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França incentiva pequeno agricultor brasileiro


Sintonizado com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), órgão ligado ao governo francês, vai reforçar seus projetos no Brasil na área de agricultura familiar e desenvolvimento sustentável. Com um orçamento de US$ 300 milhões e 800 pesquisadores, o Cirad é um dos maiores organismos de pesquisa em países tropicais e tem no Brasil seu principal parceiro, com uma movimentação de US$ 20 milhões em projetos.

"Sempre trabalhamos sob demanda, e agora a demanda mudou, com foco na agricultura familiar, proposta que defendemos há mais de 20 anos", afirma o representante da Cirad no Brasil, Etienne Hainzelin. Segundo ele, a agricultura francesa está 100% baseada neste sistema e muito de seu modelo pode ser adaptado para o Brasil.

Nesta linha, uma proposta está sendo gestada em parceria com o Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Agricultura Familiar (Contag) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), entre outras instituições. O "Projeto de Fortalecimento das Capacidades Competitivas dos Pequenos Produtores Rurais" visa identificar produtos, mercados e técnicas de produção que possam alavancar os pequenos negócios. "Em primeiro lugar, temos que fazer a interação entre os atores, para que todo mundo fale a mesma língua e tenha os mesmos objetivos", diz Hainzelin.

"O primeiro passo será um trabalho sobre sistemas de indicação geográfica e certificações de produtos agropecuários", informa a consultora da Unidade de Desenvolvimento Setorial/Agronegócios do Sebrae, Léa Lagares. Serão selecionados seis produtos – como queijo, flores tropicais, cachaça e carne caprina, por exemplo – de regiões diferentes, para receberem intervenções na cadeia. O objetivo é que, a médio prazo, estes produtos possam receber desde certificações simples até denominações de origem controlada (DOC), uma modalidade de propriedade intelectual, como patentes e marcas registradas, área em que a França é mestre. São exemplos de DOC "Champagne" e "Bordeaux", assim como "Porto" e "Havana".

Léa explica que a denominação de origem pressupõe uma ligação com a qualidade, processos de produção e região produtora. Segundo ela, o rótulo é uma estratégia competitiva importante para melhorar a qualidade dos alimentos, agregar valor ao sistema agroindustrial, aumentar a renda dos produtores e inseri-los no mercado com vantagens competitivas. O exemplo francês mostrou isso.

Para dar o pontapé inicial no Brasil – que tem apenas o vinho da Serra Gaúcha como exemplo similar – será realizado um seminário, em outubro, para apresentar o sistema francês, identificar as experiências em curso no Brasil e mapear os produtos de maior potencial. Depois disso, é preciso capacitar técnicos para estabelecer sistemas de certificação.

Na área do desenvolvimento sustentável, o Cirad aposta nos projetos em desenvolvimento na Amazônia, entre eles o de compreensão das dinâmicas regionais, financiado pelo Banco Mundial. "Entender como se dá a ocupação do espaço é importante para o estabelecimento de novas políticas públicas", explica Hainzelin. Estão envolvidos nesta iniciativa 80 pesquisadores da Europa e América Latina.

Pelo menos sete projetos do Cirad estão em andamento na Amazônia, com abordagens que vão desde a produção leiteira ao desmatamento e efeito estufa. O centro de pesquisa também atua no Brasil em áreas como genômica, melhoramento varietal e proteção de culturas.

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