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Entenda o que é o glifosato, o agrotóxico mais usado no mundo!

Leia sobre o agrotóxico mais utilizado do mundo!


Foto: Divulgação

O glifosato é o agrotóxico mais utilizado no Brasil e no mundo, sendo um importante herbicida para o controle de plantas daninhas nas lavouras agrícolas. Esse herbicida foi criado na em 1970, e se tornou muito utilizado principalmente em sistema de plantio direto e cultivo de culturas tolerantes / resistentes à herbicidas.

É pulverizado nas lavouras para o controle de plantas daninhas, sendo absorvidos através das folhas, sendo transportado para toda a planta, agindo no metabolismo do vegetal, matando-o lentamente. As plantas daninhas são aquelas que crescem em um local / momento indesejado, e competem com as culturas por recursos (como luz, água e nutrientes), diminuindo a produtividade, além de causar outros prejuízos.

Vamos entender mais sobre esse herbicida!

 

Índice dos conteúdos - clique para navegar

Como o glifosato funciona?
Uso do glifosato no Brasil
Porque o glifosato é tão utilizado?
Plantas daninhas resistentes ao glifosato

 

Como o glifosato funciona?

O glifosato faz parte do grupo dos herbicidas "Inibidores de EPSPs", também conhecidos como inibidores de Aminoácidos Aromáticos. As plantas possuem uma enzima chamada EPSP, que produz diversos  aminoácidos essenciais (triptofano, fenilalanina e tirosina), necessários para a síntese de proteínas, e produtos aromáticos como ligninas, alcalóides, flavonóides, ácidos benzóicos e hormônios vegetais, causando a morte da planta.

O é absorvido pelas plantas em aproximadamente 6 horas (sem chuva) após a aplicação, e atua se liga a enzima EPSP, inibindo a sua atividade, bloqueando a produção de diversas moléculas. Como o glifosato se dissocia muito lentamente na enzima, acaba inativando esta.

O glifosato também reduz a síntese de fitoalexinas, e aumenta a concentração de nitrato, etileno e outros compostos para níveis tóxicos, acelerando a morte da planta. Esse herbicida causa sintomas como o amarelecimento das folhas, seguido de murcha, necrose e morte em até 14 dias. 

O glifosato possui ação sistêmica, ou seja, se transloca pela planta, causando efeitos em diversas partes. Vale ressaltar que o glifosato não causa ação nas sementes no solo. Se usado em pré-emergência, o herbicida é adsorvido pelas partículas do solo antes de causar efeito nas plantas.

 

Uso do glifosato no Brasil

Os herbicidas representam a maior parte dos agrotóxicos utilizados, sendo o glifosato o herbicida mais usado nas lavouras, em quantidade total, representando mais da metade do uso de herbicidas no Brasil. Em segundo lugar vem o 2,4-D, e em terceiro, o Mancozebe. O gráfico abaixo nos permite visualizar quais os ingredientes ativos mais utilizados dentre todos os tipos de agrotóxicos.

 


Fonte: Painel de informações de agrotóxicos - IBAMA

 

O glifosato é muito utilizado para o controle de plantas daninhas em diversas culturas agrícolas importantes, como soja, algodão e milho. O herbicida possui amplo espectro de controle,  podendo controlar mais de 160 espécies de plantas daninhas, matando as plantas em 7 a 14 dias após a aplicação. Além das lavouras, o produto também é utilizado para o controle de plantas daninhas em outros locais, como parques industriais, estradas ou ferrovias.

Além do uso como herbicida, o glifosato também pode ser usado como regulador de crescimento, maturador em cana-de-açúcar, eliminação de soqueira, dessecante etc.

Conforme o Relatório de comercialização de agrotóxicos do Ibama, em 2022, foram vendidas 266 mil toneladas de agrotóxicos no Brasil. Observe o gráfico abaixo com as vendas de glifosato nos últimos anos:


Toneladas de glifosato comercializadas por ano no Brasil entre 2009 e 2022. Fonte: Relatório de comercialização de agrotóxicos - Ibama.

 

Porque o glifosato é tão utilizado?

Existem alguns motivos que fazem o glifosato ser o defensivo agrícola mais utilizado no mundo:

  • Pode ser aplicado em culturas geneticamente modificadas, como soja e milho, que resistem ao efeito do herbicida, eliminando as plantas daninhas nestas lavouras;
  • Controla tanto as plantas daninhas de folha larga quanto as de folha estreita, podendo controlar mais de 160 espécies;
  • É o único herbicida que atua na EPSPs, não possuindo produtos concorrentes;
  • Possui baixo custo para aquisição;
  • É o principal facilitador do plantio direto;
  • Fácil aplicação e flexibilidade de uso;
  • Causa efeito em diferentes estágios de desenvolvimento das plantas daninhas;
  • Pode ser usado como regulador de crescimento em algumas culturas, como algodão e cana-de-açúcar.

 

Plantas daninhas resistentes ao glifosato

Por conta do intenso uso, muitas plantas daninhas se tornaram resistentes ao herbicida glifosato. Vamos ver alguns exemplos:

  • Buva (Conyza bonariensis, Conyza canadensis e Conyza sumatrensis);
  • Caruru (Amaranthus palmeri e Amaranthus hybridus);
  • Capim-amargoso (Digitaria insularis);
  • Capim-arroz (Echinochloa crusgalli);
  • Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica);
  • Capim-branco (Chloris elata);
  • Azevém (Lolium multiflorum);
  • Amendoim-bravo (Euphorbia heterophylla).

Para não promover a resistência de plantas daninhas ao glifosato, é muito importante realizar a rotação de herbicidas com diferentes mecanismos de ação, usar outros métodos de controle para plantas daninhas e controlá-las quando ainda houver baixo nível de infestação.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

AMARANTE JUNIOR, O. P. DE. et al.. Glifosato: propriedades, toxicidade, usos e legislação. Química Nova, v. 25, n. 4, p. 589–593, jul. 2002.

AMRHEIN, N. et al. The site of the inhibition of the shikimate pathway by glifosato II. Interference of glifosato with chorismate formation in vivo and in vitro. Plant Physiology, 66, 830-834, 1980.

Gitti, D. de C et al. Glyphosate como regulador de crescimento em arroz de terras altas. Pesquisa Agropecuária Tropical [online]. 2011, v. 41, n. 4 [Acessado 11 Julho 2024], pp. 500-507. Disponível em: <https://doi.org/10.5216/pat.v41i4.10160>. Epub 08 Fev 2012. ISSN 1983-4063. 

MOREIRA, M. S.; et al. Resistência de Conyza canadensis e C. bonariensis ao herbicida glifosato. Planta Daninha, v. 25 (1), p. 157-164, 2007.

TAIZ, L., ZEIGER, E. Plant physiology. 4. ed. Massachusetts: Artmed, 764 p, 2006.

VILA-AIUB, M.M.et al. Glifosato-resistant weeds of South American cropping systems: an overview. Pest Management Science, v. 64, p. 366–371, 2008.

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