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Como fazer a calda sulfocálcica para o controle de pragas e doenças?

Leia sobre o uso da calda sulfocálcica para o controle de fungos, insetos e ácaros


A calda sulfocálcica controla fungos, insetos e ácaros, com concentrações diferentes em cada caso. Quanto maior a concentração, maior a eficiência, porém, mais perigosa, aumentando o risco de queima das folhas e frutos. Usar concentrações mais baixas em épocas muito quentes (temperaturas altas aumentam a efetividade da calda). As caldas sulfocálcicas são aplicadas em graus Baumé. Vamos entender:

 

Tabela 1. Quantidade de água a acrescentar por litro de calda sulfocálcica na . concentração original para obter as diferentes diluições em graus Baumé.
Graus Baumé da calda original Concentração da calda a preparar (ºBaumé)
4,0 3,5 3,0 2,0 1,5 1,0 0,8 0,5 0,3
33º 9,4 10,9 12,9 20,2 27,3 41,4 52 84 142
32º 9,0 10,5 12,4 19,3 26,2 38,7 50 81 137
31º 8,6 9,9 11,9 18,5 25,1 38,1 48 77 131
30º 8,2 9,5 11,3 17,7 24,0 36,5 46 74 129
29º 7,8 9,1 10,8 17,0 23,0 34,8 44 71 120
28º 7,4 8,7 10,3 16,2 21,9 33,3 42 68 116
27º 7,1 8,3 9,8 15,4 20,9 31,9 40 65 110
25º 6,4 7,4 8,9 13,9 18,9 29,0 36 59 101
22º 5,3 6,2 7,5 11,8 16,2 24,7 31 51 86
20º 4,7 5,5 6,6 10,5 14,4 22,0 28 45 77
17º 3,7 4,4 5,3 8,5 11,7 17,0 23 37 64

 

Por exemplo: um litro de calda a 27º Baumé deve ser diluído em 110 litros de água para obter a densidade de 0,3º Baumé.

Para o preparo da calda, usa-se duas latas de 20 litros. Colocar 1 kg de cal virgem em uma, e adicionar, aos poucos, 10 litros de água levemente aquecida. Depois, levar ao fogo para ferver. Assim que iniciar a fervura, adicionar 2 kg de enxofre em pó (pó molhável ou pecuário), marcando na lata o nível inicial da calda. Mexer com pé de madeira por 1 hora aproximadamente, sempre mantendo a fervura. Em outra lata de 20 litros, manter água fervente para adicionar, sempre que necessário, na primeira lata, para completar o nível marcado inicialmente (repondo a água que evaporou).

Cerca de uma hora após a fervura, a calda deve ficar com cor pardo-avermelhada e grossa. Assim que esfriar, medir a densidade com o densímetro ou areômetro de Baumé. Se a cal virgem e o enxofre forem de boa qualidade, a densidade deve ser de 28 a 32 graus Baumé. Com as informações da tabela acima, pode-se realizar a diluição.

Como exemplo, para preparar uma calda com densidade de 1 Baumé, a partir de uma calda com 30º, cruzar a linha e coluna dos respectivos valores na tabela, encontrando o valor 36,5, que é a quantidade de litros de água para diluir em cada litro da calda original. Após o preparo da calda, peneirar e passar por pano fino, evitando entupimentos dos equipamentos. Pode-se usar espalhantes adesivos naturais para melhorar a aderência da calda.

Observe as indicações abaixo, aplicando sempre em alto volume e pressão, e realizando corretamente as misturas com água:

  • Ferrugem e ácaros nas culturas cebola, alho, berinjela, feijão, pimentão, roseira e crisântemo - aplicar solução de calda a 26º Baumé, na proporção de 1 litro de calda para 20 litros de água;
  • Tripes nas culturas de cebola, alho e feijão - aplicar solução de calda a 26º Baumé, na proporção de 1 litro de calda para 25 litros de água;
  • Fungos e cochonilhas, em frutíferas caducifólias (pêssego, maçã, pêra, caqui, uva, ameixa, nectarina) - no tratamento de inverno, aplicar a calda sulfocálcica com 26º Baumé, na proporção de 10 litros de calda para 60 litros de água. Já no tratamento de primavera/verão, para o controle de larvas de cochonilhas, ácaros e tripes, usar a calda a 26º Baumé na proporção de 1 litro de calda para 33 litros de água;
  • Ferrugem (controle preventivo) em goiabeira - usar a calda sulfocálcica para em concentração de 0,3º Baumé;
  • Ácaro-da-leprose no citrus - usar a calda a 26º Baumé na proporção de 1 litro de calda para 30 litros de água;

 

Cuidados com a calda sulfocálcica!

A calda deve ser armazenada por no máximo 60 dias em recipientes de plástico ou de vidro, não deve ser usada em culturas de melão, pepino, abóbora e melancia ou em flores de qualquer cultura. A calda é alcalina e corrosiva, causa ferimentos na pele e danos ao metal e às roupas. Lavar todo o equipamento após a aplicação, inclusive as mangueiras, usando solução de 1:10 de ácido acético (vinagre). Caso a aplicação seja feita em cultivo protegido, usar 50% da dose recomendada para cultivos a céu aberto.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

ANDRADE, L.N.T.; NUNES. M.U.C. Produtos alternativos para controle de doenças e pragas em agricultura orgânica. Aracaju: Embrapa-Tabuleiros Costeiros, 2001. 20p. (Ernbrapa Tabuleiros Costeiros. Documentos, 281.

AYRES, M. I. da C.; PUENTE, R. J. A.; NETO, J. G. F.; UGUEN, K.; ALFAIA, S. S. Cartilha para Produtores Familiares - DEFENSIVOS NATURAIS: Manejo alternativo para "pragas" e doenças. Manaus: INPA, 2020. 34 p.

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