Controle (manejo integrado) da vaquinha / brasileirinho (Diabrotica sp.)
Leia sobre o manejo integrado da vaquinha / patriota / brasileirinho.
Existem diversos besouros Crisomelídeos que causam danos às culturas, e possuem o nome comum de "vaquinha", sendo a Diabrotica speciosa a espécie mais comum. A Diabrotica speciosa, conhecida como "vaquinha-verde-amarelo", "patriota" ou "brasileirinho, é uma praga polífaga, que consomem as folhas, brotos, frutos ou pólen de diversas culturas como feijão, soja, girassol, milho, hortaliças etc., podendo também transmitir patógenos.
Os adultos medem cerca de 6 mm de comprimento, possuem coloração esverdeada e três manchas amarelas em cada élitro,o que motiva o apelido "brasileirinho".
Já a larva dessa espécie é uma das principais pragas subterrâneas de culturas como o milho, trigo, batata e outros cereais. Essas larvas se alimentam das raízes e sementes das plantas, prejudicando a capacidade destas em absorver água e nutrientes, causando inúmeros prejuízos. Como a planta não absorve bem os nutrientes, ocorrem sintomas de deficiência nutricional, e pode causar também o "pescoço de ganso", quando a planta fica com o colmo curvado.
Já em soja, apesar de ser considerada uma praga secundária, pode gerar muitos problemas em áreas de soja precedida por milho.
Os ovos dessa praga são colocados no solo ao redor das plantas, e possuem coloração amarelada. A larva possui coloração esbranquiçada, cabeça marrom e uma placa escura no último segmento abdominal.
As larvas se distribuem no solo em reboleiras, se concentrando ao redor das plantas e danificando o sistema radicular, prejudicando a absorção de água e nutrientes, resultando diretamente em perda de produtividade.
A praga causa prejuízos expressivos, sendo a sua presença mais comum em solos ricos em matéria orgânica e com maior umidade, causando bastantes danos em áreas irrigadas do Sudeste e Centro-Oeste, onde várias culturas hospedeiras são cultivadas em sucessão.
Monitoramento da vaquinha no milho e soja
O monitoramento de adultos de Diabrotica speciosa não é muito comum em culturas. As armadilhas luminosas (com lâmpadas ultra-violeta ou azul) são eficientes para capturar adultos. Também pode-se utilizar iscas com partes do fruto de abóbora com inseticida, ou até produtos comerciais.
O monitoramento das larvas é feito peneirando o solo sobre um plástico preto. Também pode-se usar funil de Berlese e flutuação do solo, em mistura com soluções químicas. Alguns estudos apontam que mais de 3,5 larvas por planta são suficientes para causar danos ao sistema radicular da planta.
Manejo integrado da vaquinha
O controle da vaquinha / patriota deve ser feito de diversas maneiras. Deve-se observar as safras anteriores, e caso a cultura tenha sofrido com a presença de Diabrotica speciosa, os cuidados quanto ao preparo no solo devem ser redobrados, e deve-se eliminar possíveis plantas hospedeiras. Os adultos da praga possuem preferência para ovipositar em solos mais escuros, com maiores teores de umidade e de matéria orgânica.
Pode-se realizar o controle biológico e controle químico, sendo este último o mais realizado, usando produtos registrados no MAPA para a cultura. Quanto ao uso de inseticidas, deve-se dar importância a produtos com boa persistência no solo. Inseticidas granulados ou pulverizados no sulco de plantio são alternativas eficientes para o controle da larva.
O controle biológico é uma tática bastante promissora. Como inimigos naturais podemos citar Celatoria bosqi, Centistes gasseni e os fungos Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae e Paecilomyces lilacinus. Porém, mais estudos devem ser feitos sobre este método de controle.
Outra alternativa é usar o efeito de repelência do próprio inseto contra si mesmo. Para esse controle, coleta-se 50 g de vaquinhas, triturar, filtrar, acrescentar 15 a 20 litros de água, e pulverizar a cada 20 dias nas culturas (feijão, melancia, abóbora, melão, morango, tomate, batatinha, hortaliças etc.), evitando o uso contínuo, que pode causar toxicidade às plantas.
Pode-se optar também pelo uso de cultivares com resistência ao ataque dessa praga, uso de plantas atrativas ou o uso de culturas armadilhas para atrair a praga para fora da lavoura comercial. Como culturas armadilhas, podemos usar girassol, feijão ou abóbora para atrair os adultos, podendo-se também realizar o posterior controle químico nestas culturas.
Quanto às plantas atrativas, pode-se usar pedaços de porongo, trocando semanalmente, ou pedaços de raízes de taiuiá, trocando a cada 30 dias. Esses mesmos pedaços podem ser colocados em armadilhas com garrafa PET de 2 litros, furando a garrafa e colocando dentro fatias de 15 cm de comprimento das plantas atrativas. Fixar cada fatia em um gancho de arame no centro da tampa, e prender as garrafas em gancho de 20 cm, feito com um ferro, de modo que a garrafa não fique em contato com o solo. Espalhar as armadilhas e coletar as vaquinhas semanalmente.
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
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