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Controle (manejo integrado) da lagarta elasmo / broca-do-colo - Elasmopalpus Iignosellus

Leia sobre o manejo integrado da lagarta elasmo / broca-do-solo


Foto: Agrolink

A lagarta elasmo (Elasmopalpus Iignosellus) é uma praga que causa sérios danos a diversas espécies agrícolas, como algodão, soja, milho, cana-de-açúcar, trigo, arroz, feijão, sorgo e amendoim, dentre outros. A maioria das plantas é suscetível ao ataque desde a germinação até cerca de 30 dias após o plantio. A praga penetra no colo da planta, formando galerias e causando o perfilhamento ou morte da planta. O ataque destrói a região de crescimento, quando esta fica abaixo do nível do solo, ou destroi parcial ou totalmente os tecidos meristemáticos que conduzem nutrientes e água na planta.

No milho, uma infestação de plântulas de 10 a 20% resulta em uma redução de 2,8% e 2,4% na produção de grãos e silagem, respectivamente. Na soja ocorrem falhas de 30 a 60 cm, reduzindo a população de plantas abaixo do mínimo aceitável. 

O inseto prefere solos arenosos, e necessita de período seco durante as fases iniciais da cultura para o seu estabelecimento.

 

Características da lagarta elasmo

As larvas possuem coloração branca esverdeada ou amarelada, com faixas transversais marrons, e penetram na planta através do solo (formando casulos no orifício de entrada), e fazem uma galeria ascendente na haste, danificando e podendo até matar as plantas. Conforme se desenvolvem, vão adquirindo coloração esverdeada com anéis e listras vermelho-escuro. A pupa possui coloração amarelada ou verde, passando posteriormente para marrom, e antes da eclosão, assume coloração preta. O adulto é uma mariposa pequena, com coloração cinza amarelada.

Os adultos são ativos à noite, e condições de baixa velocidade do vento, baixa umidade relativa, temperaturas próximas a 27ºC e completa escuridão são ideais para o acasalamento e oviposição. As fêmeas depositam, em média, 100 a 120 ovos durante o período de vida, que geralmente são colocados no solo, num raio de 30 cm ao redor da planta.

 

 

Manejo integrado da lagarta elasmo

A maior dificuldade para o manejo integrado da lagarta elasmo é a disponibilidade de um método de monitoramento eficiente da praga. Se o controle não é feito preventivamente, em caso de infestação, o prejuízo é praticamente certo.

Uma alternativa para monitorar a lagarta elasmo é a avaliação das plantas atacadas pela lagarta. Porém, muitas vezes essa tática falha em indicar as infestações da praga a tempo de se realizar o controle sem ocorrer perda econômica. Uma alternativa é utilizar hospedeiros alternativos, como ervilhas e alguns tipos de feijão, semeados antes da cultura para servirem como indicador do ataque da praga na área.

A umidade do solo afeta diretamente o comportamento da lagarta-elasmo. Estudos mostram que a lagarta com até 10 dias de idade pode ser controlada com o manejo da umidade do solo. Porém, para lagartas mais velhas, a umidade do solo não interfere tanto no ataque. Além disso, estudos apontam que a fumaça proveniente da queima da palhada promove o aumento do ataque da praga. Ocorre que os adultos têm seu olfato estimulado pela fumaça, aumentando a oviposição nessas áreas.

Em sistema de plantio direto, a ocorrência da praga é menor, ao passo que em condições normais em áreas de semeadura convencional, a lagarta elasmo é favorecida. Além das diferentes condições de umidade do solo que o plantio direto proporciona, a larva se alimenta alternativamente de resíduos vegetais em decomposição. Em lavouras plantadas após o preparo do solo, a população de pragas residente no material em decomposição pode emigrar e preferir se alimentar das plantas recém-emergidas. Ainda sobre o solo, longos períodos de estiagem podem aquecer o solo a ponto de matar a praga.

 

Controle biológico da lagarta elasmo

Existem alguns parasitóides, vírus de poliedrose nuclear e os fungos Aspergillus flavus e Beauveria bassiana são inimigos naturais de elasmo. Porém, de forma geral, o impacto dos inimigos naturais sobre a lagarta elasmo é baixo.

 

Controle cultural da lagarta elasmo

Pode-se utilizar a umidade do solo para o controle de elasmo. A alta umidade prejudica a praga em qualquer estágio do seu ciclo biológico, porém, é na fase larval que a umidade possui o maior controle, causando alta mortalidade das larvas. Quanto aos adultos, as mariposas preferem depositar os ovos em solos mais secos. Dessa forma, pode-se manter a lavoura com a umidade ao redor da capacidade de campo durante o período de suscetibilidade.

 

Controle químico da lagarta elasmo

O tratamento de sementes é o tratamento químico mais utilizado, pois possui praticidade, eficiência e bom custo benefício, sendo a eficiência variável entre 50% e 95%, dependendo das condições climáticas. O controle químico também pode ser feito com a aplicação de inseticidas no sulco de semeadura.

Caso o ataque seja detectado após a emergência das plantas, em lavouras que não tenham recebido tratamento preventivo, pode-se pulverizar inseticidas com bicos leque, em alto volume, com o jato dirigido para o colo das plantas. Devido ao hábito da praga, as aplicações devem ser feitas à noite ou nas horas mais frescas do dia. Essa aplicação possui eficiência entre 20% e 60%, a depender das condições climáticas e do estádio da planta.

Os inseticidas à base de thiodicarb, carbofuran e carbossulfan são os mais utilizados em áreas com histórico de ataque da praga, porém, possuem sua eficácia prejudicada em áreas com bastante estiagem. Já em áreas onde não foi feito o tratamento de sementes, pode-se utilizar chlorpyrifos em jato dirigido no colo da planta, desde que o ataque seja identificado no início, evitando que as lagartas migrem para plantas não atacadas.

 

Resistência de plantas à lagarta elasmo e plantas geneticamente modificadas

Existem algumas cultivares mais resistentes ao ataque da lagarta elasmo, como a soja Bt. O uso de cultivares mais resistentes ao ataque das pragas pode se apresentar como uma boa opção de controle.

Algumas espécies de plantas têm sido geneticamente modificadas para produzir proteínas tóxicas para os insetos. Estudos apontam que proteínas e raças de Bacillus thuringiensis podem ser eficientes para controlar a lagarta elasmo.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

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