Quais adjuvantes devo usar ao aplicar defensivos?
Entenda as características de cada adjuvante, e qual deles pode ser útil para você!
Adjuvantes são substâncias usadas para proporcionar algumas características desejadas em formulações de defensivos, melhorando a sua aplicação. Estes produtos representam cerca de 5% do mercado mundial de produtos fitossanitários, e seu uso tem se tornado bastante frequente. Leia abaixo as características de cada adjuvante, e qual deles pode ser útil para você!
Surfatantes
Também chamados de espalhantes ou tensoativos. Estes produtos interagem com a superfície dos materiais, e são muito utilizados para aumentar a área de contato dos defensivos agrícolas com seus respectivos alvos, melhorar a estabilidade e a compatibilidade das misturas. Além disso, podem aumentar ou diminuir o diâmetro mediano das gotas, interferindo no risco de deriva, e podem auxiliar nas misturas em tanque com produtos de natureza distinta.
Podem ser classificados em:
- não iônicos (neutros ou sem carga iônica);
- aniônicos (carga negativa);
- catiônicos (carga positiva);
- anfotéricos (carga depende do pH da solução).
Os não iônicos são os mais indicados para misturas em tanque com produtos fitossanitários devido à sua não reatividade iônica, evitando reações de incompatibilidade. Também apresentam menor risco de fitotoxicidade.
Os iônicos devem ser utilizados com bastante cautela por conta do risco de compatibilidade. Por exemplo, o glifosato não pode ser misturado com surfatantes catiônicos (carga positiva), enquanto que o paraquat não deve se misturar a surfatantes aniônicos (carga negativa).
Óleos
Os óleos são usados como adjuvantes, geralmente junto com surfatantes, ou como veículo em aplicações em ultra baixo volume (UBV). Podem ser de origem vegetal (sementes de oleaginosas) ou animal (destilados do petróleo), sendo, geralmente, os minerais mais fitotóxicos. Os óleos melhoram a penetração e adesão dos defensivos nas folhas, podendo aumentar a eficácia do controle, reduzir a remoção do produto pela chuva etc.
Os óleos possuem também efeito no controle de algumas espécies de pragas e doenças, sendo registrados como produtos fitossanitários. Além disso, podem aumentar o tamanho médio de gotas, servindo para reduzir a deriva. Porém, aplicações de gotas finas ou muito finas com grande quantidade de óleo podem causar efeito contrário, pois as gotas ficam mais leves, resultando em maior chance de deriva.
É importante observar o tipo de óleo e sua concentração antes da compra e uso, visto que algumas formulações possuem recomendações específicas quanto ao uso (ou não) do óleo.
Adesivos
São formados por substâncias que formam um filme na superfície do alvo, geralmente ativados pelo sol, e reduzem a lavagem dos defensivos nas folhas causadas pela chuva. Outros produtos também podem proporcionar efeitos semelhantes, como surfatantes e óleos.
Redutores de deriva
Esses produtos alteram a viscosidade da calda, reduzindo a formação de gotas muito finas e aumentando o diâmetro das gotas. Tal efeito também pode resultar na diminuição da taxa de evaporação da calda. Outros adjuvantes também podem reduzir a deriva, como óleos e surfatantes.
Antiespumante e redutores de espuma
Geralmente são surfatantes que reduzem ou eliminam a formação da espuma. O efeito antiespumante permite o uso de todo o volume do tanque, evitando derramamento e perda de produtos. Além disso, evita a contaminação do operador ou do meio ambiente.
Condicionadores de calda
O desempenho de um defensivo pode ser muito afetado pelo pH da calda e pela dureza da água. Alguns defensivos, como o paraquat e diquat, podem sofrer hidrólise em soluções com pH alcalino. Já a água dura é caracterizada por altas concentrações de íons alcalinos terrosos na forma de carbonato, e o cálcio e magnésio presentes na água dura podem se ligar às moléculas dos defensivos. Íons ferrosos também podem interferir no desempenho desses produtos.
Nestes casos, condicionadores de calda como os acidificantes e tamponantes podem ser usados para manter o pH em uma faixa adequada para o uso de defensivos, ao passo que quelatizantes podem ser usados para impedir a reatividade de íons ferrosos e outros íons metálicos com os defensivos, evitando a inativação desses produtos.
Compatibilizantes
São produtos que melhoram a interação entre os componentes da mistura, reduzindo o risco de sedimentação, formação de grumos e gel.
Extensor ou protetor
São produtos que protegem os defensivos da fotodegradação, durante ou após a secagem nas folhas.
Agentes de deposição
São produtos que melhoram a deposição dos defensivos no alvo, reduzindo o percentual de gotas muito finas na calda, reduzindo consequentemente a evaporação da solução. Surfatantes e óleos também podem atuar como agentes de deposição.
Umectantes
São produtos que reduzem a evaporação e/ou reidratam depósitos secos em condições de umidade e orvalho.
Adjuvantes a base de amônia
São produtos que ativam a absorção de defensivos (conhecidos também como bioativadores), principalmente no caso de herbicidas. Seu uso é comum com o glifosato para melhorar a ação do herbicida. Porém, seu uso não é recomendado para alguns outros produtos, como o dicamba, por exemplo, devido ao risco de aumento da volatilidade desses produtos.
Multifuncionais
São produtos com vários ingredientes, proporcionando várias utilidades, como por exemplo produtos com misturas de surfatantes e tamponantes ou redutores de pH. Deve-se verificar a certificação de tais produtos, pois nem todos contemplam todas as funções informadas no rótulo.
Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo
Referências:
RAETANO, C. G.; CHECHETTO, R. G. Adjuvantes e formulações. In: ANTUNIASSI, U. R.; BOLLER, W. Tecnologia de Aplicação Para Culturas Anuais. 2. ed. Passo Fundo, RS: Aldeia Norte, 2019. p. 29-47.