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Soja sobe 5,6% com clima quente e seco


Ao contrário do que se esperava, não choveu no último fim de semana no Meio-Oeste americano, provocando forte alta dos preços dos grãos na bolsa de Chicago. As cotações da soja subiram 5,6%, as do milho fecharam em alta de 3,8% e as do trigo, de 1%. A disparada dos preços estimulou as vendas futuras de soja no Brasil. Estima-se que, somente ontem, os produtores tenham antecipado a comercialização de pelo menos 1 milhão de toneladas da safra 2003/04, segundo um trader.

É crescente a opinião de que o clima excessivamente quente e seco, com temperaturas de até 38 graus Celsius, poderá reduzir a produtividade da soja nos Estados Unidos.

Ontem, após o fechamento do pregão, o governo americano surpreendeu o mercado divulgando uma piora além da esperada da condição das lavouras. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 56% das plantações estão em situação considerada de boa a excelente, abaixo dos 62% registrados na semana anterior e dos 66% apurados no início de junho, quando a agência divulgou seu primeiro levantamento. "Os mais pessimistas falavam em uma piora de 4 pontos das condições das lavouras. Uma piora de 6 pontos é surpreendente", diz Ricardo Tartarotti, da Lasalle Corretora.

As lavouras em condição de ruim a péssima representam 16% do total, mostrando uma piora significativa em relação ao relatório de dois meses atrás, quando representavam 6%. O levantamento é feito com a ajuda de 5 mil técnicos que vistoriam as lavouras "in loco".

"Com esse relatório, hoje trabalhamos sobre fatos, não sobre especulações. O calor chegou numa hora péssima para as lavouras americanas", diz Renato Sayeg, da Tetras Corretora. "Se não houver uma mudança de quadro, a produtividade certamente será afetada", acredita. Em seu último relatório, o USDA estimou a safra norte-americana em 77,88 milhões de toneladas, um número considerado excessivamente conservador pelo mercado. "Hoje, com o clima como está, vemos que esse conservadorismo do USDA começa a fazer sentido", diz Sayeg.

Os fundos de investimento aproveitaram para cobrir suas posições e compraram 7 mil contratos no grão e outros 7 mil no farelo. "A América do Sul foi destaque em vendas. O produtor aproveitou para fixar preços", diz Tartarotti.

As vendas futuras - instrumento em que o agricultor fixa preços para pagamento e entrega da soja somente na colheita - ganharam fôlego ontem. "Quando o USDA previu uma safra americana de soja menor que a esperada, o Brasil fixou 600 mil toneladas de soja. Ontem, o agricultor fixou, no mínimo, 1 milhão de toneladas", diz um trader, em São Paulo. Ele estima que, no total, o agricultor já tenha fixado pelo pelos 6 milhões de toneladas de soja, ou 12% da safra brasileira. Em igual período do ano passado, as vendas futuras representavam 25% da safra. "As vendas estão lentas, mas o produtor vem mostrando que está fazendo o jogo certo", diz.

Ontem, em Rondonópolis (MT), foram feitos negócios futuros de US$ 9 a US$ 9,70 a saca para entrega em março, acima dos US$ 8,80 a US$ 9 praticados na sexta-feira. "Muitos negócios foram feitos. Enquanto o mercado físico ficou paralisado o futuro deslanchou", diz um trader da região.

Na região de atuação da Cooperativa Agropecuária Mourãoense (Coamo), a venda futura estava aquecida, a US$ 10,50 a saca, acima dos US$ 9,85 a US$ 9,90 praticados na sexta-feira. "O produtor fechou negócios para pelo menos pagar os custos iniciais da lavoura que pretende plantar neste ano", diz Roberto Petrauskas, superintendente de comercialização da cooperativa. No mercado físico, poucos negócios foram fechados. "A alta da segunda-feira deve rebater no Brasil nesta terça-feira. Por isso, o produtor vai esperar mais um pouco", acredita.

Na bolsa de Chicago, os contratos da soja para novembro, da safra nova, fecharam a 580,50 centavos de dólar o bushel.

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