Aplicação de inseticidas através da fumigação
Leia sobre a fumigação com inseticidas para o controle de pragas.
A fumigação é a aplicação de gás em um material recém colhido ou armazenado, visando eliminar pragas através da inalação do gás pelos insetos. Esse controle geralmente é realizado em silos, armazéns, porões de navios, vagões de trens etc., isolando o ambiente e expondo o produto colhido ao gás.
É um método de controle de insetos bastante eficaz, podendo atuar em todas as fases de desenvolvimento dos insetos, desde o ovo até a fase adulta. Por se tratar um produto usado com doses muito pequenas, deve-se tomar bastante cuidado para usar a dose adequada, visto que uma dosagem um pouco maior pode contaminar o alimento ou causar prejuízos à saúde dos trabalhadores. Já dosagens baixas poderão ser ineficazes. Dessa forma, deve-se utilizar um aparelho de medida, indicando a quantidade de gás liberada no ar.
Ao controlar insetos com a fumigação, independente da substância utilizada, três fatores possuem muita importância e devem ser muito bem controlados:
- Vedação: é muito importante, pois ela que irá garantir que a dosagem aplicada será a dosagem que irá agir, pois, caso o ambiente não esteja vedado, o gás irá escapar, reduzindo a dosagem por m³ no alvo, causando efeito ineficiente. Se a vedagem não puder ser feita adequadamente, não deve ser feita a fumigação;
- Dosagem: a dosagem é estabelecida considerando o volume do espaço a ser fumigado (em m³) e o produto a ser fumigado, podendo ser consultada na bula do produto. Assim, a dosagem é estabelecida em gramas por metro cúbico.
É importante saber que deficiências na vedação, efeitos da temperatura, diferentes tipos de grãos, diferentes espécies de praga ou de nível de infestação etc. não devem ser compensados com alteração de dosagem. Eventuais problemas do tipo devem ser corrigidos ajustando-se o tempo de exposição ao produto, com exceção de situações em que haja impossibilidade de vedação ou temperaturas inadequadas; - Tempo de exposição: o tempo de exposição deve ser o suficiente para que o gás se expanda no interior das câmaras de expurgo, atinjam o interior dos grãos e sejam aspirados pelo insetos em concentrações letais. O tempo de exposição pode ser consultado na bula dos produtos.
Periodicidade da fumigação
Assim que terminamos a fumigação, os produtos estão novamente expostos à reinfestações, e por isso podemos complementar o controle através de pulverizações ou atomizações de inseticidas líquidos que possuem efeito residual, garantindo a segurança por um determinado período de tempo. Claro, devemos nos atentar e obedecer aos critérios da bula para não contaminar os grãos.
O intervalo entre reexpurgos depende dos métodos de controle, porém, alguns testes apontam que, em silos, armazéns graneleiros e armazéns convencionais, o intervalo de 120 dias tem se mostrado adequado.
Realizando a fumigação
Antes de tudo, deve-se realizar um bom diagnóstico do produto a ser fumigado e do local de armazenamento, identificando e quantificando as pragas, determinando o volume e quantidade de produto a ser utilizado, e as possibilidades de vedação do local. Então, estrutura-se a equipe de trabalho, que deverá usar EPI's, e inicia-se o trabalho posicionando lonas que não devem possuir furos ou partes rasgadas. Então, coloca-se as "cobras de areia", tomando cuidados quanto à vedação. Em armazéns e silos, deve-se atentar também a saídas de ar (dutos, ventiladores, exaustores etc.) e fendas ou fissuras nas paredes e pisos. Nos silos metálicos também deve-se observar a vedação das chapas.
Após verificar os fatos anteriores, inicia-se a aplicação do fumigante. Em armazéns convencionais, aplica-se no perímetro externo com o maior número de pontos de aplicação, facilitando a distribuição. Já em armazéns graneleiros ou silos, aplica-se 80% da dosagem sobre a massa de grãos e 20% nos dutos de aeração e de descarga. Após, verifica-se a vedação e sinaliza-se o expurgo, informando o produto utilizado, data e hora do início e término previsto, nome do responsável técnico e telefones de emergência.
Após uns dois dias do início, recomenda-se vistoriar e avaliar a presença de pontos de vazamento, podendo ser utilizado papel filtro embebido em solução de nitrato de prata a 10% ou equipamentos específicos para a medição de gases. Após o tempo de exposição, retira-se a lona com cuidado para evitar acidentes, pois a concentração está elevada, retirando-se as cobras, removendo a lona e o produto, descartando o produto conforme recomendações do fabricante. Geralmente os tratamentos são feitos a cada 30 dias ou mais, mas deve-se avaliar semanalmente para determinar a necessidade de novos tratamentos.
Pulverização ou atomização
Na fumigação, o inseticida na forma de gás não deixa resíduo tóxico. Tratamentos com inseticidas líquidos quando deixam efeito residual, aumentam o período de controle. Existem diversos inseticidas, a escolha depende do tipo de grapa, tipo de material tratado, período de carência etc. A aplicação pode ser feita por pulverização ou atomização. A atomização pode ter um maior alcance com menor desperdício de calda, podendo cobrir uma maior área quando comparada à pulverização. Deve-se observar a presença de fendas e trincas em paredes e pisos, que podem servir de local de abrigo para as pragas. Toda a estrutura de armazenamento e de processamento deve ser tratada.
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
GUEDES, J. V. C.; PERINI, C. R. Tecnologia de Aplicação de Inseticidas em Culturas Anuais. In: ANTUNIASSI, U. R.; BOLLER, W. Tecnologia de Aplicação Para Culturas Anuais. 2. ed. Passo Fundo, RS: Aldeia Norte, 2019. p. 303-318.
MARTINAZZO, A. P. et al.. Utilização da fosfina em combinação com o dióxido de carbono no controle do Rhyzopertha dominica (f.). Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 35, n. 6, p. 1063–1069, jun. 2000
REZENDE, A. C. de. METODOLOGIAS DE CONTROLE DE PRAGAS EM GRÃOS E PRODUTOS ARMAZENADOS. Biológico, São Paulo, SP, v. 70, n. 2, p. 101-103, 2008.