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Doenças nas plântulas de milho



A ocorrência de doenças de plântulas vem aumentando nos últimos anos, especialmente nas áreas de plantio direto e nos locais, onde o plantio antecipado é seguido por frio e solos úmidos por várias semanas. Neste ambiente é comum o ataque dos patógenos de solo às sementes e plântulas, em especial, em solos mais pesados, compactados e com palhada ou resíduos da cultura anterior.

Mas, as doenças de plântulas não se limitam apenas às áreas de plantio direto ou aos solos pesados. Mudanças nas práticas de manejo como a falta de rotação de culturas, a antecipação dos plantios e os cultivos mais intensos com o objetivo de maximizar o uso da terra criaram ambientes que aumentam os riscos da ocorrência de doenças. Em algumas áreas, problemas de entrega de grãos e os melhores preços oferecidos pela entrega antecipada do grão têm o mesmo efeito, pois induzem a antecipação do plantio.

A ação das doenças de solo no estabelecimento do estande e no desenvolvimento das plantas depende grandemente da duração das condições climáticas adversas e da permanência de outros fatores que afetam o vigor, a emergência e o crescimento das plantas. A compactação, os resíduos da cultura anterior, as injúrias causadas por herbicidas e fertilizantes, a desuniformidade na profundidade de plantio, o ataque de pragas, a falta de contato íntimo entre as sementes e o solo podem enfraquecer a planta, atrasar a emergência e predispor as plântulas de milho ao desenvolvimento de doenças. Por outro lado, o plantio de sementes de alta qualidade em solo bem manejado e com condições climáticas adequadas, favorece o desenvolvimento do milho e, geralmente, permite que a planta supere os efeitos dos ataques dos patógenos.

Ambiente de crescimento dos patógenos

O ambiente ideal de crescimento para a maioria dos patógenos de solo que atacam as sementes de milho e as plântulas é frio e úmido (de 10º a 15ºC). Sob essas condições, o milho se desenvolve muito devagar. Por exemplo, quando a temperatura do solo está numa média de 13ºC, as plântulas de milho precisam de mais de 20 dias para emergir. Os tratamentos com fungicidas aplicados nas doses indicadas para proteger as sementes durante a germinação e a emergência têm boa eficácia por, aproximadamente, 10 e 14 dias. A emergência demorada ultrapassa o período residual dos tratamentos de semente e deixa as sementes vulneráveis ao ataque dos patógenos.

As condições climáticas são o determinante mais importante no crescimento das plantas. As condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de doenças de sementes e de plântulas podem ocorrer em alguns talhões e não em outros. A variação climática em diferentes áreas da fazenda pode ser a responsável por grandes diferenças na ocorrência de doenças entre talhões. Porém, não devemos nos esquecer que essas diferenças entre talhões podem ter sido ocasionadas por diferenças no manejo como, por exemplo, a seqüência de plantio de culturas durante as safras, a rotação de culturas, os anos de abertura desses talhões.

A quantidade de inóculo no solo também afeta o desenvolvimento de doenças. Patógenos que atacam as plântulas de milho sobrevivem no solo e resíduos da cultura anterior. Esses patógenos são ambos saprofíticos e parasitas, capazes de atacar tecidos mortos e vivos. Possuem hospedeiros alternativos que incluem culturas anteriores e plantas daninhas. Devido a essas características, os resíduos de milho e de outras culturas e as plantas daninhas são uma importante fonte de inóculo. Além disso, a fonte de inóculo é inevitavelmente alta em um campo com histórico de problemas de doenças de plântulas.

Os fungos causadores de doenças presentes no solo e que atacam as sementes e as plântulas de milho incluem Pythium, Fusarium, Rhizoctonia, Penicillium, Colletotrichum, Diplodia, dentre outros. Cada um desses gêneros tem várias espécies que podem diferir em patogenicidade e são influenciadas de modos diferentes pelo meio ambiente. Desses, o Pythium tem recebido maior atenção recentemente porque estão ocorrendo reduções significativas no estande causadas por esse fungo.

O Pythium, um “fungo de água” que sobrevive no solo e nos resíduos de plantas, é um patógeno sensível que predomina em condições de solos mais úmidos. Isto ocorre porque altos níveis de umidade do solo promovem a germinação dos “zoósporos”. A água do solo também fornece um meio para o transporte dos “zoósporos”: os esporos germinados são móveis e infectam o sistema radicular do milho. O Pythium é um dos primeiros grupos de fungos que atacam o milho na primavera, principalmente nas primeiras épocas de plantio da região Sul devido as baixas temperaturas que são ótimas para algumas espécies. Temperaturas de solo amenas, entre 10º e 15º C, favorecem várias espécies de Pythium, que são comuns na região Sul, particularmente nas lavouras plantadas mais cedo. Mas, várias espécies de Pythium são ativas em um grande intervalo de temperaturas.

Outros patógenos de plantas como o Fusarium e a Rhizoctonia não requerem condições extremamente úmidas para causar doenças. O Fusarium é um grupo de fungos de solo que pode ser encontrado em diferentes níveis na maioria das plantas de milho que apresentam sintomas de doenças. A Rhizoctonia é outro grupo de fungos que prevalece e tem grande gama de hospedeiros. Isso ajuda a explicar porque vários patógenos estão invariavelmente envolvidos quando uma planta de milho sucumbe às doenças de plântulas. Na verdade, os patologistas geralmente têm dificuldade em determinar qual é o patógeno principal. Isso acontece porque a semente que está morrendo, ou os tecidos da plântula que estão abaixo do solo, são rapidamente colonizados por uma variedade de fungos, os quais contribuem para a doença. Conseqüentemente, é mais certo pensar nas doenças de plântula de milho como um complexo de fungos que deve ser controlado como um grupo. Isto é prático porque as estratégias de manejo são, em grande parte, as mesmas, independentemente do patógeno envolvido

Diagnosticando as doenças de plântulas

Sintomas em todo o campo

A intensidade das doenças de plântulas varia no campo. Os sintomas precoces de atraso no crescimento, clorose, mau desenvolvimento e redução do estande podem ser seguidos pela recuperação quase completa caso as condições sejam favoráveis e permitam que o milho ultrapasse a fase de dano.

Mas, se as condições frias e úmidas continuarem, os sintomas geralmente se tornam piores e o estande diminui. As plantas atacadas podem estar em reboleiras ou distribuídas na lavoura. Em geral, uma planta mal desenvolvida, clorótica aparecerá próxima a uma planta saudável. Esses não são os sintomas típicos associados a outros problemas de plântulas como injúria por herbicidas ou fertilizantes, deficiência nutricional ou restrições de crescimento devido à compactação do solo.

Em casos extremos, o replantio de todo o talhão ou das áreas afetadas pode ser necessário. Mas, antes é preciso identificar o problema, analisar se a população de plantas é compatível com o híbrido e época de plantio e, caso realize o replantio, ver se o mesmo ainda está num período indicado para aquela região. Mesmo quando o replantio não é necessário, os talhões com doenças geralmente têm produtividades reduzidas devido à baixa população, crescimento desigual e vigor reduzido dessas plantas. Plantas dominadas que são cercadas por plantas saudáveis devido a competição desleal, sombreamento, sistema radicular menor, podem ser incapazes de competir e produzir espigas menores e, até mesmo, não produzir espigas. Raízes apodrecidas muito raramente irão se recuperar inteiramente, resultando em plantas que são menos capazes de suportar estresses futuros como seca, chuva forte, ataque de insetos, desenvolvimento de doenças de colmo e, até mesmo, absorver nutrientes.

Sintomas na semente e na planta

Os patógenos de solo podem atacar as sementes e as plântulas antes e depois da emergência, assim como as raízes e o mesocótilo das plantas que estão emergindo ou já estabelecidas.

Sementes: Em alguns casos, as sementes podem apodrecer antes da germinação. As sementes afetadas são, em geral, moles, descoloridas e pode se visualizar o crescimento dos fungos. As sementes apodrecidas decompõem-se rapidamente e as partículas de solo podem aderir fortemente a essas sementes, fazendo com que seja difícil de encontrá-las.

Plântulas em pré-emergência: Geralmente a semente germina, mas a plântula morre antes da emergência. O coleóptilo e as raízes primárias podem estar descoloridos e têm aparência úmida e apodrecida.

Plântulas já emergidas: As plântulas podem emergir através da superfície do solo antes de desenvolver os sintomas. As plantas afetadas nessa fase podem crescer mais lentamente do que as plantas vizinhas saudáveis e ter uma aparência clorótica (amarelada), dominada ou murcha. Em vários casos, o damping off das plântulas pode ocorrer. O damping off, em geral, refere-se a uma murcha rápida e a morte das plântulas devido ao colapso do caule causado pela podridão mole, geralmente na linha do solo colo da plântula. O Pythium e o Fusarium são os fungos mais comumente associados com podridões de semente e damping off de milho.

Raízes e mesocótilo: Lesões em baixo relevo e descoloridas são evidentes no mesocótilo, que eventualmente se torna mole e aguado. O sistema radicular é, em geral, mal desenvolvido e descolorido e as raízes separam-se facilmente do resto da planta. Se o sistema radicular primário e o mesocótilo forem seriamente afetados antes do desenvolvimento das raízes nodais ou permanentes, as plantas têm poucas chances de sobrevivência.

Para um diagnóstico mais detalhado de plantas com sintomas acima da superfície do solo, deve se arrancar as plantas vivas, lavar o solo das raízes e procurar o tecido apodrecido e lesões descoloridas no caule da planta, na coroa e nas raízes. A descoloração pode variar de branco-avermelhado a cinza, marrom escuro ou preto ou mesmo verde-azulado, dependendo da gama de patógenos envolvida.

Distinguindo as doenças de plântulas

Diferenças sutis existem entre os vários fungos de solo que atacam as sementes e plântulas de milho. Por exemplo, o Pythium gosta de solos frios, úmidos e está entre os primeiros patógenos ativos nas primeiras épocas de plantio durante a primavera. Independente dessas diferenças sutis, é difícil ou praticamente impossível distinguir esses patógenos baseando-se apenas nos sintomas. Muitos sintomas são similares e mais de um fungo invariavelmente ataca a planta. Mas distinguir entre esses patógenos tem pouco valor, uma vez que as práticas de manejo são similares para várias doenças de solo. A distinção importante é entre doenças e outros problemas de plântulas, incluindo ataque de insetos, injúria causada por herbicidas e fertilizantes ou crescimento restrito devido à compactação do solo.

Manejo das doenças de plântulas

O manejo das doenças de plântulas começa com o tratamento de sementes industrial com fungicidas realizado pelas empresas de sementes. Em adição a esse tratamento, os produtores podem ajudar a minimizar os efeitos das doenças de plântulas através de certas práticas:

- Escolha da época de plantio que propicie uma melhor emergência;
- Realizar a rotação de culturas, evitando a presença do patógeno e de pragas que possam abrir as portas para a ação dos patógenos;

Manutenção do vigor da semente evitando-se:
- Compactação do solo
- Adensamento superficial
- Profundidade de plantio excessiva
- Grande quantidade de restos de cultura na linha
- Injúria causada por herbicidas
- Injúria causada por fertilizantes

Tratamento de sementes

O Fludioxonil (Maxim) é um fungicida de amplo espectro que controla a maioria dos fungos de solo, mas não controla o Pythium. Para adicionar o controle de Pythium, este produto deve ser combinado com Metalaxil, que tem espectro estreito, mas com excelente atividade contra Pythium. A combinação dos ingredientes ativos Fludioxinil e Metalaxil é chamada de Maxim XL e é o produto atualmente utilizado pela maioria das companhias produtoras de sementes, inclusive a Pioneer.

Como todos os defensivos, os fungicidas aplicados nas sementes decompõem-se no solo. Aplicados nas taxas recomendadas, esses produtos têm uma boa eficácia contra as doenças de plântulas por um período aproximado entre 10 e 14 dias após o plantio. Quando as condições de solos frios atrasam a germinação e a emergência por três semanas ou mais, nenhum produto disponível no mercado protege completamente essas sementes e plântulas.

O tratamento com inseticida CruiserTM700 WS, oferecido pela Pioneer, não tem nenhuma atividade contra doenças, mas podem contribuir para o controle das doenças de uma maneira indireta por meio da redução do ataque de insetos às raízes e às plantas. O tratamento de sementes com inseticidas reduz as portas de entrada para fungos patogênicos.

Época de plantio

Uma prática óbvia de manejo para minimizar as doenças nas plântulas é a adequada época de plantio. Temperaturas de solo abaixo de 13° C requerem duas semanas ou mais para a germinação e a para emergência do milho, o que ultrapassa os limites de proteção do fungicida. Durante esse tempo no solo, a semente de milho e as plântulas são vulneráveis a vários estresses que enfraquecem a planta e aumentam a probabilidade das doenças de plântulas. Estresses primários incluem absorção excessiva de herbicidas, queima por fertilizantes e ataque de insetos.

Preparação do solo e manejo de resíduos

O solo ideal para prevenir as doenças de plântulas é um solo bem drenado, com boa textura e com pouco resíduo da cultura antecessora na linha de plantio. Como está se trabalhando em ambientes com plantio direto e, muitas vezes, altas quantidades de resíduos ou coberturas vegetais, faz-se necessário manejá-las bem e este processo ocorre com uma boa e antecipada dessecação (ao redor de 30 dias antes do plantio), rolagem das plantas de cobertura no sentido transversal ao plantio, promovendo contato com o solo e favorecendo a decomposição, beneficiando a operação de plantio.

Os problemas de emergência de plântulas de milho têm sido amenizados quando se faz uso de mecanismos como facão tipo guilhotina ou tipo botinha para colocação de fertilizantes durante a operação de plantio. Estes mecanismos, ao romperem a superfície do solo, provocam a movimentação de solo, causando pequena “lavração” na linha de plantio, favorecendo a acomodação da semente no interior do sulco de plantio e do contato do solo com a semente através das rodas compactadoras. Em máquinas onde não se usa o facão para fertilizante, como situações de espaçamento reduzido (devido ao maior número de linhas de plantio e à maior exigência de potência do trator), solos argilosos,etc., têm sido utilizados discos de corte ondulados de onda alta ou onda baixa que, além do corte da palhada, também provoca uma pequena lavração semelhante ao efeito do facão.

Por fim, uma boa rotação de culturas, associado às práticas mencionadas anteriormente, reduzirá consideravelmente a quantidade de inóculo e doenças das plântulas de milho.

Outras práticas de plantio

Quando a semente é plantada sob condições de solos frios, a germinação e a emergência demoram mais. Profundidades excessivas neste momento irão aumentar grandemente o tempo de emergência e o período de vulnerabilidade para o desenvolvimento de doenças. O milho pode ser plantado na profundidade de 3,5 a 4,0 cm sem comprometer o desenvolvimento normal das raízes. Quando a umidade do solo for suficiente e os solos estiverem frios no início da primavera, uma profundidade de plantio de 3,5 a 4,0 cm é, geralmente, apropriada. Em condições de solos secos ou de umidade variável, o plantio em profundidades de 5,0 cm pode ser mais apropriado.

Outra prática de plantio que pode ajudar é a colocação de fertilizantes no mínimo 5,0 cm abaixo e 5,0 cm ao lado da semente para minimizar o impacto na semente. O fechamento adequado da linha de plantio também é um requerimento para um bom contato da semente com o solo e a rápida germinação e emergência.

Qualidade de sementes

Alta qualidade da semente é importante para se prevenir o ataque de patógenos de solo. Sementes de baixa qualidade geralmente contêm rachaduras microscópicas que podem ser portas de entrada para fungos patogênicos e promovem o desenvolvimento de doenças.

Pesquisa Pioneer

A Pioneer está continuamente testando fungicidas novos e já existentes para resolver o desafio crescente das doenças de plântulas. Isso inclui a avaliação de fungicidas comerciais e pré-comerciais para determinar se eles conferem uma clara e consistente vantagem em vários anos, diferentes ambientes e se os mesmos não causam danos às sementes quanto a qualidade e a longevidade. Nos Estados Unidos, a Pioneer também avalia novas coberturas de sementes e polímeros para determinar se estes podem aumentar a plantabilidade e a vida de útil das sementes tratadas. A Pioneer está conduzindo essas avaliações em várias estações de pesquisa.
 
Artigo publicado no portal da Pioneer Sementes em 01.09.2005
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