Controle (manejo integrado) da lagarta rosca - Agrotis ipsilon
Leia sobre o controle da lagarta rosca (Agrotis ipsilon).
A lagarta rosca (Agrotis ipsilon) é a principal praga do gênero agrotis, e tem esse nome pois fica enrolada durante o dia no solo ou quando são tocadas. A lagarta é polífaga, e ataca diversas culturas diferentes, como feijão, soja, algodão, cebola, tomate, batata, milho, repolho, brócolis, cenoura, espinafre, alface, fumo etc.
É uma praga de difícil controle pois possui hábito noturno, sendo difícil de visualizá-la no campo, pois ficam enterradas ou debaixo de restos culturais. O controle da lagarta rosca é feito principalmente com inseticidas, e existem poucas informações sobre o controle dessa praga por outros métodos.
Os adultos são mariposas com hábitos noturnos, com asas anteriores de coloração pardo a marrom, com algumas manchas escuras e envergadura média de 3,5 cm, e as asas posteriores semi transparentes. As lagartas são robustas, com coloração cinza a marrom-escuro, com manchas pretas, e comprimento de aproximadamente 45 mm no último estágio. As lagartas ficam enterradas no solo ou sob os restos culturais durante o dia, e a noite atacam as plantas.
Agrotis ipsilon. A. Fêmea adulta. B. Lagarta / Imagem: Jorge Guimarães e Juscimar da Silva / Embrapa
As lagartas causam danos pela raspagem do tecido das folhas jovens e seccionamento das plântulas rente ao solo, causando a morte. O prejuízo reduz o stand na lavoura, sendo necessário muitas vezes o replantio. Em algumas espécies, a lagarta pode atacar também as raízes. No caso da batata, por exemplo, ocorrem grandes prejuízos pois, além de seccionar as plântulas, as lagartas provocam perdas nos tubérculos no solo.
A praga possui grande capacidade reprodutiva, as fêmeas ovipositam 1800 ovos em média, podendo ovipositar mais de 3 mil ovos. Os ovos são colocados na parte aérea da planta ou no solo próximo à planta hospedeira.
Controle da lagarta rosca (Agrotis ipsilon)
Controle cultural
A eliminação de plantas daninhas e restos culturais que podem ser hospedeiros da praga é uma boa forma de controle. Para isso, deve-se conhecer as espécies de plantas que podem ser hospedeiras da lagarta rosca e eliminá-las, visando quebrar o ciclo biológico da praga.
Além disso, pode-se também fazer o revolvimento do solo com aração e gradagem. A prática expõe as lagartas e pupas presentes no solo ao sol, que prejudica o inseto, além de deixá-las suscetíveis ao ataque de predadores.
Outro ponto é a cobertura morta. Os restos culturais servem de proteção para a praga, e a eliminação desse material faz com que a espécie não tenha um ambiente favorável para se proteger até a chegada da próxima safra.
Controle químico
Como a lagarta rosca tem um hábito noturno e subterrâneo, ficando escondida durante o dia, a aplicação de inseticidas muitas vezes resulta em baixa eficiência.
O controle químico pode ser feito através do tratamento de sementes com inseticidas sistêmicos em locais com histórico de incidência da praga. Além disso, podem ser feitas aplicações com alto volume de calda dirigida ao colo da planta, sendo feita ao fim do dia, para atingir o inseto durante a sua atividade noturna.
Os inseticidas recomendados para essa praga podem ser altamente tóxicos e com baixa seletividade, atingindo organismos não alvo que muitas vezes são benéficos ao ambiente e ao controle biológico da praga. Dessa forma, deve-se tomar cuidado com o uso e aplicar esses produtos apenas quando necessário, seguindo as recomendações da bula.
Também podem ser usadas iscas tóxicas com farelo de trigo, açúcar, água e inseticida (carbamato ou piretroide), aplicando os grânulos na lavoura ao final do dia.
Controle biológico
Dentre os organismos de controle biológico, podemos citar o uso de parasitóides como as espécies Trichogramma pretiosum e Trichogramma atopovirila, que podem ser liberados no campo fazendo o controle da lagarta rosca.
Produtos à base de bactérias, como a Bacillus thurigiensis, sintetizam proteínas inseticidas que são tóxicas a diversos insetos-praga, inclusive à Agrotis ipsilon. Existem também alternativas promissoras como os fungos Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, e o vírus Agrotis ipsilon multiple nucleopolyhedrovirus (AgipMNPV), mas ainda carecem de mais estudos.
Algumas plantas também podem produzir substâncias que atuam no controle de pragas como a lagarta rosca. Estudos com o óleo de neem, azevém, anis, canela e parafina apontam efeitos positivos no controle das lagartas, podendo ser associado com outras formas de controle.
Quanto ao controle biológico que ocorre de forma natural na lavoura, esse ocorre por dípteros, entomopatógenos e microhimenopteros. Porém, para preservar a vida desses organismos, deve-se usar inseticidas seletivos quando possível, além de tomar cuidado durante a aplicação dos inseticidas, aplicando os produtos nos horários mais adequados para atingir a praga.
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
BENTO, F. M. M.; MAGRO, S. R.; FORTES, P.; ZÉRIO, N. G.; PARRA, J. R. P. Biologia e tabela de vida de fertilidade de Agrotis ipsilon em dieta artificial. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 42, p.1369-1372, 2007.
BENTO, F. M. M.; PARRA, J. R. P. Seleção de linhagens de Trichogramma spp. para controle de Agrotis ipsilon. XX Congresso Brasileiro de Entomologia - Setembro/2004 - Gramado/RS – Brasil
CAPINERA, J. L. 2015. Common name: black cutworm, Scientific name: Agrotis ipsilon (Hufnagel) (Insecta: Lepidoptera: Noctuidae).
COOK. K.A.; RATCLIFFE, S.T.; GRAY, M.E.; STEFFEY, K.L. Black Cutworm (Agrotis ipsilon Hufnagel). University of Illinois, Department of Crop Sciences, 24 2003.
GIANNASI, A. de O. Aspectos biológicos de Agrotis ipsilon (Lepidoptera: Noctuidae) (Hufnagel, 1767) e testes com nematoides entomopatogênicos (Rhabditida: Steinernematidae e Heterorhabditidae) visando o seu controle. 2014. 67 f. Dissertação de Mestrado, Programa de Mestrado em Agronomia, Universidade Estadual do Norte do Paraná, Bandeirantes, 2014.
KAISER, I. S. Capítulo 1. In: KAISER, I. S. MANEJO DE Agrotis ipsilon (HUFNAGEL) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) COM ENTOMOPATÓGENOS. Orientador: Prof. Dr. Dirceu Pratissoli. 2016. Dissertação (Mestre em Produção Vegetal) - Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre, ES, 2016.
MELO, M. Ataque noturno. Cultivar HF. Ano XIV, n. 163, p. 8-9. 2013
MOREIRA, H. J. C; ARAGÃO, F. D. Manual de Pragas do Milho. FMC. 2009. 132 p.
PRATISSOLI, D.; SANTOS JUNIOR, H. J. G. Lagarta rosca. In: PRATISSOLI, D. Pragas emergentes no Estado do Espírito Santo. 1ed. Alegre – ES: UNICOPY, 2015, Cap. 19, p. 134 – 140.
SOUZA, J. C. Principais aspectos sobre as pragas do milho em plantios direto e convencional. Circular técnica da Epamig, 180: 2005
VIANA, P. A; CRUZ, I.;WAQUIL, J. M. Manejo de Pragas na Cultura do Milho Irrigado. In: RESENDE, M.; ALBUQUERQUE, P. E. P.; COUTO, L.. (Org.). A Cultura do Milho Irrigado. 1ed. Brasília - DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2003, v. Cap. 6, p. 127-156.
VOSS, M.; ANDALÓ, V.; NEGRISSOLI JÚNIOR, A. S.; BARBOSANEGRISSOLI, C. R. Manual de técnicas laboratoriais para obtenção, manutenção e caracterização de nematoides entomopatogênicos. 2011. Documento 199 – Embrapa.
WHITWORTH, R. J. 2011. Black Cutworms. Kansas State University Agricultural Experiment Station and Cooperative Extension Service. Disponível em: Acesso em : 02 de maio de 2016.