Controle (manejo integrado) do tamanduá / bicudo-da-soja - Sternechus subsignatus
Leia sobre o controle do tamanduá / bicudo-da-soja.
Tamanduá / bicudo-da-soja (Sternechus subsignatus)
O tamanduá da soja ataca a cultura durante todo o ciclo da cultura. O adulto raspa o caule e desfia os tecidos, e a larva se alimenta da medula da haste principal. Se ocorrer alta população dessa praga no início do ciclo da cultura, o dano é irreversível e as plantas morrem, podendo ocorrer até perda total da lavoura. Já quando o ataque ocorre mais tarde, as larvas formam galhas na haste principal, e a planta pode se quebrar pela ação do vento ou da chuva.
O adulto possui coloração preta com listras amarelas.
A fêmea coloca os ovos em um anelamento feito na casca da haste principal, ficando protegidos pelas fibras do tecido. Os ovos também podem ser depositados em ramos laterais e pecíolos. As larvas ficam no interior da haste se alimentando, e conforme crescem, o caule vai engrossando, formando uma galha. Posteriormente a larva migra para o solo, hibernando em profundidades de 5 a até 25 cm.
Controle do tamanduá-da-soja
Recomenda-se o controle do bicudo da soja quando houver, em média, um adulto do inseto por metro de fileira de soja com até duas folhas trifolioladas (V3) ou até dois adultos em plantas com cinco folhas trifolioladas (V6).
Quanto à amostragem de larvas no solo, a avaliação da infestação pode ser feita na entressafra, antes de planejar o cultivo da safra de verão seguinte. Para cada 10 hectares, retirar quatro amostras de solo, nos locais das antigas fileiras de soja, com 1 metro de comprimento, 25 cm de largura e 25 cm de profundidade. Contar o número de larvas hibernantes. e se houver três a seis larvas / m² na média das quatro amostras, existe a possibilidade de pelo menos um ou dois indivíduos atingirem o estado adulto.
Devido aos hábitos dessa praga, o controle com inseticida de contato é difícil, pois os ovos e larvas ficam protegidos dentro do caule, enquanto que os adultos ficam sob a folhagem, ou no solo sob os restos culturais. Assim, para o controle dessa praga, deve-se realizar táticas como a rotação de culturas com plantas não hospedeiras (como o milho, girassol, algodão e sorgo), uso de culturas-armadilha, controle mecânico e/ou químico, época de semeadura e preparo do solo.
Rotação de culturas
A rotação de culturas é bastante indicada para o Sternechus subsignatus, pois é uma técnica efetiva para insetos de ciclo longo e com capacidade de dispersão limitada. Dessa forma, deve-se utilizar plantas que não sejam hospedeiras do S. subsignatus. Quanto mais restrito for o número de hospedeiros, maior a eficiência da rotação de culturas. Dentre as culturas não hospedeiras da praga, podemos citar o milho, milheto, sorgo, girassol, fedegoso, sesbania, crotalária etc.
Cultura-armadilha
As plantas não hospedeiras podem ser circundadas com plantas hospedeiras (cultura-armadilha), que pode ser a própria soja semeada antecipadamente em uma borda de 34 a 30 cm. A planta armadilha irá atrair e manter os insetos na bordadura da lavoura, podendo-se aplicar inseticida. Esse controle deve ser feito em novembro e dezembro, quando a maioria dos adultos saem do solo.
Controle mecânico
O controle mecânico pode ser feito eliminando as plantas com roçadeira, antes das larvas (que estão no seu interior) hibernarem no solo. Para isso, realizar o controle até 45 dias após serem observados os primeiros ovos nas plantas.
Época de semeadura
Alguns estudos apontam que, quando a soja foi semeada em outubro, os insetos não atingiram o nível de dano econômico. Quando a soja foi semeada em novembro, a praga atingiu o nível de dano econômico, devido a sincronia da praga com a disponibilidade da planta hospedeira (o que também depende das condições climáticas). Já quando a soja foi semeada em dezembro, podem ocorrer altas populações da praga no início do estádio vegetativo da soja, quando a planta é mais suscetível ao ataque.
Controle químico
O controle químico nas plantas armadilhas pode ser feito para evitar a disseminação dos adultos através do voo. As aplicações devem ser feitas de novembro a janeiro, época em que a maioria dos adultos sai do solo. Caso se utilize a soja como cultura armadilha, a aplicação de inseticida pode ser repetida quando o inseto atingir os níveis de dano econômico (2 a 4 insetos por amostragem quando a soja tiver duas ou cinco folhas trifolioladas, respectivamente). Ao examinar as plantas, observar a face inferior das folhas, caule e ramos laterais, de duas fileiras adjacentes de 1 metro de comprimento. Se forem feitas aplicações sucessivas em curtos intervalos de tempo, alternar o grupo químico dos inseticidas para evitar o surgimento de insetos resistentes.
As pulverizações noturnas podem ser mais eficientes, pois a maioria dos adultos se acasalam na parte superior das plantas, entre às 22h e às 2h. Porém, deve-se verificar se o inseticida utilizado pode ser aplicado nessas condições de temperatura.
Porém, o controle dessa praga realizado apenas com inseticidas em área total não é a forma mais eficiente para o controle desse inseto, que devido às suas características, podem escapar e sobreviver a ação dos inseticidas. Ocorre que ovos e larvas ficam protegidas dentro da haste principal, as larvas hibernantes e pupas ficam no solo, os inseticidas possuem baixo efeito residual, os adultos ficam escondidos durante o dia nas hastes das plantas, entre as folhas ou palhada da cultura anterior etc.
Tratamento de sementes
Também pode-se realizar o tratamento das sementes de soja com inseticida para a semeadura nas faixas de bordadura de 30 a 50m a partir do milho, deixando as plantas protegidas por aproximadamente 40 dias.
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
HOFFMANN-CAMPO, C. B.; SILVA, M. T. B. da; OLIVEIRA, L. J. ASPECTOS BIOLÓGICOS E MANEJO INTEGRADO DE Sternechus subsignatus NA CULTURA DA SOJA. Embrapa Soja. Circular Técnica, 22., Londrina, PR, 1999.
PITRE, H.N.; PORTER, R.P. Influence of cultural variables on insect population in soybean. In: CONFERENCIA MUNDIAL DE INVESTIGACIÓN EN SOJA, 4., 1989, Buenos Aires. Acta... Buenos Aires: AASOJA. 1989. t.3, p.2211-2220. Editado por A.J. Pascale.
SILVA, M.T.B da. Aspectos biológicos de Sternechus subsignatus em soja no sistema plantio direto. Ciência Rural, Santa Maria, v.29, n.2, p.189-193, 1999.