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O que é o 2,4-D? Como o herbicida age na planta?

Entenda como funciona o herbicida 2,4-D.


O 2,4-D é um herbicida, ou seja, um produto químico utilizado para eliminar plantas indesejadas em cultivos agrícolas. Trata-se de um dos herbicidas mais utilizados no mundo, sendo o segundo ingrediente ativo mais comercializado no Brasil conforme o Painel de informações de agrotóxicos do IBAMA, representando aproximadamente 8% dos ingredientes ativos usados em 2022.

 

Como funciona o herbicida 2,4-D?

O 2,4-D faz parte do grupo dos "Herbicidas reguladores de crescimento (auxínicos)". Nas plantas, as auxinas são hormônios que atuam no crescimento, formação e elongação celular, controle do crescimento lateral etc.

Esses herbicidas, em baixas doses, possuem propriedades parecidas com a auxina natural. Já em doses maiores, causam diversas anormalidades em plantas dicotiledôneas, atuando como herbicidas. Porém, em gramíneas, como a translocação é muito reduzida, não ocorre o mesmo efeito. Assim, esses produtos são usados para controlar plantas daninhas de folhas largas em culturas de gramíneas e pastagens.

As plantas absorvem esse herbicida através das raízes e das folhas, sendo translocados pelo xilema e pelo floema, o que classifica esses herbicidas como "Sistêmicos". Estes produtos estimulam a atividade da bomba de prótons da ATPase na membrana celular, movimentando prótons para fora da célula, o que causa uma mudança de pH ao redor da célula, estimulando a atividade de enzimas que causam elongação celular anormal.

Além disso, também ocorre aumento da produção da RNA polimerase, que estimula a produção de RNA, DNA e proteínas, aumentando a síntese de auxinas e giberelinas, que promoverão divisão e alongamento celular acelerado e desordenado nas partes novas das plantas.

 

Quais os sintomas do 2,4-D?

Esses processos químicos provocados pelo alguns sintomas:

  • Torção dos ramos;
  • Crescimento desordenado nas partes novas das plantas;
  • Curvatura e enrolamento do caule e pecíolo (epinastia);
  • Espessamento do caule na região dos nós;
  • Coloração verde escura e encarquilhamento das folhas;
  • Clorose, murchamento e necrose nas regiões meristemáticas.

 

Cuidados ao aplicar o 2,4-D

O 2,4-D pode ser aplicado apenas uma vez por ciclo, com exceção da cana-de-açúcar, onde pode-se fazer duas aplicações. A aplicação é somente por via terrestre.

Os herbicidas fenóxicos, como o 2,4-D podem ser formulados como ésteres ou aminas. Os ésteres são voláteis, o que faz com que sejam suscetíveis à deriva. Já as aminas são pouco voláteis. A formulação amina é muito mais comum no mercado brasileiro.

A deriva é o desvio da trajetória de partículas / gotículas de um agrotóxico, não atingindo o alvo desejado, mas sim outras plantas e/ou ambientes, causando diversos prejuízos como a morte não desejada de plantas em um cultivo agrícola. Dessa forma, sempre respeite as condições climáticas ideais para a aplicação de defensivos. Além disso, verifique a regulagem das máquinas e modelo das pontas de pulverização.

No solo, a mobilidade do 2,4-D pode contaminar a água subterrânea ou águas superficiais no caso de escoamento de aplicações terrestres, quando ocorre erosão. O potencial de lixiviação não é grande, mas alguns produtos solúveis em água podem atingir lençol de água próximo à superfície. No solo, o 2,4-D é degradado principalmente por microrganismos. Quanto maior a atividade microbiana no solo, mais rápida será a degradação do 2,4-D. A taxa de degradação aumenta com o aumento do pH, teor de matéria orgânica e temperatura.

 

Anderson Wolf Machado - Engenheiro Agrônomo

 

Referências:

MARCHI, G.; MARCHI, E. C. S.; GUIMARÃES, T. G. Herbicidas: mecanismos de ação e uso. Embrapa Documentos - 227, Planaltina, DF, 2008.

OLIVEIRA JUNIOR, R. S.; CONSTANTIN, J. Plantas daninhas e seu manejo. Guaíba: Agropecuária, 2001. 362 p.

PETERSON, D. E.; THOMPSON, C. R.; REGEHR, D. L.; AL-KHATIB, K. Herbicide mode of action. Topeka: Kansas State University, 2001. 24 p.

VIDAL, R. A. Herbicidas: mecanismos de ação e resistência de plantas. Porto Alegre, 1997. 165 p.

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