.307.517 sacas, 3,81% a menos que no mesmo período do ano anterior (11.755.848 sacas).

Britânicos — Em 2002, o Brasil exportou 677,7 mil sacas de café verde para a Inglaterra, segundo os dados do Comtrade Commodities. Tal volume gerou, aproximadamente, 24 milhões de dólares, números que acarretam um preço médio de 35,4 dólares por saca. Esses números indicam que o Brasil aumentou em 195% suas exportações para a Inglaterra e que assumiu uma participação acima de 33,5% no mercado britânico, que em 2001 não ia além dos 12,5%. Com isso, o Brasil supera o fornecimento de robusta do Vietnã, que era de 33% em 2001, e reduz a participação do país asiático a 16% no mercado britânico. O Brasil se encontra atrás da Colômbia apenas no item faturamento. Os colombianos, com cafés exclusivamente do tipo arábica, alcançaram preço médio de 80,9 dólares por saca.

Café nipônico — O Brasil é o principal fornecedor de café verde para o Japão. O fato é confirmado por dados oficiais do governo japonês divulgados recentemente. Um volume de, aproximadamente, 813 mil sacas de café verde foi enviado ao país asiático, número que corresponde a um quarto (25,3%) do total importado pelo Japão no primeiro semestre. Os principais concorrentes brasileiros no país, são Colômbia e Indonésia e um pouco mais atrás vêm Guatemala e Etiópia. Além das exportações de café verde, o Brasil também lidera as exportações de café solúvel para os nipônicos. No primeiro semestre de 2003, os japoneses importaram 80,2 mil sacas de solúvel, o que corresponde a 46,6% do total das importações de solúvel no país, o que totaliza 172 mil sacas.

Embarque menor — As exportações de café da Costa Rica, no mês de julho, atingiram a marca de 179.134 sacas, informou o Icafé (Instituto de Café da Costa Rica). Esse total é 7,02% menor que o verificado no mesmo mês do ano passado — 192.653 sacas. O Instituto destacou que as exportações do país, do início do atual ano safra (outubro de 2002) até o final de julho, atingiram 1.750.688 sacas. Esse número é 5,45% menor que o verificado no mesmo período do ano safra anterior, 1.851.622 sacas. De acordo com o Icafé, a safra atual deverá se encerrar com uma exportação de 1,932 milhão de sacas.

Agregando valor — Sabe-se que a crise no setor cafeeiro é um problema que afeta todos os países produtores do grão, mas se converteu em uma oportunidade para quem decidiu ter uma visão maior e ganhar mais espaço no mercado. Esse é o caso do Café Indiana da Colômbia, que há três anos decidiu dar valor agregado a sua produção e assim obter maiores lucros. A empresa é tem como objetivo, a partir de agora, melhor divulgar internamente o produto, já que ele é bastante reconhecido e adquirido no exterior. A firma de Manizales está há mais de 40 anos no mercado e é bastante reconhecida por exportar café verde a várias indústrias torrefadoras de diversas partes do mundo, através da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia. Diante da crise, e empresa mudou seu foco de atuação e também passou a dedicar-se ao cultivo e ao despolpamento. Em um segundo momento, a Indiana decidiu colocar no mercado o café processado, torrado e moído, como conseqüência da experiência adquirida com a venda da matéria-prima. Foi com as exigências do mercado internacional que surgiram marcas específicas do Indiana. Uma delas leva o nome de São Bartolo, que é um café gourmet tipo exportação, originário da região de onde é produzido o café especial colombiano e que por essa característica é muito apreciado nos mercados mais exigentes, além de valer mais do que o café normal colombiano tipo exportação. A outra é o café excelso (perfeito) tipo exportação, que se obtém a partir do grão verde e se diferencia do anterior porque é uma mistura de cafés com as mesmas características, mas com origens diferentes. Quanto aos cafés exportados, há várias escalas. O supremo, que é produzido de um grão maior, tem cor específica e outras características organolépticas; igualmente está o gourmet, suave ou oriundo de região, que é aquele em que não há mistura. A terceira classe de café produzido pela empresa é um produto nacional que recebe o nome de Café 100% Colombiano, que começa a competir com as demais marcas presentes no mercado interno do país. Atualmente, a Café Indiana exporta café verde para o México, Espanha e Estados Unidos, enquanto os norte-americanos são os únicos importadores do café já processado, mas há contatos com os outros dois países para que o fornecimento passa a ocorrer em breve.

Declínio — As exportações peruanas de café em 2002/03 podem sofrer redução de 34,75% no volume total, atingindo a marca de 1,82 milhão de sacas, contra as 2,79 milhões de sacas exportadas no último ano. Essa redução no volume de sacas embarcadas afetaria diretamente a receita, que provavelmente cairia de 188 milhões de dólares, valor arrecadado no ano passado, para uma quantia entre 160 milhões e 165 milhões de dólares, o que implicaria em uma redução de cerca de 15,72%. Para o presidente da JNC (Junta Nacional do Café no Peru), Raul del Aguila, a possível redução nos números pode ser explicada pela quebra na produção cafeeira peruana. Algumas áreas registram redução na safra de até 50%, explicou o dirigente. “Com os atuais preços da commodity no mercado internacional, os cafeicultores peruanos estão deixando de colher muitos grãos, contribuindo para essa baixa na produção nacional”, declarou. Outra preocupação levantada pela Junta e que poderá afetar ainda mais a produção cafeeira do país é o ressurgimento de grupos terroristas. Nos últimos meses, o Sendero Luminoso, grupo que teve forte atuação na zona rural peruana nos anos 80, voltou a demonstrar que não se esfacelou por completo. Para a JNC, caso guerrilhas como o Sendero voltem a atuar de maneira coordenada, poderá ser observada uma retração forte na produção de várias zonas cafeeiras do país.


Em destaque

* As indústrias de torrefação dos Estados Unidos processaram neste ano, até o último dia 26 de julho, um total de 10,41 milhões de sacas. Esse volume é 1,07% maior que o verificado no mesmo período do ano passado, quando 10,30 milhões de sacas foram processadas. Na semana encerrada em 26 de julho, as torrefações norte-americanas efetuaram o processamento de 340 mil sacas.

* A Sara Lee, que detém marcas líderes do mercado de café torrado no Brasil, informou que, ao fechar o quarto trimestre fiscal, teve queda de 16% no lucro, se comparado com o mesmo período do ano passado, mesmo com aumento de 3% nas vendas. O fechamento do quarto trimestre se deu em 28 de junho e a empresa anunciou lucro líquido de 296 milhões de dólares ou 37 centavos de dólar por ação, números inferiores aos 351 milhões de dólares ou 43 centavos de dólares alcançados por ação na mesma época de 2002.

Fonte: Coffee Break (www.coffeebreak.com.br)

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