Como aplicar herbicidas pós-emergentes?
Leia sobre os aspectos que influenciam a eficiência de herbicidas pós-emergentes.
Os herbicidas pós-emergentes são absorvidos pelas folhas, logo, quanto maior a quantidade depositada nas folhas, maior a probabilidade de absorção do produto. Estes produtos podem ser imóveis (de contato) ou móveis (sistêmicos). Para os imóveis, busca-se maior necessidade de cobertura das folhas aumentando o número de gotas depositadas por área foliar.
Em caso de dessecação, o produto mais utilizado é o glifosato, que é móvel, podendo ser aplicado com gotas maiores (entenda a relação entre o tamanho das gotas e a cobertura clicando aqui), tendo baixa necessidade de cobertura. Já o uso em dessecação de herbicidas pós-emergentes imóveis ou de contato, como o glufosinato e paraquat, merecem maior atenção. Esses produtos se apresentam como uma alternativa para plantas daninhas resistentes ao glifosato e apresentam ação rápida, mas exigem boa cobertura da superfície foliar. Merecem atenção também quanto ao efeito guarda-chuva: as plantas daninhas maiores ou eretas podem interceptar o herbicida imóvel, fazendo com que este não atinja as plantas daninhas menores ou de hábito rasteiro de forma suficiente. O efeito pode ocorrer mesmo em pós-emergência inicial, principalmente quando ocorre alta densidade de plantas daninhas na lavoura.
A aplicação em doses insuficientes, condições climáticas adversas, em plantas daninhas estressadas ou fora do estádio recomendado de aplicação geralmente possui seus efeitos percebidos, ao passo que a aplicação em doses altas em plantas suscetíveis não irá evidenciar esses problemas de aplicação.
Devemos nos atentar a alguns fatores para melhorar a eficiência desses produtos. Por exemplo, para herbicidas graminicidas inibidores de ACCase, para aumentar a retenção e absorção das gotas nas folhas, acrescentamos adjuvantes. Ocorre que estas folhas são estreitas e se encontram em posição vertical, dificultando muito a retenção e absorção de herbicidas sem adjuvantes.
Também devemos nos atentar à compatibilidade entre os produtos utilizados. Muitas vezes utilizamos mais de um produto para aumentar o espectro de controle, e as aplicações em pós-emergência muitas vezes coincidem com a aplicação de fungicidas, inseticidas, fertilizantes etc., que podem entupir o sistema de aplicação e/ou perder o efeito dos produtos por reações químicas entre eles. Como diversos defensivos são lançados todos os anos, que muitas vezes ainda não foram testados quanto à sua compatibilidade com outros produtos, recomenda-se fazer um teste visual, utilizando por exemplo uma garrafa pet de 2L, simulando a mistura antes de preparar um volume maior.
Outro fator importante é a qualidade da água utilizada na elaboração da calda. Apesar de não ser um problema tão comum, podem ocorrer efeitos adversos, como a presença de cátions (ferro, zinco, cálcio etc.) que reduzem a eficiência do glifosato. Você pode saber mais sobre a qualidade da água na aplicação de defensivos clicando aqui.
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
CAVENAGHI, A. L.; CARBONARI, C. A. Tecnologia de Aplicação de Herbicidas Para o Controle de Plantas Daninhas. In: ANTUNIASSI, U. R.; BOLLER, W. Tecnologia de Aplicação Para Culturas Anuais. 2. ed. Passo Fundo, RS: Aldeia Norte, 2019. p. 283-303.