Aplicação de agrotóxicos / defensivos com drones

Aplicação de defensivos com drones

Os drones, também chamados de VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado), são equipamentos voadores que possuem um sistema de controle e vêm recebendo grande desenvolvimento tecnológico nos últimos anos.

Os drones se tornaram presentes nas lavouras brasileiras nos últimos anos. As pesquisas e testes mostram dados promissores no uso destes equipamentos para a pulverização de defensivos agrícolas, principalmente quanto à qualidade e segurança de aplicação.

Estes equipamentos estão entre as tecnologias mais promissoras da agricultura digital, permitindo que os produtores consigam acessar uma agricultura de precisão. Com o uso desta tecnologia, é possível tratar bordaduras, reboleiras e áreas de difícil acesso, aumentando a segurança e a precisão na aplicação.

Cientistas da Embrapa Soja comprovaram desempenho eficiente de drones para o controle das pragas de soja percevejo-marrom e lagarta-falsa-medideira. No caso do percevejo-marrom, o drone conseguiu aplicar o inseticida no interior do dossel de forma mais eficiente que as pulverizações convencionais. Além disso, o drone também mostrou eficiência no controle biológico da lagarta-falsa-medideira com baculovirus.

Além da aplicação de produtos, os drones podem realizar o sensoriamento remoto, monitoramento da lavoura, demarcação da área de plantio, levantamento de plantas daninhas, monitoramento da irrigação, acompanhamento da saúde da lavoura etc.

A pulverização com drones pode ser feita com ou sem auxílio de um controlador, e é feita de forma semelhante aos pulverizadores: avalia-se o alvo e estágio da cultura, define-se a ponta, forma do jato e vazão etc. Alguns estudos mostram que a pulverização com drones teve maior eficiência no controle de pragas do que a pulverização manual em diversas culturas como arroz, batata e trigo.

O uso de drones para a pulverização deve seguir as boas práticas já realizadas em pulverizações terrestres. Uma aplicação com qualidade depende de fatores como condições favoráveis do clima, uso de pontas de pulverização corretas, ajuste do volume de calda, parâmetros operacionais, momento certo de aplicação e respeitar as recomendações da bula. Além disso, deve obedecer às normativas legais, considerando os padrões de segurança e a regulamentação do Código Brasileiro de Aeronáutica, sob fiscalização da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil).

Atualmente existem drones que conseguem pulverizar cerca de 20 hectares por hora. Este tipo de aplicação ainda é recente, e os produtos não possuem recomendações oficiais para a aplicação com drones.

Existem diversos modelos de drones pulverizadores, com diferentes preços que dependem da capacidade, presença de softwares, tempo de autonomia, quantidade de bicos etc. Já existem empresas que fazem inclusive a aplicação de defensivos biológicos com drones, permitindo a aplicação de insetos, bactérias e fungos para controle biológico.

Vantagens e desvantagens do uso de drones na pulverização de defensivos

Como vantagens do uso de drones na aplicação de defensivos, podemos citar:

• possibilidade de aplicar em áreas de difícil acesso, áreas muito íngremes ou com obstáculos, sendo a única alternativa em algumas áreas;
• não depende das condições do solo para aplicação na lavoura;
• redução do risco de acidentes e redução do contato humano com os produtos químicos;
• redução da deriva e impacto ambiental (devido à redução da quantidade de produtos usados);
• redução do tempo de aplicação;
• redução dos custos com mão de obra;
• rapidez de aplicação em pequenas áreas;
• redução do uso de água e de combustíveis fósseis;
• redução do amassamento das culturas;
• otimização da aplicação e redução de custos: os drones podem também ser programados, aplicando taxas variáveis de produtos ou apenas em áreas de interesse, como por exemplo aplicar apenas nas áreas atacadas por determinada doença.

Como desvantagens do uso de drones na aplicação de defensivos, podemos citar:

• altos custos iniciais de aquisição e manutenção;
• exigência de treinamento adequado para operar os drones;
• limitações de carga útil e duração da bateria, que podem limitar a quantidade de produtos transportados e tempo de voo;
• questões legais e regulatórias;

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

Referências:

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Alarcão Júnior, J. C. de, & Nuñez, D. N. C. (2023). O uso de drones na agricultura 4.0. Brazilian Journal of Science, 3(1), 1–13.

Liu, C., Li, W., Li, Z., & Liu, H. (2021). Application of unmanned aerial vehicle (UAV) in agriculture: a review. Precision Agriculture, 1-20

SCHLEMER, G. D. DEPOSIÇÃO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS NA CULTURA DA SOJA: INFLUÊNCIA DO VOLUME DE CALDA E MODELOS DE PONTA PARA APLICAÇÃO COM DRONE. Orientador: Prof. Dr. Antônio Luis Santi. 2022. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharel em Agronomia) - Curso de Graduação em Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Frederico Westphalen, RS, 2022.

Wang, C., Li, Y., Li, Z., Li, X., Wu, M., & Wang, J. (2019). Evaluation of the effectiveness of UAV pesticide application by unmanned aerial vehicle. Transactions of theChinese Society of Agricultural Engineering, 35(7), 16-22.

Zhang, Y., Wu, X., Liu, Z., Zhang, Z., & Wang, L. (2019). Applications of unmanned aerial vehicles in the agricultural protection industry: a review. Precision Agriculture,20(6), 1121-1141.