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Produtor de soja do Rio Grande do Sul segura venda da oleaginosa


A safra recorde de soja neste ano encheu não apenas os olhos, mas também o bolso do produtor do Rio Grande do Sul. Mais capitalizado, o sojicultor já colheu os frutos de um plantio garantido pelo clima e pelo avanço tecnológico. No Estado, a Emater/RS indica que foram colhidas 9,1 milhões de toneladas - superando a safra de 2002, de 6,9 milhões de toneladas - a maior de todos os tempos, indicando boas perspectivas para todos os segmentos econômicos nos municípios produtores.

Com cerca de 45% da safra gaúcha comercializada - volume considerado abaixo da média se comparado a 2002, quando neste mesmo período 60% da produção já havia sido colocada no mercado -, o agricultor não tem pressa de vender. Aguarda o momento para colocar o grão no mercado por um preço mais atrativo. No entanto, as revendas de automóveis e máquinas agrícolas registram faturamentos até 100% maiores em comparação com outros anos. Também as indústrias de implementos estão empregando mais, e o mercado financeiro recebe mais investimentos. Segundo o analista Flávio França Júnior, da Safras & Mercado, isto é reflexo de um produtor que está investindo, mas com cautela na venda.

"Na safra de 2002, o mercado foi impulsionado pelo câmbio. No mês de dezembro, o preço da saca (60 quilos) chegou a R$ 49,24", lembra. Mesmo considerando a espera por melhores preços uma atitude correta, França Júnior acredita que esta lentidão no escoamento da safra não deve se prolongar. "Os Estados Unidos preparam-se para a colheita, e o mercado exportador corre o risco de ter os preços depreciados pela competitividade", destaca.

Para França, se o produtor resolver escoar de uma só vez, o mercado poderá funcionar como uma bomba-relógio. A saca de 60 quilos está cotada, em média, a R$ 36. No começo da safra, este valor oscilou e atingiu R$ 37,50, entre maio e junho. Mas os produtores contam com uma situação atípica. A Lei 10.688 estipula o dia 31 de janeiro como limite para que a safra 2002/2003 seja comercializada. Mas o governo adiou o prazo para o dia 31 de março.

"Há uma limitação na capacidade de esmagamento no Estado. Portanto, o prazo inicial de 31 de janeiro não seria suficiente para escoar a produção", diz o diretor da Brasoja, Antônio Sartori. O analista ainda salienta que o Estado deverá dobrar suas vendas para o mercado externo. Serão 3,5 milhões de toneladas de soja. No ano passado, foram exportadas 1,7 milhão de toneladas. Este volume, ressalta, irá gerar receita de US$ 800 milhões.

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