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Como aplicar fungicidas em cereais de inverno?

Leia sobre a aplicação de fungicidas em cereais de inverno.


Foto: Canva

Os cereais de inverno (trigo, cevada, aveia, centeio etc.) muitas vezes são alvos de doenças fúngicas que atacam folhas e espigas, apresentando diferentes reações a esses ataques. Existem poucas cultivares resistentes às doenças fúngicas, sendo necessária a aplicação de fungicidas, cujo número de aplicações, momento e intervalo depende de variáveis como clima, cultivar, condições de cultivo, espécie do patógeno etc. Algumas cultivares podem exigir apenas uma ou duas aplicações, ao passo que outras podem exigir mais, ficando evidente a escolha de cultivares que tenham boas respostas a essas doenças. Observe a tabela abaixo (dados de 2006):

Tabela 1. Porcentagem de cultivares brasileiras e suas resistências à doenças do trigo.
Reação Oídio Ferrugem da folha Mancha-amarela Giberela Brusone
Porcentagem de cultivares
Resistente 10,1 9,1 0,0 0,0 0,0
Moderadamente resistente 25,2 28,5 26,4 11,1 27,0
Moderadamente suscetível 42,4 37,7 37,7 56,5 46,0
Suscetível 22,3 24,7 24,7 32,4 27,0

Fonte: Informações Técnicas para a Safra 2007, Embrapa Trigo, Documentos 71, 2006.

Quanto ao estádio da planta, doenças como ferrugem e oídio geralmente aparecem a partir do final do perfilhamento ou início da elongação. As manchas foliares geralmente aparecem a partir do emborrachamento, a giberela aparece na floração e a brusone no emborrachamento e espigamento. Claro, a infecção pode ocorrer antes ou depois desses estádios, a depender das condições de clima e de cultivo, sendo necessário o monitoramento frequente.

Quanto às condições de cultivo, a monocultura pode antecipar as manchas foliares para a fase de perfilhamento, antecipando cerca de 20 a 30 dias quando comparada ao cultivo em rotação de culturas. O tratamento de sementes também fornece uma boa proteção contra as infecções de oídio e ferrugem até os 40 dias após a emergência.

O arranjo das plantas e a área foliar dos cereais de inverno facilitam a deposição de defensivos. Após o espigamento, devido ao desenvolvimento da cultura, a deposição é mais prejudicada, principalmente na parte inferior das plantas. Doenças como a giberela e brusone exigem uma pulverização direcionada para as anteras ou ráquis, respectivamente, durante momentos de exposição destas estruturas.

Cerca de 2/3 dos cultivares de trigo são suscetíveis às doenças foliares, exigindo a aplicação de fungicidas antes do florescimento. Quando surge a doença, as aplicações não devem sofrer atraso, pois nem o aumento da dose recupera o prejuízo causado pelo atraso.

 

 

A aplicação de fungicidas para o controle de doenças fúngicas nos cereais de inverno (e em qualquer outra cultura) devem levar em conta o estádio da cultura, a espécie causadora da doença, as condições climáticas e a expectativa de rendimento. No caso de cultivares suscetíveis à ferrugem ou oídio (doenças que ocorrem mais cedo), podem ser necessárias três aplicações, feita na elongação, emborrachamento e floração, sendo a primeira na presença de sintomas ou quando as condições climáticas forem favoráveis às doenças. Já para cultivares resistentes à ferrugem e ao oídio, porém suscetíveis às manchas foliares, podem ser feitas duas aplicações, sendo a primeira na elongação / emborrachamento e a segunda na floração. Para a brusone, é feita uma aplicação no emborrachamento e outra na floração, esta última, também controlando a giberela, que pode aparecer durante as chuvas quando as anteras estiverem presentes nas espigas.

 

Aplicando fungicidas nos cereais de inverno

Antes de aplicarmos fungicidas nestas culturas, devemos considerar o IAF (índice de área foliar), principalmente nos estádios mais avançados de desenvolvimento das culturas. Fungicidas de contato geralmente apresentam um bom controle quando utilizados com 50 a 70 gotas com tamanho de 100 a 200 µm para cada cm² de área foliar, ao passo que fungicidas sistêmicos requerem 30 a 40 gotas com 200 a 300 µm por cm². Simplificando, devemos utilizar gotas finas ou médias para fungicidas sistêmicos e gotas muito finas ou finas para fungicidas de contato (protetores.

Caso a cultura tenha um índice de área foliar de 3,0, a aplicação de fungicidas sistêmicos com densidades de 30 a 40 gotas médias por cm² pode ser alcançada com volumes de calda de 130 a 165 L/ha. Caso essas gotas sejam classificadas como médias a finas, utilizamos 40 a 50 L/ha, respectivamente. Se utilizarmos pontas de jatos cônicos vazios, que formam gotas finas, os volumes de 75 a 100 L/ha têm proporcionado controles eficientes em doenças foliares nas culturas de inverno.

No caso da brusone giberela, volumes de 150 a 200 L/ha com jatos direcionados para as espigas (pontas com jatos angulados ou jatos duplos) proporcionam maior eficiência no controle.

Aplicações aéreas também são uma opção interessante, pois possuem maior rapidez na aplicação, maior uniformidade e precisão, além de não amassar a cultura e poderem apresentar maior eficiência no controle.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

ANTUNIASSI, U. R.; BOLLER, W. Tecnologia de Aplicação para Fungicidas. In: ANTUNIASSI, U. R.; BOLLER, W. Tecnologia de Aplicação Para Culturas Anuais. 2. ed. Passo Fundo, RS: Aldeia Norte, 2019. p. 283-303.

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