Aplicação de defensivos agrícolas sólidos ou líquidos: qual a diferença?
Leia sobre as diferenças da aplicação de defensivos agrícolas sólidos ou líquidos.
As aplicações de defensivos ocorrem via líquida, sólida ou gasosa, a depender do estado físico do defensivo, sendo a aplicação via líquida, usando água como diluente (veículo) a mais utilizada. Porém, em algumas situações, as dificuldades para conseguir ou transportar água fazem com que a aplicação seja feita via sólida ou via líquida sem o uso de água. Já a aplicação via gasosa, devido à sua complexidade e dificuldade, é pouco utilizada.
Os equipamentos utilizados para a aplicação de defensivos variam conforme o estado físico dos produtos. Por exemplo, o pulverizador aplica produtos na forma de gotas, o nebulizador na forma de neblina, a granuladora na forma de grânulos e a polvilhadora na forma de pó.
Abaixo, vamos ler sobre as características das diferentes formas de aplicação de defensivos e as máquinas utilizadas para estas aplicações.
Aplicação de defensivos por via sólida
Por dispensar a diluição, possui como vantagem a não utilização de água. As fórmulas estão prontas para o uso. Porém, o transporte de grandes quantidades de defensivos sólidos aumentam o custo. Esta aplicação pode ser feita através de pó (pouco utilizada) ou de grânulo, a depender da granulometria do material.
Aplicação de defensivos granulados
A aplicação de defensivos granulados tem crescido nos últimos anos. Podemos citar produtos sistêmicos aplicados no solo, visando o controle de pragas como larvas, lepidópteros, nematoides etc. Inseticidas de contato granulados também podem ser aplicados no solo, bem como herbicidas e fungicidas, claro, a depender das características dos produtos.
As doses são recomendadas em quilos por hectare, gramas por metro de sulco ou gramas por planta.
A velocidade de liberação dos defensivos granulados pode ser controlada (aumentando o efeito residual), dependendo do elemento utilizado como veículo. Além disso, os grânulos resistem à ação do vento, e não devem formar pó. Tais características tornam essa uma aplicação mais segura quando comparada a outras alternativas, sendo vantajoso ao aplicar produtos bastante tóxicos.
Uma boa formulação de grânulos deve:
- possuir fácil escoamento;
- não empastar;
- não formar pó;
- não se quebrar durante o transporte e armazenamento.
Dentre as vantagens da aplicação de defensivos granulados, temos:
- A aplicação pode ser feita com equipamentos simples, sendo uma opção para regiões pouco desenvolvidas;
- O risco ao operador é reduzido, pois o ingrediente ativo está dentro da partícula sólida;
- Produtos voláteis podem ser liberados mais lentamente;
- Os grânulos podem ser colocados com maior exatidão no solo ou nas folhas;
- Maior precisão na distribuição;
- Menor risco de deriva;
- Dispensa operação de diluição e o volume do defensivo pode ser menor, aumentando o rendimento da operação;
- Calibração mais fácil.
Equipamentos e máquinas para a aplicação de defensivos sólidos
Dentre os equipamentos para a aplicação de defensivos sólidos, temos os aplicadores de pó e os aplicadores de grânulos.
Os aplicadores de pó, chamados também de polvilhadoras, assopram pó-seco na área, pronto para ser usado. Para isso, o equipamento deve possuir um sistema de ventilação e um reservatório. A vazão do pó deve ser controlada, e os equipamentos de precisão possuem um dosador que regula a quantidade de saída do produto. Já as polvilhadoras menos tecnológicas não possuem ventilador e dosador independentes. Atualmente estes equipamentos não são mais utilizados, sendo substituídos por outros processos mais eficazes e seguros.
Os aplicadores de grânulos são mais simples que os aplicadores de pó, pois não necessitam de ventilador, e este tipo de aplicação vem crescendo nos últimos anos. Para aplicar os grânulos nas covas, pode-se utilizar diferentes equipamentos como por exemplo a matraca, bastante utilizada para distribuir inseticidas sistêmicos em covas em volta de algumas culturas perenes. Existem granuladoras manuais, costais ou montadas em trator. A aplicação pode ser feita no sulco de plantio, ao lado das plantas já estabelecidas ou até a lanço.
Existem modelos que espalham os grãos a lanço, ligados a uma grade que incorpora o material no solo. Essa grade pode incorporar os defensivos sob a saia das árvores. Na aplicação de grânulos em covas, aciona-se o equipamento em cima de um recipiente coletor, mede-se o peso do material e acerta-se a dose por cova abrindo e fechando o dosador, por tentativa e erro. Já na aplicação em sulco, aplica-se o produto em cima de uma lona com comprimento conhecido, pesa-se o material depositado, e por tentativa e erro ajusta-se a abertura do dosador buscando a dosagem desejada.
Aplicação de defensivos por via líquida
Na aplicação de defensivos líquidos geralmente o produto é diluído em um líquido (veículo) adequado antes de ser aplicado, sendo a água o veículo mais utilizado. Essa mistura do produto com o veículo é chamada de calda. Em algumas aplicações em ultra baixo volume (UBV) não ocorre adição de líquido diluente. A aplicação é feita na forma de gotas (pulverização) ou com gotas muito pequenas na forma de neblina (nebulização).
As partículas líquidas possuem maior aderência no alvo do que o pó, sendo necessário dosagens mais baixas. Existem diversos equipamentos para atender as diferentes situações. Devemos ter em mente os diversos fatores que influenciam em uma aplicação e devem ser sempre considerados, como as condições ambientais, as características do produto, a experiência e o cuidado do operador etc. Estes fatores podem interagir entre si, de forma a mudar as características e a eficiência da operação de aplicação ou até inviabilizá-la.
Equipamentos e máquinas para a aplicação de defensivos líquidos
Os equipamentos para a aplicação de defensivos líquidos podem ser divididos em pulverizadores, injetores e nebulizadores.
Os pulverizadores aplicam a calda na forma de gotas, sendo a pulverização o sistema mais utilizado para a aplicação de defensivos, e possuem um tanque, uma fonte de energia para acionar o líquido e um elemento formador de gotas. Os pulverizadores podem ser classificados de diversas formas, como a forma de transporte dos equipamentos, forma de energia utilizada ou forma de levar a gota até o alvo. Neste último caso, podem ser divididos em pulverizadores de jato lançado e pulverizadores de jato arrastado.
Nos pulverizadores de jato lançado, as gotas são lançadas no ar pelos bicos e chegam ao alvo com a sua própria energia cinética. Já nos pulverizadores de jato arrastado, as gotas são levadas até o alvo através da corrente de ar.
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
CONTIERO, R.L., BIFFE, D.F., CATAPAN, V. Tecnologia de Aplicação. In: BRANDÃO FILHO, J.U.T., FREITAS, P.S.L., BERIAN, L.O.S., and GOTO, R., comps. Hortaliças-fruto [online]. Maringá: EDUEM, 2018, pp. 401-449. ISBN: 978-65-86383-01-0