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Controle / Manejo integrado de pragas na soja (MIP)

Leia sobre aspectos gerais do manejo integrado de pragas na soja.


O manejo integrado de pragas orienta as decisões para o controle de pragas, baseadas em informações sobre os insetos e sua densidade populacional, presença de inimigos naturais e capacidade da cultura de tolerar os danos das pragas.

Deve ser feito o constante monitoramento da lavoura, identificação correta das pragas e seus respectivos inimigos naturais, conhecer o estádio de desenvolvimento da planta e o nível de ação.

O monitoramento pode ser feito com pano-de-batida, semanalmente, até a fase de enchimento dos grãos. Utiliza-se um tecido ou plástico branco, preso em duas varas, com 1m de comprimento, colocado entre as fileiras, posicionando um lado na base das plantas e o outro estendido sobre as plantas de soja da fileira adjacente. Então, deve-se inclinar e sacudir vigorosamente as plantas sobre o pano, causando a queda dos insetos que deverão ser contados. Repetir o procedimento em vários pontos da lavoura, e considerar o valor médio de insetos por pano.

O monitoramento também pode ser feito de forma visual, observando a presença das pragas nas folhas novas, brotos e flores, ou através de armadilhas.

Observe a tabela abaixo com os níveis de ação para as principais pragas da soja.

Tabela 1. Níveis de ação de controle para as principais pragas da soja.
  Emergência Período vegetativo Floração Formação de vagens Enchimento de vagens Maturação
Lagartas 30% de desfolha ou 40 lagartas maiores que 1,5 cm por pano de batida 15% de desfolha ou 40 lagartas maiores que 1,5 cm por pano de batida  
Percevejos   Lavouras para consumo  2 percevejos maiores que 0,5 cm por pano de batida
Lavouras para semente: 1 percevejo maior que 0,5 cm por pano de batida
Broca-das-axilas A partir de 25% - 30% de plantas com ponteiros atacados
Tamanduá-da-soja Até V3: 1 adulto / m linear
V4 a V6: 2 adultos / m linear
 
Lagartas-das-vagens   A partir de 10% de vagens atacadas  

 

Diversos insetos atacam a soja nos diferentes estádios de desenvolvimento da cultura, observe a tabela abaixo:

Tabela 2. Pragas de soja, importância e parte da planta atacada.
Inseto Importância Parte da planta atacada
Anticarsia gemmatalis Fo Praga principal
Crocidosema aporema Fo, Br, Va Secundária, com alguma importância em áreas restritas
Omiodes indicata Fo Secundária. Geralmente ocorre no fim do ciclo da cultura, quando a desfolha não é importante
Pseudoplusia includens Fo Importante em algumas regiões
Rachiplusia nu Fu Secundária
Cerotoma sp. Fo(A), No(L) Secundária, áreas de soja precedidas por feijão
Diabrotica speciosa Fo(A), Ra(L) Secundária, áreas de soja precedidas por milho safrinha
Aracanthus mourei Fo, Pe Secundária, ocorrência no início do crescimento da soja
Colapsis sp. Fo Secundária
Megascelis sp. Fo Secundária
Chalcodermus sp. Fo Secundária, importante em algumas regiões
Bemisia tabaci Fo Secundária, com alto potencial de dano
Gafanhotos Fo Esporádica
Ácaros Fo Esporádica
Tripes Fj Secundária, importante em algumas áreas específicas, vetor do vírus "queima do broto"
Nezara viridula Va, Se Praga principal
Piezodorus guildinii Va, Se Praga principal
Euschistus heros Va, Se Praga principal
Dichelops melacanthus Va Secundária
Edessa meditabunda Va Secundária
Thyanta perditor Va Secundária
Chinavia sp. Va Secundária
Ethiella zinckenella Va Secundária, importante em álgumas áreas
Spodoptera albula Va Esporádica
Spodoptera cosmioides Va Esporádica
Spodoptera eridania Va Esporádica
Maruca vitrata Va Esporádica
Sternechus subsignatus Ha Praga regionalmente importante
Elasmopalpus lignosellus Ha Esporádica, por vezes importante em anos longos períodos de seca, na fase inicial da cultura
Myochrous armatus Ha Esporádica
Blapstinus sp. Pi, Ha Esporádica
Piolho-de-cobra Pi, Co, Se Secundária, importante em áreas de plantio direto
Caracól e lesmas Pi, Co, Fj Secundária, importante em áreas de plantio direto
Phyllophaga spp. (Corós) Ra Praga regionalmente importante
Scaptocoris castanea Ra Praga regionalmente importante
Cochonilhas-da-raiz Ra Secundária, importante em áreas de semeadura direta

Br = brotos; Co = cotilédones; Fj = folhas jovens; Fo = folhas; Ha = hastes; No = nódulos; Pe = pecíolos; PI = plântulas; Pp = plantas pequenas; Ra = raízes; Se = sementes; Va = vagens; (A) = adulto; (L) = larva.

 

Pragas principais são aquelas que frequentemente causam danos econômicos, exigindo medida de controle. Pragas secundárias causam injúrias à cultura, mas raramente causam danos econômicos. Já as pragas esporádicas têm seu aumento populacional determinado por fatores como o clima ou sistema de produção.

As populações de insetos-pragas são naturalmente controladas pelos inimigos naturais, que são as respectivas espécies predadores, parasitoides ou doenças. E o controle preventivo de pragas com inseticidas não é recomendado, pois pode eliminar esses inimigos naturais, além de aumentar o custo de produção e causar danos ambientais. O uso contínuo de defensivos também provoca a erupção de pragas secundárias e surgimento de espécies pragas resistentes aos inseticidas.

Dessa forma, entra em ação o manejo integrado de pragas. Podem ser usados vários métodos de controle além do controle químico, como o controle biológico, rotação de culturas e manipulação da época de semeadura, principalmente para insetos de ciclo longo etc.

Clique nos links abaixo para ler sobre como fazer o manejo de pragas na soja:

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

AVILA, C. J.; SANTOS, V. Manejo Integrado de Pragas (MIP) na cultura da soja: um estudo de caso com benefícios econômicos e ambientais. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2018. 46 p. (Embrapa Agropecuária Oeste. Documentos, 143).

HOFFMANN-CAMPO, C. B. et al. PRAGAS DA SOJA NO BRASIL E SEU MANEJO INTEGRADO. Londrina: Embrapa Soja: [s. n.], 2000. 70 p. (Circular Técnica / Embrapa Soja, ISSN 1516-7860; n.30).

PRAÇA, L. B.; NETO, S. P. da S.; MONNERAT, R. G. Anticarsia gemmatalis Hübner, 1818 (Lepidoptera: Noctuidae): BIOLOGIA, AMOSTRAGEM E MÉTODOS DE CONTROLE. Embrapa Documentos - 196, Brasília, DF, ed. 1, 2006.

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