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Controle (manejo integrado) da lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens)

Leia sobre o manejo integrado da lagarta-falsa-medideira.


Lagarta-falsa-medideira - Chrysodeixis includens / Pseudoplusia includens

A lagarta-falsa-medideira causa danos significativos nas lavouras, sendo uma das principais desfolhadoras da soja, o que reduz a fotossíntese e prejudica o enchimento das vagens e produção de grãos. A lagarta pode-se alimentar de mais de 70 plantas diferentes, dificultando o seu controle. As lagartas mais novas raspam as folhas, consumindo apenas o parênquima foliar. Já as lagartas adultas consomem o limbo foliar, sem consumir as nervuras, sendo uma importante característica dessa espécie, se diferindo da lagarta-da-soja, que consome as folhas por inteiro. Além disso, a lagarta falsa-medideira costuma atacar o terço médio e inferior da soja, ao passo que a lagarta-da-soja costuma atacar a parte superior. A redução do limbo foliar

O uso constante de fungicidas a partir do surgimento da ferrugem-asiática resultou em uma diminuição dos fungos que controlam a lagarta-falsa-medideira. Além disso, o uso de inseticidas não seletivos reduz a população de inimigos naturais da praga, o que também contribui para o problema.

A praga possui cor verde-clara com linhas esbranquiçadas no dorso e pontuações pretas. Possui dois pares de falsas pernas abdominais, e se movimenta "medindo palmos", arqueando o corpo.

 

A lagarta não consome as nervuras da folha, ficando o desfolhamento com aspecto rendilhado (imagem abaixo).

 

Na fase de pupa, o inseto forma uma teia sobre as folhas de soja, dobrando-as, e ficando ali empupadas até a emergência do adulto.

O adulto (mariposa) possui coloração marrom acinzentada, com duas manchas prateadas no primeiro par de asas, e quando em repouso, as asas formam um ângulo de cerca de 90 graus. O acasalamento ocorre à noite, e os ovos são depositados individualmente, geralmente na face inferior das folhas.

 

Monitoramento e amostragem da lagarta-falsa-medideira

O monitoramento pode ser feito com pano-de-batida, semanalmente, até a fase de enchimento dos grãos. Utiliza-se um tecido ou plástico branco, preso em duas varas, com 1m de comprimento, colocado entre as fileiras, posicionando um lado na base das plantas e o outro estendido sobre as plantas de soja da fileira adjacente. Então, deve-se inclinar e sacudir vigorosamente as plantas sobre o pano, causando a queda dos insetos que deverão ser contados. Repetir o procedimento em vários pontos da lavoura, e considerar o valor médio de insetos por pano.

A amostragem pode ser feita em intervalos semanais, ou a cada três ou quatro dias, caso ocorra aumento do número de insetos. O número de amostras é determinado pelo tamanho da área:

  • 1 a 9 hectares: 6 pontos de amostragem / ha
  • 10 a 29 hectares: 8 pontos de amostragem / ha
  • 30 - 99 hectares: 10 pontos de amostragem / ha

O controle é feito quando forem encontradas, em média, 40 lagartas maiores que 1,5 cm por pano-de-batida (duas fileiras de plantas) ou 30% de desfolha antes da floração. Após a floração, o controle é feito quando forem encontradas, em média, 40 lagartas maiores que 1,5 cm por pano-de-batida (duas fileiras de plantas) ou 15% de desfolha.

 

Controle da lagarta-falsa-medideira

Como a lagarta-falsa-medideira geralmente se alimenta nos terços médio e inferior das plantas de soja, o seu controle com inseticidas se torna mais difícil, pois esses alvos são mais difíceis de se atingir. Além disso, a maior tolerância às doses de inseticidas (quando comparada com a lagarta-da-soja), a ineficiência de alguns princípios ativos, o curto tempo de desenvolvimento e a alta fecundidade da espécie também dificultam o controle da lagarta-falsa-medideira.

As lagartas devem ser controladas quando houverem, em média, 40 lagartas (igual ou maiores que 1,5 cm) por pano de batida (o equivalente a 20 lagartas por metro de fileira de soja), ou quando a desfolha atingir 30% antes da floração e 15% durante as primeiras flores.

O uso de inseticidas deve preservar a vida de inimigos naturais que realizam o controle biológico. Também deve-se o uso repetitivo de ingrediente ativo, buscando prevenir o surgimento de resistência do inseto. Quanto mais tempo for possível atrasar a primeira aplicação, maior a probabilidade de sucesso do manejo integrado, proporcionando condições para o estabelecimento de inimigos naturais.

Se a cultivar de soja for convencional, pode-se usar produtos microbiológicos à base de Bt. O uso de plantas transgênicas também é uma boa opção, dispensando o uso de produtos microbiológicos à base de Bt. Sojas transgênicas Bt são uma boa tecnologia para o controle de lagartas, possuindo um bom controle da lagarta-falsa-medideira, ainda que pouco eficiente no controle de lagartas Spodoptera. Porém, o uso exclusivo de soja Bt em uma área de cultivo pode resultar no desenvolvimento de lagartas resistentes às proteínas Bt. Assim, é necessário manter áreas de refúgio em pelo menos 20% da área cultivada com cultivares não Bt, controlando as lagartas nessa área sempre que a população atingir o nível de controle.

A rotação de culturas com plantas não hospedeiras dessa praga também favorece o controle do inseto, pois a prática quebra o ciclo de vida da praga. Outra opção é o controle biológico com parasitóides de ovos (como Telenomus remus ou o gênero Trichogramma), parasitóides (Copidosoma truncatellum e Campoletis grioti) e micro-organismos entomopatogênicos (Metarhizium anisopliaeBeauveria bassianaBacillus thuringiensis, Nomuraea rileyi ou baculovírus do tipo Nucleopolyhedrovirus). Porém, o controle biológico pode ter um controle mais lento e/ou menor quando comparado ao controle químico, devendo ser utilizado de modo integrado ao controle químico.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

ÁVILA, C. J.; SANTOS, V. Manejo Integrado de Pragas (MIP) na Cultura da Soja: Um estudo de caso com benefícios econômicos e ambientais. Embrapa Documentos - 143, Dourados, MS, ed. 1, 2018.

GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; DE BAPTISTA, G.C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES, S.B.; VENDRAMIN, J.D.; MARCHINI, L.C.; LOPES, J.R.S.; OMOTO, C. 2002. Entomologia agrícola. Piracicaba: FEALQ. 920p.

GAZZONI, D. L.; OLIVEIRA, E. B. de; CORSO, I. C.; FERREIRA, B. S. C.; VILLAS BÔAS, G. L.; MOSCARDI, F.; PANIZZI, A. R. Manejo de pragas da soja. Londrina: EMBRAPA – CNPSo, 1981. 44p. (Embrapa – CNPSo. Circular Técnica, 5).

HOFFMANN-CAMPO, C.B.; MOSCARDI, F.; CORRÊA-FERREIRA, B.S.; OLIVEIRA, L.J.; SOSA-GÓMEZ, D.R.; PANIZZI, A.R.; CORSO, I.; GAZZONI D.L.; OLIVEIRA, E.B. de. Pragas da soja no Brasil e seu manejo integrado. Londrina: Embrapa-CNPSo, 2000. 70 p. (Embrapa Soja. Circular Técnica, 30).

SENAR (Paraná). SOJA: manejo integrado de pragas. Coleção SENAR, Curitiba, PR, 2010.

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