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Controle (manejo integrado) da mosca branca - Bemisia tabaci

Leia sobre o controle (manejo integrado) da mosca branca Bemisia tabaci.


A mosca branca é uma praga agrícola com coloração amarelo-palha, com 1 a 2 mm de comprimento. Quando em repouso, as asas ficam levemente separadas.

Possui um ciclo de vida que pode durar até 50 dias, e formar até 15 gerações por ano em condições favoráveis. A mosca branca, quando ajudada pelo vento, pode voar a longas distâncias. As fêmeas podem colocar até 300 ovos, e ao eclodir, as ninfas podem se locomover para sugar a seiva de folhas. O adulto se alimenta minutos após a emergência, e pode se acasalar várias vezes durante a vida. Outra característica que proporciona o sucesso da praga é o amplo número de hospedeiros.

A praga se alimenta de mais de 600 espécies de plantas, causando prejuízos em diversas culturas como tomate, soja, feijão, algodão, mandioca, frutas e diversas outras culturas, e se adapta facilmente a novas plantas hospedeiras e regiões geográficas. O grande número de hospedeiros facilita a reprodução e migração rápida da praga.

A mosca branca se encontra em praticamente todo o território nacional. Pesquisas estimam que existam mais de 40 biótipos de mosca branca, cada um com um comportamento diferente, sendo o biótipo B e biótipo Q os mais importantes no Brasil. O transporte internacional de material vegetal e aumento da produção e das áreas agrícolas contribuem para a propagação geográfica da espécie.

A mosca-branca suga a seiva de diversas espécies de plantas, além de transmitir viroses, podendo causar até 100% de perda de produtividade. Existem mais de 120 espécies de vírus que podem ser transmitidos pela mosca-branca, com destaque para o vírus do mosaico dourado no feijão, vírus do mosaico comum no algodoeiro, e na soja, os vírus do mosaico crespo, do mosaico anão e da necrose-da-haste.

A sucção da seiva em frutos causa amadurecimento irregular, e pode ocorrer uma descoloração pela toxina liberada pelo adulto. Ocorre também a excreção de substâncias açucaradas que promovem o desenvolvimento de fungos, causando a fumagina, que prejudica também a fotossíntese da planta.

Existem centenas de casos relatados de resistência do gênero Bemisia a inseticidas para mais de 60 ingredientes ativos, o que prejudica muito o controle químico.

 

Monitoramento e controle da mosca-branca

Para monitorar a mosca-branca, são feitas amostragens no campo utilizando armadilhas adesivas amarelas que atraem e capturam os adultos, e contribuem para reduzir a população da praga. Podem ser usadas cartolinas, lonas, plásticos ou etiquetas amarelas, untadas com óleo mineral ou vegetal. Outra opção é realizar amostragens nas partes inferiores das folhas, identificando a praga nos seus diferentes estágios (ovos, larvas, pupas) ou sinais de mela.

 

Controle químico

O uso de inseticida é uma das técnicas mais utilizadas para o controle de mosca branca, porém, o uso desses produtos muitas vezes é ineficiente, além de ser excessivo, contribuindo também para o surgimento de resistências da praga aos inseticidas. A lavoura deve ser monitorada durante todo o ciclo da cultura, aplicando inseticidas somente quando a praga atingir o nível de dano econômico, ou seja, o momento em que o prejuízo na cultura é maior do que o custo de controle. Além disso, ao usar inseticidas, devemos priorizar inseticidas seletivos e usar diferentes princípios ativos de inseticidas. Alguns desses produtos são efetivos apenas para determinadas fases do inseto, sendo necessário observar a fase predominante do inseto.

 

Controle cultural

Também ressaltamos a manutenção de plantas nativas entre os talhões, que servem como refúgio para inimigos naturais da mosca-branca, além de atuarem como uma barreira física contra a migração da praga. Nesse aspecto, também pode-se usar quebra-vento (com plantas não hospedeiras). Já as plantas hospedeiras de mosca-branca devem ser controladas, bem como eliminados os restos culturais.

Como plantas daninhas hospedeiras da mosca-branca, podemos citar o amendoim bravo, erva-de-santa-maria, guanxuma-rasteira, fedegoso, maria-pretinha, mentruz, perpétua-brava e poaia-do-cerrado.

Pode-se usar também plantas armadilhas, como o pepino e berinjela, que atraem o inseto, para usar inseticidas sistêmicos nessas plantas.

O vazio sanitário também é uma prática de controle válida, mantendo a área livre de hospedeiros da praga por um determinado tempo, de forma a quebrar o ciclo biológico da mosca branca.

As novas áreas de plantio devem ser feitas sempre em sentido contrário ao vento predominante, reduzindo a dispersão da praga. O plantio deve ser feito sempre com mudas sadias, produzidas em telado, e sementes certificadas. Em algumas culturas existem cultivares resistentes para determinados biótipos, o que também pode ser uma estratégia de controle.

Além disso, quanto à distribuição temporal dos cultivos, a uniformização de datas de plantio em uma área favorece o controle da mosca-branca, pois evita a colonização de plantios novos pela praga oriunda de plantios mais velhos.

 

Controle biológico

Quanto ao controle biológico, deve-se favorecer as condições para que os inimigos naturais da praga permaneçam na área, priorizando-se inseticidas seletivos e mantendo plantas hospedeiras dos inimigos naturais. Também podem ser liberados organismos na área, vespas, predadores (ácaros, coleóptera, hemiptera, neuroptera), fungos entomopatogênicos etc. Existem mais de 50 produtos biológicos registrados para o controle de Bemisia tabaci.

Recentemente a Embrapa, em parceria com uma empresa privada, lançou um produto para o controle de mosca-branca (Bemisia tabaci), elaborado com cepa do fungo Cordyceps javanica, que possui eficiência para o controle de ninfas e adultos da praga, e causa baixo impacto em insetos benéficos, preservando a vida de inimigos naturais.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

ALENCAR, J. A. de; BLEICHER, E. Maximização da eficiência do controle químico da mosca-branca. In: HAJI, F. N. P.; BLEICHER, E. (Ed.). Avanços no manejo da mosca-branca Bemisia tabaci biótipo B (Hemiptera: Aleyrodidae). Petrolina: Embrapa SemiÁrido, 2004. p. 171-186.

BROWN, J. K.; COATS, S. A.; BEDFORD, I. D.; MARKHAM, P. G.; BIRD, J.; FROHLICH, D. R. Characterization and distribution of esterase electromorphs in the whitefly, Bemisia tabaci (Genn.) (Homoptera: Aleyrodidae). Biochemical Genetics, New York, v. 33, n. 7/8, p. 205-214, 1995.

COSTA-LIMA, T. C. da; MICHEREFF FILHO, M.; LIMA, M. F.; ALENCAR, J. A. de. Guia sobre mosca-branca em meloeiro: monitoramento e táticas de controle Petrolina: Embrapa Semiárido, 2016. 8 p. il. (Embrapa Semiárido. Circular técnica, 112).

CUBILLO, D.; SANABRIA, G.; HILJE, L. Eficacia de coberturas vivas para el manejo de Bemisia tabaci como vector de geminivirus, en tomate. Manejo Integrado de Plagas, Turrialba, n. 51, p. 10-20, 1999.

FARIAS, A. R. N. Biologia e controle biológico da mosca-branca Bemisia tabaci (Gennadius, 1889) biotipo B (Hemiptera: Aleyrodidae) em melão (Cucumis melo). 2000. 109 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Carlos, SP

VILLAS BÔAS, G. L.; CASTELO BRANCO, M. Manejo integrado da mosca-branca (Bemisia tabaci biótipo B) em sistema de produção integrada de tomate indústria (PITI). Brasília, DF: Embrapa Hortaliças, 2009. 16 p. (Embrapa Hortaliças. Circular técnica, 70).

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