Como controlar plantas daninhas na agricultura orgânica?

A busca por alimentos orgânicos vem crescendo nos últimos anos. Os consumidores cada vez mais optam por produtos sem resíduos de agrotóxicos e que causem menor impacto ambiental. Porém, como na agricultura orgânica não é permitido o uso de herbicidas, o manejo de plantas daninhas deve ser muito bem realizado com outras estratégias, evitando que estas plantas prejudiquem a cultura através da competição e/ou alelopatia, reduzindo a produtividade final. Para ler mais sobre os prejuízos causados por plantas daninhas, clique aqui.

Dessa forma, o conhecimento das plantas daninhas, seus prejuízos e sobre o manejo integrado é fundamental. É importante entender a morfologia das plantas, dormência, germinação das sementes, fisiologia do crescimento, capacidade competitiva e reprodução. Aspectos da biologia de populações como dinâmica do banco de sementes ou longevidade de propágulos vegetativos de plantas perenes podem auxiliar a previsão de infestações e estratégias de manejo sustentável.

Controle de plantas daninhas em produção orgânica

O controle de plantas daninhas na agricultura orgânica pode ser preventivo, cultural, mecânico, físico e biológico.

Controle preventivo de plantas daninhas na agricultura orgânica

Este método tem o objetivo de evitar a entrada e o estabelecimento de novas espécies de plantas daninhas na área. Para isso, é necessário entender as fontes de introdução dessas plantas na área. Por exemplo, deve-se higienizar máquinas, ferramentas e implementos usados em outras áreas e que possam estar carregando propágulos vegetativos. Também pode-se eliminar plantas daninhas em rodovias, cercas, estradas, canais de irrigação etc.

Outro ponto importante é adquirir sementes e mudas de produtores certificados e/ou confiáveis, evitando adquirir lotes contaminados com sementes de invasoras. Animais provenientes de outras áreas devem passar por medidas quarentenárias, pois podem carregar sementes em seu sistema digestivo. Além disso, o uso de esterco / compostos orgânicos produzidos fora da propriedade devem ser fermentados e compostados.

Controle cultural de plantas daninhas na agricultura orgânica

O controle cultural visa favorecer o cultivo em detrimento da planta invasora. Quanto à cultura, pode-se optar por plantas com rápido crescimento inicial, que produzam compostos alelopáticos, que sejam tolerantes à estes compostos, adaptadas ao clima e solo local e cultivadas com densidades que promovam o rápido fechamento da lavoura, deixando pouco espaço para plantas daninhas. A alelopatia também é uma importante ferramenta no controle de plantas daninhas. Para ler mais sobre esse assunto, clique aqui. 

Recomenda-se também a rotação de culturas, uso de culturas de cobertura e de adubação verde que irão ocupar o solo e deixar pouco espaço para plantas daninhas, além de causarem possíveis efeitos alelopáticos. Estudos mostram que a rotação de culturas tem grande efeito no banco de sementes de plantas invasoras, reduzindo significativamente a presença destas plantas. Plantas com grande massa vegetal possuem maior nível de controle de plantas invasoras, mas também deve-se observar as características morfológicas dessas plantas e ciclo de vida.

Controle mecânico de plantas daninhas na agricultura orgânica

O controle mecânico consiste em fazer o arranquio / corte das plantas daninhas, o que geralmente é feito com algum equipamento, ou manualmente em hortas ou lavouras pequenas.

O preparo do solo para a semeadura é uma das formas de controle mecânico de plantas daninhas. Porém, não possui eficiência em médio e longo prazo. Em alguns casos, uma leve movimentação da superfície do solo antes do preparo pode estimular a germinação de sementes e emergência de plântulas. Espécies com reprodução vegetativa podem ser cortadas por implementos, originando muitas outras plantas, aumentando a infestação.

Durante o cultivo, deve-se evitar o uso de implementos que movimentem o solo, deixando os restos culturais sobre a superfície. O tipo de implemento utilizado depende do ciclo de vida da planta daninha, sistema radicular, nível de infestação, cultura implantada, clima e tipo de solo.

Controle físico de plantas daninhas na agricultura orgânica

O controle físico é feito por técnicas como o uso do fogo, inundação (arroz irrigado), cobertura morta, solarização e controle térmico, sendo a solarização e a cobertura morta as mais utilizadas.

A cobertura morta causa efeitos negativos nas plantas daninhas, agindo na:

• Germinação: impedindo a passagem de luz e reduzindo a variação térmica, o que prejudica a germinação de diversas espécies.
• Emergência: ainda que as plantas consigam germinar, podem não conseguir passar pela cobertura morta;

Além disso, a cobertura morta favorece a microbiota e microfauna do solo, favorecendo organismos que usam as sementes de plantas daninhas como substrato para o crescimento.

Quanto à solarização, você pode ler mais sobre o assunto clicando aqui.

Controle biológico de plantas daninhas na agricultura orgânica

O controle biológico é o uso de organismos vivos com capacidade de controlar ou suprimir espécies indesejadas, neste caso, plantas nocivas às culturas. O controle de plantas daninhas pode ser feito com produtos à base de fungos, bactérias, insetos e vírus, conhecidos como bioherbicidas.

A depender do cenário, o resultado pode ser semelhante ao obtido com herbicida em sistema convencional. Porém, como o controle é feito com organismos vivos, deve-se tomar diversos cuidados na conservação, estocagem, etc.

Para ler mais sobre o controle biológico de plantas daninhas, clique aqui!

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

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