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Consumo de fertilizantes deve crescer 10% neste ano


Por trás do crescimento surpreendente que a safra agrícola brasileira vem experimentando nos últimos anos está o uso cada vez mais intensivo de três componentes químicos: o fósforo, o potássio e o nitrogênio. Juntos, estes produtos formam os fertilizantes minerais, cujo aumento nas vendas tem sido diretamente proporcional ao crescimento da produtividade agrícola. Entre janeiro e junho deste ano, a venda de fertilizantes aumentou 7,5% no país, em comparação com igual período do ano passado. Até o final deste ano, a expectativa é de que o aumento nas vendas chegue a 10%, com o uso de aproximadamente 21 milhões de toneladas de fertilizantes.

O segundo semestre é o período em que mais são intensificados o uso de adubos. É nesta época que a soja e o milho, lavouras que mais usam fertilizantes, começam a ser plantados. Dos 19,1 milhões de toneladas de adubos consumidos ano passado, 35% foi para a soja. A plantação de milho respondeu por cerca de 18% do consumo de adubos. No aumento da venda de adubos do primeiro semestre, tiveram peso a lavoura da cana-de-açúcar, na qual são consumidos 16% dos fertilizantes; e a do café, com 8% dos fertilizantes.

Aumento efetivo

O diretor executivo da Associação dos Misturadores de Adubos do Brasil (AMA-Brasil), Carlos Eduardo Florence, explica que, diferentemente do ano passado, quando o primeiro semestre também registrou aumento nas vendas de fertilizantes, o crescimento de 7,5% conquistado, entre janeiro e junho deste ano, foi efetivo.

- No ano passado, como havia sinalização de aumento do dólar para o segundo semestre, os agricultores anteciparam a compra de adubos para estocagem. Este ano, como a moeda estrangeira está estável, não houve antecipação nas compras. Deduz-se que houve efetivo aumento no uso de fertilizantes - disse Florence.

O diretor afirma que o uso de fertilizantes cresce há alguns anos à taxa média de 10% no Brasil. Florence diz que o uso dos componentes químicos se disseminou de tal forma pelo País, que já praticamente não existem mais lavouras econômicas que deles não façam uso. O pesquisador da de solos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Alberto Bernardi assegura que 50% do potencial produtivo das principais culturas agrícolas brasileiras são expressadas com o uso de fertilizantes.

Para Bernardi, a tendência é de que o uso de adubos seja realmente maior este ano, por conta da safra recorde conquistada no ano passado e em razão dos bons preços obtidos no mercado internacional por produtos com soja, laranja, açúcar e algodão.

Garantia de produção

"O fertilizante representa, em geral, cerca de 25% do custo das culturas. Mas com a sua utilização em doses adequadas já estão garantidos 50% do potencial produtivo. O restante é devido ao clima, aos cultivares adequados, ao controle de pragas e doenças e ao manejo agrícola", diz Bernardi. Ele explica que os solos brasileiros normalmente têm baixa fertilidade e que, por isso, quase sempre é necessário o uso de fertilizantes para que se obtenha boa produtividade.

O aumento do consumo de fertilizantes no país tem obrigado grande parte das empresas misturadoras a importar os produtos. Atualmente, do total de adubos utilizados nas lavouras brasileiras, cerca de 60% são importados. Os demais 40% são fabricados no País com grande margem de lucro para os produtores.

O diretor executivo da AMA-Brasil explica que os produtores dos componentes de fertilizantes têm uma grande margem de lucro por serem protegidos por tarifas portuárias brasileiras caras e pelo alto custo do transporte para importar os componentes.

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