Como controlar o nematoide-das-lesões com adubação verde / plantas de cobertura
Entenda o controle do nematoide-das-lesões com plantas de cobertura.
Os prejuízos dos nematoides-das-lesões são causados principalmente pelas espécies Pratylenchus zeae, Pratylenchus brachyurus (principalmente em soja em sistema de plantio direto) e Pratylenchus jaehni. Espécies bastante cultivadas no Brasil, como o milho, algodão e a maioria das braquiárias, são boas hospedeiras do P. brachyurus. Além disso, quanto ao P. zeae, cana-de-açúcar e milho são culturas que aumentam as populações desta espécie. Já o milheto e algumas outras braquiárias são más hospedeiras do P. brachyurus.
Poáceas não devem ser cultivadas em locais infestados pelos nematoides das lesões, pois a população destes nematoides é favorecida por estas plantas, exceto para o milheto. O milheto pode reduzir bastante a população de Pratylenchus brachyurus, porém, esta planta pode favorecer o nematoide-das-galhas, dependendo do genótipo. Braquiárias também são plantas hospedeiras dos nematoides-das-lesões, apesar de poderem ser usadas para o controle de outros nematoides.
Abaixo podemos ver os resultados de diversos testes com diferentes espécies de plantas para o controle do nematoide-das-lesões.
Pratylenchus zeae
Foram realizados poucos estudos em casa de vegetação para o controle destas espécies. Um estudo com crotalárias em casa de vegetação, com as espécies Crotalaria mucronata "Striped" e "Giant Striata" apresentou bons resultados, reduzindo, após 2 meses, a população inicial de Pratylenchus brachyurus em mais de 80%, e a população de P. zeae em 97% e 100%, respectivamente.
Já um estudo feito a campo verificou que a população de Pratylenchus zeae foi reduzida a níveis indetectáveis após 24 meses de tratamento de uma área com incorporações sucessivas de mucuna-preta e Crotalaria juncea, intercaladas com períodos de alqueive mecânico.
Em outro estudo, observou-se supressão do nematoide do substrato e das raízes de C. paulina, C. striata, C. mucronata, C. lanceolata e C. virgulata ssp. grantiana. Houve redução (mas não supressão) da população do nematoide com C. juncea e C. retusa, e houve aumento da população com C. spectabilis e C. breviflora.
Pratylenchus brachyurus
Quanto às crotalárias, em experimento em casa de vegetação, C. mucronata "Striped" e "Giant Striata" apresentaram bons resultados, reduzindo, após 2 meses, a população inicial de Pratylenchus brachyurus em mais de 80%, e a população de P. zeae em 97% e 100%, respectivamente. Após 90 dias, não foi observado P. brachyurus no substrato e raízes de C. paulina, C. striata, C. mucronata, C. lanceolata, C. retusa, Crotalaria pallida e C. virgulata ssp. grantiana, e manteve-se em baixa densidade (reduzindo a população inicial em cerca de 90%) em C. juncea e C. spectabilis.
Para o controle de Pratylenchus brachyurus, testes com as plantas de cobertura C. spectabilis e C. breviflora resultaram em redução da população inicial do nematoide de 79% a 100% com C. spectabilis e 74% a 100% com C. breviflora. Em outros estudos para o mesmo nematoide, observou-se que, após 75 dias da inoculação de nematoides em plantas, as crotalárias C. breviflora e C. ochroleuca reduziram mais de 90% da população dos nematoides, além de beneficiar o crescimento da soja. Também foram feitos estudos em que se observou resultado positivo do uso de feijão-de-asa e espécies de estilosantes para o controle de P. brachyurus.
Espécies como C. mucronata e C. juncea tiveram resultados contraditórios quanto ao controle de Pratylenchus brachyurus, e o mesmo ocorreu com espécies de guandu. Não é recomendado o uso de mucunas em áreas infestadas com P. brachyurus, pois testes a campo observaram que estas plantas aumentaram a densidade populacional do nematoide.
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
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