CI

Consumo de algodão é o menor em 14 anos nos EUA


O consumo de algodão por parte da indústria têxtil dos Estados Unidos caiu em abril para uma baixa recorde dos últimos 14 anos, com a retração da demanda por tecidos e a desativação de fábricas em meio à competição de concorrentes estrangeiras de menor custo. Em resposta à redução da demanda, os preços futuros do algodão foram negociados em queda no pregão de sexta-feira da bolsa de Nova York. Os embarques para entrega outubro foram cotados a 53,60 centavos de dólar por libra-peso, em queda de 0,9%.

Os contratos futuros de algodão acumulam queda de 3% em sete dias e de 3,7% em trinta dias na bolsa de Nova York, mas se mantêm 33% superiores às cotações praticadas um ano atrás.

As fábricas de tecidos tiveram em abril um consumo de algodão de 7,1 milhões de fardos de 500 libras-peso, o mais baixo patamar desde novembro de 1988, informou o Conselho Nacional de Algodão dos Estados Unidos. O consumo da matéria-prima no mês de abril caiu 5,5% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo relatório do Departamento de Censo norte-americano.

A produção de tecidos migrou para a China, a Índia, o Paquistão e a Turquia, fazendo com que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projetasse exportações recordes de algodão. Com a acentuação da crise, as indústrias de algodão norte-americanas fecharam 166 unidades de produção desde 2001, segundo o Instituto Americano de Manufatura Têxtil, com sede em Washington.

Rápida desaceleração

"É uma grande surpresa a rapidez da desaceleração do consumo norte-americano", disse Jerry Rowland, principal executivo da National Textiles LLC, com sede em Winston-Salem, Carolina do Norte, que produz tecidos utilizados na área de confecções, como as roupas íntimas Hanes da Sara Lee Corp. "Se os Estados Unidos não fizerem alguma coisa para deter o ingresso de tecidos e confecções estrangeiros no país, o consumo interno de algodão cairá para 4 milhões de fardos até 2006."

A demanda por tecido desaqueceu pressionada pela redução das compras de roupas no grande varejo. As vendas das lojas norte-americanas de vestuário e acessórios caíram 3,2% em abril, em relação ao total de março, na maior retração desde setembro de 2001, segundo informações divulgadas pelo Departamento de Censo.

Varejo norte-americano

"As vendas do varejo viraram pó, principalmente as de confecções, devido ao desaquecimento por que passa a economia dos Estados Unidos", disse Cass Johnson, vice-presidente sênior do Instituto Americano de Manufatura Têxtil. A maior causa da queda do consumo de algodão nos Estados Unidos é a alta competitividade dos produtos têxteis asiáticos importados, revelou.

A Levi Strauss & Co. e outras fabricantes de confecções deslocaram a produção para o exterior a fim de reduzir os custos, contribuindo para a queda da demanda interna de tecidos.

Uma das maiores empresas mundiais do segmento, a Levi Strauss, com sede em São Francisco, na Califórnia, fabricante dos "jeans" Levi’s e das calças Dockers, fechou seis de suas oito fábricas norte-americanas no ano passado. A companhia também transferiu parte da produção para países onde o custo da mão-de-obra é menor, como o México.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.