Assistência de ar em gotas na aplicação de defensivos
Leia sobre a assistência de ar em gotas na aplicação de defensivos.
A assistência de ar em barras apresenta uma cortina de ar que incide sobre o jato de pulverização, aumentando a velocidade vertical das gotas e promovendo maior penetração de calda nas plantas. O uso de assistência de ar na barra de pulverização ao aplicar defensivos pode reduzir a deriva, aumentar a penetração das gotas no dossel da cultura e melhorar a distribuição da pulverização. Além disso, provoca também uma turbulência do ar com as gotas entre as folhas, mesmo nas partes mais inferiores e/ou baixas da planta, possibilitando maior cobertura da aplicação.
O sistema pode ser único, com o fluxo de ar paralelo ao jato de pulverização, ou angular independente (fluxo de ar em ângulo em relação ao jato de pulverização) podendo variar a altura do encontro do ar com o jato. Conforme o ângulo entre o fluxo de ar e o jato, altera-se a dinâmica de movimento das gotas, sendo uma opção interessante em algumas culturas como as gramíneas por exemplo. Também é uma opção em culturas como a soja, que produzem alta massa foliar e possuem alta densidade de plantas na lavoura, que dificulta que as gotas de pulverização atinjam o terço inferior da planta.
Os pulverizadores com esse sistema possuem um ou dois ventiladores, que costumam ser do tipo axiais, posicionados no centro da barra, atrás do trator, distribuindo o ar em um duto inflado montado em cima da barra. A velocidade do ar pode variar com a rotação do ventilador. Vale destacar que a relação entre volume de ar gerado e rotação do ventilador não é linear.
O uso da assistência de ar nas barras dos pulverizadores permite o uso de gotas menores e em maior número, e permite a redução de volume e consequentemente dos reabastecimentos, aumentando o rendimento. Alguns estudos ilustram a melhora da cobertura do alvo e o aumento da densidade de gotas por cm² nas folhas medianas e inferiores de culturas como a soja ou o feijão, resultando em aumento de produtividade.
Abaixo, vamos detalhar algumas destas características e aspectos da assistência de ar em barras na aplicação de defensivos.
Velocidade do ar sobre os jatos de pulverização
A velocidade e o volume de ar são relacionados ao estádio de desenvolvimento da cultura. Quanto maior o índice de área foliar, menores as perdas das gotas pela deflexão do ar. No caso de plantas de menor porte, o sistema de assistência de ar pode ou não trazer vantagens, ou até aumentar a quantidade de calda perdida para o solo. No caso de cereais, alguns estudos apontam que o uso de velocidade reduzida do sistema de assistência de ar aumenta a cobertura do defensivo na planta, reduzindo a perda do produto para o solo, que gera contaminação. Já em solo nu, sem a vegetação, a assistência de ar pode aumentar a deriva com a deflexão do ar proveniente do sistema.
Ângulo do jato e fluxo de ar
O ângulo de posicionamento dos bicos em relação à cortina de ar, bem como dos bicos e cortina de ar em relação à vertical influenciam muito no depósito e distribuição dos defensivos. Existem modelos de pulverizadores que as alterações dos bicos e cortina de ar em relação à vertical, a favor ou contra o deslocamento do conjunto são realizados simultaneamente com o comando em eixo único.
Alguns estudos apontam que o posicionamento dos bicos em 30º a favor do deslocamento em pulverizadores sem assistência de ar aumenta o depósito dos produtos nas culturas. Estudos com os bicos junto com assistência de ar a favor do deslocamento apontam também o aumento da deposição e redução da contaminação do solo.
Volume de calda
Um estudo feito por GARCIA et al. (2004) mostrou que o tratamento na dessecação da aveia-preta com dois herbicidas teve desempenho igual quando houve redução do volume de calda pela metade e uso de assistência de ar na barra pulverizadora. Porém, o efeito benéfico pode não ocorrer em alguns cenários, como a presença de outras plantas durante uma dessecação, por exemplo.
Deriva
O uso de gotas finas proporciona maior cobertura no alvo na pulverização de um defensivo, porém, quanto menor o tamanho das gotas, maior a chance de deriva. O uso de assistência de arpossibilita o uso das gotas finas de forma mais eficiente, reduzindo a deriva e aumentando a cobertura das plantas, além de aumentar a deposição em culturas mais adensadas.
Ocorre que, além de aumentar a velocidade de deslocamento das gotas em direção ao alvo, o sistema diminui os efeitos do vento ambiente na direção das gotas.
Penetração das gotas e variabilidade dos depósitos
A assistência de ar em pulverizadores agrícolas pode melhorar a penetração da pulverização no dossel da cultura, principalmente em culturas altas ou com densidade foliar, como a batata, feijão ou soja. Ocorre aumento dos depósitos na superfície inferior das folhas na parte inferior das plantas, melhorando o controle de de diversas pragas e doenças como pulgão, mosca branca ou ácaros.Já em solo nu ou em plantas em estádios iniciais de desenvolvimento, esse efeito positivo não ocorre.
Quanto à deposição, esta pode ser melhorada com a assistência de ar em culturas de cereais como o trigo por exemplo. Essas culturas são alvos praticamente verticais, em que a calda possui dificuldades para atingir. Assim, espera-se que as gotas se fixem à superfície pelo impacto causado pela turbulência do ar, e não pela sedimentação. Assim, pulverizadores com "cortina de ar" em ângulo com a pulverização podem aumentar os depósitos quando comparados com equipamentos onde a "cortina de ar" e pulverizações ficam em fluxos paralelos.
Nas espécies onde ocorre baixa retenção de gotas devido a presença de camada cerosa na cutícula, mais estudos são necessários quanto à assistência de ar.
Assistência de ar e diminuição das doses de defensivos
Em algumas culturas o uso de assistência de ar permite o uso de menores doses de defensivos mantendo o mesmo efeito de controle. Na cevada por exemplo, um estudo mostrou que a redução de um terço da dose de herbicida para controlar plantas invasoras, usando sistema de assistência de ar e 100 L de calda por hectare, proporcionou o mesmo resultado que 100% da dose utilizando 200 L/ha de calda com pulverizador convencional (sem ar).
Já na beterraba, a aplicação de alguns defensivos com 50% da dosagem aplicados por pulverizador com assistência de ar proporcionaram um controle tão eficiente quanto o uso da dose inteira sem assistência de ar.
Estudos conduzidos no trigo com fluxo de ar em ângulo com a pulverização e 50% da dose também apontaram resultados iguais
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
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PRADO, E. P.; RAETANO, C. G.; AGUIAR-JUNIOR, H. O.; DAL POGETTO, M. H. F. A.; CHRISTOVAM, R. S.; ARAÚJO, D. de. Velocidade do ar em barra de pulverização na deposição da calda fungicida, severidade da ferrugem asiática e produtividade da soja. Summa Photopathologica (Impresso), v. 36, p. 45-50, 2010.
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